MARIA ESPERANÇA AZEVEDO / MARE NOSTRUM Fresco sublime de - TopicsExpress



          

MARIA ESPERANÇA AZEVEDO / MARE NOSTRUM Fresco sublime de magistral execução marcada por extraordinária sensibilidade. Pintura-poema épico, canção, fado que canta as infinitas peregrinações passadas e presentes, dum povo andarilho, de gente anónima e simples, de alma inquieta, desassossegada, possuída por um espírito aventureiro e sonhador. A sua valentia e o seu nome não constam nos anais da história, nem nos compêndios escolares, está gravada: nos versos dos poetas, nas canções dos trovadores de todos os tempos, no nosso sangue, nos nossos genes, na memória que chegou até aos nossos dias, nas lágrimas que engrossaram os oceanos. Acabados os dias: de conquistas e reconquistas, de cruzadas, de cavaleiro andante e cavaleiro mercador; forçaram-no a ser: pescador de homens, pescador e povoador de novos mundos, pesquisador de futuros promissores, defensor de um império em decadência. Empurraram-no para os braços desse gigante desconhecido apinhado de abismos e monstros ferozes; o mar. Partiu para os quatro cantos do mundo, com o espírito ensombrado pelo medo do canto da sereia, da dor de quem tenta dobrar o Adamastor, dos perigos narrados nas lendas e mitos antigos, do desconhecido, das emboscadas do irmão guerreiro no meio do capim. Na bagagem carregou: no rosto a tristeza, os braços vazios de abraços, a boca sedenta de beijos, os olhos rasos de água; e num murmúrio sussurrou o que melhor define esse sentimento próprio de quem está longe do aconchego do lar; a palavra saudade. E apesar de ter sido cantado pelo poeta: “Há mar e mar, há ir e voltar”, por infortúnio muitos não conseguiram voltar: uns foram vítimas de corsários, outros foram tragados por essa imensidão de água em revolta; os seus espíritos pairam ainda sobre as águas atentos aos perigos protegem os que se fazem ao mar; alguns pereceram de maleitas e enfermidades desconhecidas, os mais afortunados enraizaram na terra prometida. E o mesmo poeta questionou no seu canto: “Valeu a pena?” E cantou a resposta: “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”. E pela grandiosidade da alma portuguesa o mar foi nosso
Posted on: Thu, 13 Jun 2013 11:12:53 +0000

Trending Topics



Recently Viewed Topics




© 2015