MARRETADAS E MAU EXEMPLO EM REDE NACIONAL DE TV Um jovem comprou material numa loja de construção e foi enrolado pelo estabelecimento. Passaram-se 11 dias e o material não foi entregue, gerando prejuízo para o cliente. A loja é a Dicico, em São Paulo. O jovem é o professor Rodrigo Ciríaco e, segundo ele, após quatro visitas à loja, seu caso não foi resolvido e a Dicico teria atrasado mais uma vez o reembolso prometido. Tendo perdido a paciência, ele foi à loja e gravou com celular seu momento de fúria. Entrou no estabelecimento aos berros e, munido duma marreta, pôs-se a quebrar peças de louça expostas, dizendo que era um vingança e que não mais precisava receber o reembolso que havia pedido. Seguranças se aproximaram e não fizeram nada, exceto chamá-lo para conversar e tomar um café. Aos gritos de “não chega nimim", afastou-se da loja e assim acaba o vídeo, que, postado no Youtube, já foi visto por mais de 1,2 milhão de internautas. O link é . A página do Rodrigo no Face é . Se cada um de nós pegarmos uma marreta e sairmos quebrando coisas nas lojas por vingança contra mau atendimento, aí sim, teremos um problema, o caos. Se a moda pega, daqui a pouco alguém terá ideia de engrossar ainda mais e entrar em loja munido de revólver, dando tiros para o alto, na melhor das hipóteses. E, num caso assim, a segurança terá que agir, também armada. É claro que isso não vai acabar bem, especialmente num momento em que vemos dia sim dia não na TV manifestações em diversas cidades brasileiras que degeneram para quebra-quebra e vandalismo. Pois bem, diante desse quadro, acabo de ver aqui hoje (2013-07-09), no programa Mais Você, a nem sempre inspirada Ana Maria Braga entrevistando o tal professor Rodrigo Ciríaco, mostrando-o como bom moço, ordeiro e pai de família, quase endeusando o rapaz. E mostrou o vídeo, mais de uma vez, em cadeia nacional de TV, na emissora mais famosa do país. Ou seja, quem não tinha internet em casa — que é a grande maioria do povo brasileiro — teve acesso ao péssimo exemplo do consumidor revoltado. Será que ninguém na produção pensou nas consequências que essa exposição de um ato selvagem poderia ter? Ninguém pensou no exemplo nocivo? Qualquer um de nós já teve vontade de arrebentar uma loja inteira, ou tacar fogo numa operadora de celular, ou qualquer outro desses pensamentos primitivos. Mas, epa, somos civilizados. E existe a Lei. É mal aplicada, lenta e temos também a corrupção e o mau governo. Mas é a Lei que temos. Sem ela vira bagunça. Será que é uma boa ideia incitar ainda mais esse nosso povo sofrido — seja pela internet, seja pela TV em rede nacional — a voltar ao tempo das cavernas e resolver as coisas na base da marretada?
Posted on: Tue, 09 Jul 2013 12:25:18 +0000
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