MEU DISCURSO NA HOMENAGEM QUE RECEBI DA ADVOCACIA BAIANA, DE - TopicsExpress



          

MEU DISCURSO NA HOMENAGEM QUE RECEBI DA ADVOCACIA BAIANA, DE AMIGOS E FAMILIARES. Agradeço a Deus por permitir que eu esteja aqui com todos vocês, nesta noite, celebrando o encontro que tive com cada pessoa presente, de forma individual ou coletivamente ao longo da minha vida, e a despeito dos caminhos que trilhamos. Com certeza, temos uma história para contar. Confesso que esta é uma noite muito feliz porque posso confessar aos amigos que eu os amo do jeito que são, na mesma medida em que sei que não passei batida na vida de cada um de vocês. Esta noite posso também afirmar que nos diversos caminhos que percorri, se não obtive 100% de acertos, nas minhas ações, afinal sou humana, errei cada vez menos, em razão de tê-los como meu farol, sempre me aconselhando, orientando, puxando as minhas orelhas, (algumas então!!!!) mas sempre com o firme propósito de me fazerem acertar, sobretudo me dizendo: siga em frente, SEMPRE. Apresentada a advocacia tive o maior prazer em conhecê-la e dela fiz o meu instrumento de trabalho, mas, sobretudo, utilizei-a como instrumento de transformação de vida das pessoas que cruzaram o meu caminho, não só atuando com as ferramentas formais, inerentes ao exercício puro e simples da profissão, mas, entendi que nela eu poderia ir além do véu. E foi com esse olhar que entendi que O advogado do nosso século tem que estar preparado para um direito produzido pelo poder da comunidade e não mais unicamente pelo Estado. Assim, diversas manifestações de desconformidade e impossibilidade muitas vezes da tutela dos interesses de uma coletividade em juízo, vão forçar o Direito a buscar cada vez mais novos paradigmas que reúnam condições para a compreensão da multifacetada realidade de uma sociedade em desenvolvimento, absorvendo e adaptando os seus mecanismos de controle, mediante a flexibilização da norma com o objetivo de melhor se adequar modelos aos diversos padrões de organização social, e que melhor possam controlar, prever e "desarmar" os conflitos intersubjetivos e intergrupais ou seja a necessidade de inclusão destes novos interesses dentro do sistema jurídico. E com esse olhar encontrei inúmeros companheiros de jornada na Ordem dos Advogados do Brasil, que me possibilitaram exercer a advocacia de forma diferente, cuidando do Direito e da sociedade ao mesmo tempo, colocando sempre o primeiro á serviço do segundo. Lutando sempre, para que na defesa das nossas convicções jurídicas e sociais tivéssemos sempre em mira a resistência e persistência para alcançarmos os nossos objetivos, afirmando sempre que não poderemos jamais, ficar indecisos entre a moralidade e a imoralidade; ética e a não ética; entre a liberdade e a prisão. E com esse pensamento fui cada vez mais consolidando o meu ativismo político na ambiência dos movimentos sociais na defesa sempre dos direitos humanos pautada na inclusão dos negros e das mulheres na sociedade brasileira, por entendê-los, segmentos vulneráveis e que careciam da nossa pequena intervenção falada, às vezes escrita, contribuindo assim com a nossa luta. Foi quando quis Deus, que fosse apresentada a mais um seguimento que me fez balançar o cérebro, foram os pescadores, gente muito simples como eu, mas carregados de uma sabedoria ímpar, capazes de falar do tempo, da economia, do direito e tantas outras ciências pautados apenas na leitura das marés e na movimentação dos astros e das embarcações. Foi uma paixão vivenciada a dois, que imaginava unilateral, cuja dimensão só percebi quando nos separamos no dia 19 de julho, através das várias manifestações de solidariedade, inclusive públicas que recebi das marisqueiras, dos pescadores e das caranguejeiras do Estado da Bahia. Amigos da pesca, a nossa aproximação foi definitiva e pra valer, porque a nossa relação foi estabelecida sobre verdades. Fui na direção de vocês, sem medo de errar e disposta a aprender, fui fundo nas comunidades, compartilhei alegrias e dores; experimentei todas as moquecas, recebi muito ômega 3 comendo as deliciosas sardinhas extraídas pelas mãos das minhas companheiras do Lobato; vi a construção de barcos em Camaçari, na itinerância mediei conflitos entre companheiros do MST e Pescadores, mediei o compartilhamento de alimentos de cestas básicas, enfim, aproximei o executivo dos pescadores. Aos companheiros do movimento negro agradeço os ensinamentos diuturnos reforçando cada vez mais o meu sentimento de pertença, revitalizando a cada dia os conceitos de alteridade e diversidade, para que eu pudesse cada vez mais prosseguir lutando contra o racismo, a discriminação e a intolerância religiosa absorvendo de Deus o ensinamento que jamais devemos fazer acepção de pessoas. E assim caminhei por esse Brasil levando a mensagem ao povo brasileiro a fim de que entronizasse que: SER NEGRO NO BRASIL SIGNIFICAVA MAIS QUE UMA CARACTERISTICA FÍSICA ERA TAMBÉM UMA CONDIÇÃO SOCIAL. Por fim, agradeço aos meus familiares, minha mãe, Edson,Jamile, Manú, tia Zizi, tia Marina, Antônia Soares e Sérgio, Dra Célia, os que estão ausentes neste momento por circunstâncias da vida, a todos os meus amigos que saíram de suas casas nesta noite para de forma espontânea me abraçarem nesta genuína e imensa celebração da vida e muito especialmente aos amigos, colegas e irmãos que pensaram este momento inesquecível da minha vida: Durval Ramos, ZuleiK Carvalho; Fernando Moreira, Maurício Góes e Góes e Júlio Ramos. Obrigada DEUS! Obrigada a todos.
Posted on: Sat, 31 Aug 2013 15:13:15 +0000

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