Manifestação na Uece alertou para um maior rigor nas seleções - TopicsExpress



          

Manifestação na Uece alertou para um maior rigor nas seleções a fim de que a população não sofra as consequências Mais uma polêmica envolvendo médicos formados no exterior. Dessa vez, estudantes e professores da Universidade Estadual do Ceará (Uece) denunciam irregularidades no processo de validação dos diploma, apontam falta de transparência e critérios. Profissionais estariam sendo aprovados sem sequer fazer testes práticos ou escritos, sem avaliar a adequação curricular entre os dois países: pelo menos oito diplomas foram revalidados assim. O teste era, conforme edital, optativo. O caso surge em meio às controvérsias da proposta de ´exportação´ de graduados em Cuba. Em protesto, ontem, no Campus da Uece no Itaperi, cerca de 120 alunos e professores se vestiram de preto, levaram caixões e cruzes representando a possível morte de doentes por conta do atendimento de má qualidade e possíveis erros A revalidação na universidade estadual, iniciada em 2011, foi motivo de manifestação ontem no campus da Uece no Itaperi. Cerca de 120 alunos e professores se vestiram de preto, levavam caixões e cruzes representando a possível morte de doentes por conta do atendimento de má qualidade e possíveis erros. O processo foi iniciado, há dois anos, com a publicação da Chamada Pública. No dia 27 de julho de 2011, foram divulgados os resultados dessas inscrições, com 164 inscrições deferidas, 32 inscrições em diligência, para adequação de documentos, e duas inscrições indeferidas de pronto, por motivo administrativo. Ontem, durante reunião do Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão (Cepe), quando esses oito diplomas iriam ser finalmente validados, dezenas de manifestantes adentraram a sessão, pedindo a nulidade do processo. A denúncia maior do grupo era a não realização de provas teóricas e práticas, além da falta de transparência no processo, os ´apadrinhamentos´ políticos e a falta de compatibilidade de currículos. "Os pareceres dados por professores da Comissão de Revalidação exigiam a feitura de prova prática. Mas, candidatos foram aprovados sem fazer nenhuma avaliação. Uma absurdo. A população corre muito risco estando nas mãos desses falsos médicos", afirma estudante que pediu para não se identificar. Ainda segundo o grupo de manifestantes, esse ato foi irresponsável, precipitado. Estudantes e professores não são contra a presença de profissionais formados no exterior, o que eles repudiam é a falta de critérios objetivos. Segundo nota divulgada, ontem, pela Uece, a situação atual das 196 inscrições deferidas plenamente ou sob condição, é a seguinte: sete inscrições arquivadas a pedido do requerente, 25 inscrições arquivadas por perda do prazo para recebimento dos pareceres, 156 inscrições dentro do prazo para se apresentar complementação e as oito inscrições com diploma revalidado. A universidade confirma, na nota oficial, que a Chamada Pública já previa que a prova fosse em caráter opcional. A reitoria da viu-se diante da questão: a logística de prova, nestas condições, alongaria o processo e teria que providenciar prova diferente, distribuída ao longo de vários meses, para cada revalidando. Rigor "Um processo formal como este, de revalidação nacional de diploma de médico obtido no exterior, com Chamada Pública e acompanhamento rigoroso do Conselho de Classe, de Juízes, do Ministério Público, de parlamentares, dos professores e alunos do nosso curso, não poderia ficar suspenso no ar. Mais dia, menos dia, as primeiras revalidações seriam publicadas. O nosso processo de revalidação é acadêmica, técnica e legalmente correto", diz, em comunidade oficial. Para Neile Torres, coordenadora do núcleo de educação medica e da subcomissão do Revalida na Universidade Federal do Ceará (UFC), todo processo de revalidação deve ser feito com transparência, com provas práticas e teóricas, conforme exigência do Ministério da Educação. "São muitas etapas aqui na UFC. Temos duas provas teóricas e uma prática com 10 etapas de conhecimentos diferentes. Isso tudo para termos segurança da qualidade desse profissional", explica Neile. Pelo grande rigor do Revalida, apenas 8% foram aprovados no país todo. Dos 884 inscritos, só 77 passaram. Certificado de estrangeiro já foi rejeitado pelo Cremec Preocupado com a permanência de más profissionais (estrangeiros ou não no Ceará), o Conselho Regional de Medicina do Ceará (Cremec) segue atento aos processos de revalidação, diz o secretário-geral da entidade, médico e professor Dalgimar Bezerra de Menezes. Ele disse estar informado sobre as questões da Uece e que, inclusive, um caso já chegou ao Conselho. "Uma dessas revalidações de médicos formados no exterior já chegou aqui no Cremec. E por falta de atendimento aos nossos critérios, tivemos que devolver os processos e não demos o reconhecimento do diploma", diz. Todas as revalidações deveriam, segundo ele, passar pelo Revalida Nacional do Ministério da Educação (MEC). "Tudo tem que ser bem analisado. Para se trabalhar no País tem que fazer uma análise da equivalência de cadeiras, equiparação dos currículos. Se não houver total equiparidade, a pessoa tem que completar o curso. Deve haver também uma prova de proficiência da língua portuguesa", relata. Estímulo Para o presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará (Simec), doutor José Maria Ponte, todo esse debate em torno da vinda ou não de profissionais formados no exterior deveria servir também para uma maior valorização do médico nacional, formado no País e atuante aqui. "De toda essa polêmica, o que temos que atentar é para a melhoria das condições de trabalho, seja para quem for. A questão não é só estimular, por exemplo, a ida do profissional para o Interior, mas sim interiorizar a saúde pública, dar mais garantia de trabalho, onde for", afirma. José Maria ainda questiona: para que ´importar´ outros médicos se temos, segundo ele, tantos por aqui desempregados? O médico brasileiro que quiser trabalhar em outro país deve ser aprovado em rigorosos exames, afirma. Por que os médicos formados em Cuba devem ser dispensados do Revalida, em desrespeito às nossas normas oficiais? "Não sou xenofóbico, conheço Cuba e tenho respeito pelo seu povo, mas não posso ser injusto com os nossos nem irresponsável com a nossa população", diz. Agosto Há previsão que uma nova seleção do Revalida aconteça já em agosto. Essa avaliação nacional será feita a partir da matriz de correspondência curricular, documento tendo como referência as diretrizes curriculares dos cursos de medicina brasileiros. IVNA GIRÃO REPÓRTER
Posted on: Wed, 05 Jun 2013 19:29:27 +0000

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