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Manifestações(Colaborando Informador).- [Parte III ] O Chile e Camile Vallejo nas Manifestações. (Artigos em série em exposição para sua mais ampla análise): De Carta Maior 09)Segue a repressão no Chile(20/10/2011) Internacional| 20/10/2011 | Copyleft Segue a repressão no Chile No começo, festa, cartazes coloridos alusivos ao movimento estudantil, cantos, bailes, batucadas e até alguns corpos pintados saíram às ruas para protestar, mais uma vez, contra os abusos. As duas marchas de ontem ecoaram outra vez o sentimento popular e encheram de danças e cores a capital do Chile. Mas o carnaval terminou, outra vez, em duros enfrentamentos com a polícia. Christian Palma - Correspondente da Carta Maior em Santiago A jornada foi similar ao que aconteceu nas últimas marchas pela educação no Chile: festa no começo e caos no final. Some-se a isso a escassa capacidade de diálogo e de condução do governo, ameaças e repressão. Assim foram os dias de paralisação e marchas convocadas pelos estudantes e trabalhadores chilenos. No começo, festa, cartazes coloridos alusivos ao movimento estudantil, cantos, bailes, batucadas e até alguns corpos pintados saíram às ruas para protestar, mais uma vez, contra os abusos. As duas marchas de ontem ecoaram outra vez o sentimento popular e encheram de danças e cores a capital do Chile. Mas o carnaval terminou, outra vez, em duros enfrentamentos com a polícia. A luta se repetiu entre jovens encapuzados – os mesmos que acendem fogueiras – os carabineiros que os reprimiram sem hesitação. A última jornada não foi exceção. Detidos, destroços, carros queimados e feridos se repetiram em Santiago, por mais que, na quarta, o governo tenha invocado a Lei de Segurança do Estado porque um ônibus foi queimado por encapuzados. Nada deteve a raiva e o descontentamento dos jovens. Neste cenário, Camilo Ballesteros, dirigente da Universidade de Santiago, culpou o governo pela violência nas ruas, por não ter isso capaz de solucionar os problemas de fundo da educação. “Se seguirmos tapando os olhos e dizendo que a violência é gerada de forma espontânea, se não somos capazes de entender que há um problema que dá origem a ela, esses fatos seguirão ocorrendo. A medida que entendamos qual é o problema de fundo e o solucionarmos, a violência vai acabar”, sustentou o dirigente. “Existe um mal estar da população devido a que, em todos esses meses de mobilizações estudantis, a autoridade não foi capaz de atender suas demandas”, acrescentou Ballesteros. Por sua parte, o presidente da prestigiosa consultora Adimark, Roberto Méndez, disse que a efervescência social dos indignados é um movimento que “não se via desde os anos sessenta”. Ele observou que, no Chile, existem níveis sem precedentes de mobilizações, sendo que é a classe média que está saindo às ruas para se manifestar. Esta situação, acrescentou, envolve um paradoxo, pois o consumo cresceu e o índice de risco do Chile é inferior ao da França hoje, além de haver boas expectativas internacionais a respeito do desenvolvimento do país. “O paradoxo é que, apesar dessa realidade, a cidadania está indignada”, assinalou. Segundo dados oficiais, as manifestações aumentaram de 1.500, em 2009, para 5.658 até setembro deste ano. Por sua parte, a presidenta da Federação da Universidade do Chile, Camila Vallejo, que regressou terça ao país após um périplo pela Europa, onde explicitou – em organismos internacionais – as demandas estudantis, sustentou durante o ato central que fechou as marchas de ontem que “o governo é cego; temos todo o apoio do mundo e de nossos compatriotas e ele nos fechou as portas. Agora que regressamos de Paris nos demos conta que o que estamos pedindo não é utópico, nossas demandas se replicaram no resto do mundo. Organizações internacionais disseram que o Estado chileno tem muitas tarefas em matéria educacional”. Por outro lado, o ministro secretário geral de governo, Andrés Chadwick, assinalou que “às vezes o movimento estudantil é difícil de ficar satisfeito com algo. Sempre estão pedindo tudo ou sempre estão pedindo mais do que o país pode”, insistiu. Comentando a viagem dos dirigentes estudantis a Europa, afirmou que “os países que eles visitaram têm três, quatro, cinco vezes mais renda per capita que o Chile, e são países desenvolvidos há muitos anos; além disso, estão em uma crise gigantesca em virtude do déficit fiscal causado pelo mau uso dos recursos”. Sobre os episódios de violência, disse que “vamos terminar com essa festa onde, duas vezes por mês, um grupo de vândalos torna-se dono da cidade para gerar violência”. A título de balanço, Camila Vallejo qualificou as marchas como “maravilhosas, já que após cinco meses mantém seu nível de trabalho e convicção”, reunindo cerca de 200 mil pessoas. Para o governo, foram só 25 mil as pessoas que participaram das marchas desta semana. O certo é que houve 110 detidos durante a jornada e 27 carabineiros feridos. A cerca de cem quilômetros de Santiago, na cidade portuária de Valparaíso, sede do poder legislativo chileno, também houve marchas e conflitos. Mas, sem dúvida, o maior conflito ocorreu no próprio Congresso da República. Houve uma forte polêmica na Câmara de Deputados após a ação de forças especiais dos carabineiros contra um grupo de estudantes que protestavam contra o ministro do Interior e Segurança Pública, Rodrigo Hinzpeter. O questionado ministro participava justamente de uma sessão onde se analisavam algumas medidas para assegurar o direito às liberdades de reunião e de expressão no país, quando um grupo de jovens começou a gritar contra ele desde as tribunas. Carabineiros interviram para retirar os manifestantes, entre tapas e empurrões. Vários parlamentares trataram de intervir para acalmar o incidente, mas não tiveram sucesso. Cinco dos participantes do protesto foram detidos pela polícia. “Aqui e em todo o país há um descontrole dos carabineiros”, sustentaram os parlamentares de oposição. Nesta quinta-feira, os deputados da Concertação apresentaram uma censura à mesa da Câmara de Deputados devido ao que qualificaram como “uso excessivo da violência” contra os manifestantes. Para o deputado socialista Carlos Montes, “nunca antes, após o retorno da democracia, efetivos das forças especiais tinham agido dessa maneira no Congresso”. O presidente da Câmara de Deputados, Patricio Melero, membro do partido de direita (UDI), justificou a ação das forças especiais e insistiu que a decisão de como a força pública deve atuar “é exclusiva dos carabineiros”. “Hoje vivemos uma situação lamentável. Cada vez há mais grupos nas tribunas que impedem o funcionamento normal e democrático do trabalho parlamentar, começando com fatos de violência, gerando insultos e situações que obrigam a desocupação da sala”, afirmou. Assim estão os ânimos no Chile: quentes. E não há previsão de que eles esfriem se o governo não escutar o que o povo está demandando. Tradução: Katarina Peixoto //////////////////////////////////////////////////// 0)Governo chileno invoca lei de segurança do Estado contra protestos (19/10/2011) Quinta-Feira, 25 de Julho de 2013 Internacional| 19/10/2011 | Copyleft Governo chileno invoca lei de segurança do Estado contra protestos Santiago viveu novos protestos contra o governo de Sebastian Piñera e em defesa de uma educação gratuita e de qualidade. Governo explora ação de jovens encapuzados que enfrentaram a polícia e colocaram fogo em um ônibus para tentar atingir credibilidade do movimento estudantil. Ministro do Interior invoca Lei de Segurança do Estado para punir manifestantes. Movimento estudantil suspeita da ação de policiais infiltrados. Christian Palma - Correspondente da Carta Maior em Santiago do Chile Santiago viveu uma nova manhã incandescente, terça-feira (19), na primeira das duas jornadas de mobilizações convocadas pelo movimento estudantil e pelos trabalhadores para exigir uma educação gratuita e de qualidade. Desde cedo, diversos grupos de jovens encapuzados saíram às ruas erguendo barricadas e acendendo fogueiras em onze pontos da capital chilena, em protesto contra o modelo educacional e o modelo político-econômico vigente no país. O fogo foi alimentado com pneus, placas de trânsito e lixo nas esquinas próximas às universidades e escolas públicas. Mas o fato mais quente ocorreu perto das 8 horas na Avenida Grécia, perto da sede da Universidade do Chile e a duas quadras do Estádio Nacional, onde um grupo de 20 jovens fez os passageiros descerem de um ônibus para, logo em seguida, colocar fogo no veículo de 22 metros de comprimento. Os carabineiros finalmente entraram na Faculdade de Filosofia da principal universidade do país. Em outra região, na zona periférica de Maipú, outro grupo incendiou uma casa piloto de um conjunto habitacional, evidenciando dois aspectos que preocupam a luta estudantil: o temor de alguns setores da população pela escalada de violência urbana envolvendo jovens encapuzados e a política, e o aproveitamento midiático que o governo de Sebastian Piñera faz disso para tentar deslegitimar as demandas do movimento estudantil. A imprensa, majoritariamente de direita no chile, destacou as fotografias de carabineiros lesionados, ônibus queimados e barricadas de fogo, deixando de lado o tema de fundo das demandas estudantis. O discurso oficial é: “o movimento foi sequestrado pelos grupos mais radicalizados”. No entanto, há dúvidas. A primeira diz respeito às suspeitas levantadas após reportagens de televisão que mostraram carabineiros infiltrados entre civis nas marchas anteriores. No movimento estudantil, duvida-se que a origem de alguns episódios de violência venha exclusivamente de seu setor, sobretudo após um ataque de encapuzados à sede da UDI, o partido de ultra-direita mais forte do governo. Mas junto a isso há algo indesmentível e inevitável nos movimentos sociais latino-americanos: jovens que reagem com violência ao Estado em função da marginalização, não só em relação às demandas educacionais, mas pelo cansaço por outros abusos do mercado na saúde, na previdência social e por parte dos bancos, entre outras questões. Para Carlos Cruz, psiquiatra da Universidade Andrés Bello, o que se esconde por trás do fenômeno da violência dos encapuzados é “uma grande frustração com a vida em geral e com o que o Estado e o governo representam: abandono e/ou agressão. Também é possível que não tenham aprendido a maneira de resolver situações complexas com diálogo, mas sim com violência, e é justamente o que observamos nessas condutas”. Neste cenário, o governo de Piñera se aproveitou para aumentar o controle social. Os partidos governistas (Renovação Nacional e UDI) exigem a tramitação urgente de um projeto de lei no Congresso para punir duramente os jovens encapuzados que estão nas ruas. De fato, o próprio ministro do Interior, Rodrigo Hinzpeter, anunciou que invocará a Lei de Segurança do Estado pelo ataque ao ônibus que foi incendiado. “Hoje vimos fatos que não gostaríamos nunca de ter presenciado. Demasiada violência, demasiada destruição sem sentido, demasiada agressividade irracional, demasiado ódio”, assinalou. Por outro lado, parlamentares do Partido Socialista criticaram o governo e assinalaram que ele segue errando o caminho após anunciar que aplicará a Lei de Segurança do Estado pelo ataque incendiário contra o ônibus. O deputado Alfonso de Urresti afirmou: “rechaçamos absolutamente a decisão do ministro do Interior. Nos parece inadmissível, além de improcedente e extemporâneo”. “Esperamos que o governo mude sua postura, porque não resta dúvida que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos pedirá explicações ao Estado chileno pelas violações cometidas neste último período”. Desde a Europa, a líder universitária Camila Vallejo, que está explicando o caráter da mobilização estudantil chilena a entidades do velho continente, afirmou que o movimento estudantil do Chile não é parte dos indignados. “Não se trata de um movimento espontâneo, mas sim de um longo processo baseado em uma análise profunda da injustiça existente no Chile”. Ela assegurou que “já foi superada a etapa do descontentamento”. “Agora é preciso olhar em frente e construir uma alternativa para o país”. Sobre o futuro do movimento, a estudante de Geografia reconheceu que “após cinco meses de mobilização, é preciso pensar como avançar de forma tática para que o movimento prossiga. O diálogo com o governo está rompido. Querem passar as reformas das bolsas estudantis no Parlamento e nos excluíram dessa discussão”. Mais uma vez no Chile, surpreende o uso que o Palácio La Moneda faz da violência para sustentar a tese dos radicalizados que teriam “tomado conta” do movimento estudantil, em uma jogada que também aproveita a viagem dos dirigentes estudantis para a Europa. Deputados de oposição fizeram advertências sobre isso. O deputado do Partido pela Democracia, Felipe Harboe, disse que as autoridades do governo “devem fazer menos ameaças pela imprensa e atuar de modo mais concentrado, particularmente contra os delinquentes que queimam ônibus e fazem saques que não têm nada a ver com as manifestações estudantis”. Segundo Harboe, a manhã de fúria em Santiago, “empana o natural e bom sentido que tem o movimento estudantil e está servindo de justificação para aqueles que querem atingir a credibilidade do movimento”. Para esta quarta-feira, espera-se uma nova jornada de enfrentamentos, pois estão programadas marchas simultâneas em Santiago que pretendem convergir para a frente do Ministério da Educação. Na noite de terça, um novo panelaço contra o governo foi ouvido com força em Santiago. Tradução: Katarina Peixoto Fotos: Um manifestante enfrenta a polícia durante os choques em Santiago. (Página/12/EFE) /////////////////////////////////////////////// 10.1)Gobierno invoca la ley de seguridad del Estado(19/10/2011) Internacional| 19/10/2011 | Copyleft Gobierno invoca la ley de seguridad del Estado La prensa mayoritariamente de derecha en Chile ha puesto al acento en las fotografías de carabineros lesionados, buses quemados y barricadas de fuego, dejando de lado el tema de fondo de las demandas estudiantiles. “El movimiento ha sido secuestrado por los grupos más radicalizados, es el discurso oficial. El ministro del Interior, Rodrigo Hinzpeter, anunció ayer que invocará la Ley de Seguridad del Estado por el ataque al bus incendiado. Christian Palma - Desde Santiago de Chile Una nueva mañana al rojo vivo se vivió en Santiago en la primera de dos jornadas de movilizaciones convocadas por el movimiento estudiantil y los trabajadores para exigir una educación gratuita y de calidad. Desde temprano, diversos grupos de jóvenes con la cara cubierta (encapuchados), salieron a las calles a encender barricadas en once puntos de la capital chilena en protesta por el modelo educacional y el descontento generalizado a causa del modelo económico y político imperante en Chile. Así fueron ardiendo neumáticos, letreros de tránsito y basuras en las esquinas cercanas a las Universidades y escuelas públicas. Pero el hecho más caliente se produjo cerca de las 8 horas en la Avenida Grecia, cercana a una sede de la Universidad de Chile y a sólo cuadras del Estadio Nacional de fútbol, donde un grupo de 20 jóvenes hizo salir a los pasajeros de un bus colectivo para posteriormente incendiar la máquina de 22 metros de longitud. Carabineros finalmente entró a la facultad de filosofía de la principal universidad del país. En otra comuna, la periférica zona de Maipú, otro grupo incendió una casa piloto de un conjunto habitacional, desatando dos aspectos inherentes a la lucha estudiantil: el temor de algunos sectores de la población por la escalada de violencia urbana que enfrenta a jóvenes encapuchados con la policía y el aprovechamiento mediático que utiliza el gobierno de Derecha de Sebastián Píñera para deslegitimar las demandas del movimiento estudiantil. Efectivamente, la prensa mayoritariamente de derecha en Chile ha puesto al acento en las fotografías de carabineros lesionados, buses quemados y barricadas de fuego, dejando de lado el tema de fondo de las demandas estudiantiles. “El movimiento ha sido secuestrado por los grupos más radicalizados, es el discurso oficial. Sin embargo hay dudas. Lo primero son las sospechas que se han despertado luego de los reportajes en televisión que mostraron Carabineros infiltrados entre los civiles durante las anteriores marchas anteriores. En el movimiento estudiantil dudan de que la procedencia de algunos hechos violentos vengan exclusivamente se su sector, sobre todo luego de un ataque de encapuchados a la sede de la UDI, el partido de ultra derecha más fuerte del gobierno. Pero junto a ello hay algo indesmentible e inevitable en los movimientos sociales latinoamericanos: Jóvenes que reaccionan con violencia frente al Estado debido a la marginalización no sólo por las demandas de mejor educación, sino que por el cansancio de gran parte de la ciudadanía por otros abusos del mercado en salud, la previsión social y de los bancos, entre otras. A juicio de Carlos Cruz, psiquiatra de la Universidad Andrés Bello, lo que se esconde detrás del fenómeno de la violencia encapuchada es “una gran frustración con la vida en general y con lo que el Estado y el gobierno representan: abandono y/o agresión. También es posible que no hayan aprendido la manera de resolver situaciones complejas con diálogo, sino con violencia y es lo que justamente observamos en esas conductas”. En ese escenario, El gobierno de Piñera se ha aprovechado para aumentar el control social. Los partidos oficialistas de Renovación Nacional y la UDI exigen la tramitación urgente de un proyecto de ley en el Congreso para sancionar duramente a los encapuchados que comenten desmanes en las calles. De hecho, ayer el propio ministro del Interior, Rodrigo Hinzpeter, anunció ayer que invocará la Ley de Seguridad del Estado por el ataque al bus incendiado. “Hoy hemos visto hechos que no hubiéramos querido nunca tener que presenciar. Demasiada violencia, demasiada destrucción sin sentido, demasiada agresividad irracional, demasiado odio”, señaló. Desde la otra vereda, parlamentarios del Partido Socialista criticaron al gobierno y señalaron que sigue equivocando el camino tras anunciar que aplicará la Ley de Seguridad del Estado por el ataque incendiario en contra del bus. El diputado Alfonso de Urresti, planteó que "rechazamos absolutamente la decisión del ministro del Interior. Nos parece inadmisible además de improcedente y extemporáneo”. “Esperamos que el Gobierno cambie su postura, porque no me cabe duda que la Comisión Interamericana de derechos Humanos le pedirá explicaciones al Estado de Chile por las violaciones cometidas en este último tiempo”. Desde Europa, la líder universitaria, Camila Vallejo, quien está explicando el carácter de la movilización a entidades del viejo continente, afirmó que el movimiento estudiantil chileno “no es parte de los indignados. No es un movimiento espontáneo, sino un proceso largo basado en un análisis profundo de de la injusticia que hay en Chile”. Y aseguró que “ya se pasó a la etapa del descontento. Ahora hay que mirar enfrente y construir una alternativa para el país”. Sobre el futuro del movimiento, la estudiante de Geografía reconoció que “tras 5 meses de movilización, hay que pensar en cómo avanzar de forma táctica para que siga. Hoy está roto el diálogo con el Gobierno. Quieren pasar las reformas de las de becas estudiantiles al Parlamento y nos excluyen de la discusión”. Otra vez en Chile, sorprende el uso que La Moneda le ha dado a la violencia para sostener su tesis de los radicalizados que se “tomaron” el movimiento, en una jugada que también aprovecha la estadía de los dirigentes estudiantiles en Europa. Esto es advertido por los legisladores de oposición. El diputado del Partido Por la Democracia, Felipe Harboe, afirma que las autoridades de gobierno “deben amenazar menos por la prensa y actuar más focalizadamente, particularmente contra los delincuentes que queman buses y hacen saqueos que no tienen nada que ver con las manifestaciones estudiantiles”. Según Harboe, la mañana de furia en Santiago “empaña el natural y buen sentido que tiene el movimiento estudiantil y están sirviendo de justificación a aquellos que quieren afectar la credibilidad del movimiento”. Para hoy se espera una nueva jornada de enfrentamientos, pues se realizarán dos marchas simultáneas en Santiago que pretenden converger en el frontis del Ministerio de Educación. Anoche un nuevo “caceroleo” en protesta contra el gobierno se dejó sentir con fuerza en Santiago. /////////////////////////////////////////////// De Carta Maior 11)Chile: mais de 87% votam por educação gratuita e de qualidade(13/10/2011) Internacional| 13/10/2011 | Copyleft Chile: mais de 87% votam por educação gratuita e de qualidade Cerca de 87% dos votantes no referendo educacional votaram pelo “sim” nas quatro perguntas formuladas no sufrágio, que consultaram a população sobre se ela estava de acordo com um ensino público gratuito e de qualidade, sobre o fim do lucro na educação, o retorno da educação para as mãos do Estado e a incorporação do plebiscito vinculante como mecanismo para resolver problemas de caráter nacional. A reportagem é de Christian Palma. Christian Palma - Correspondente da Carta Maior em Santiago do Chile Mesmo com o governo afirmando que o plebiscito cidadão pela educação não tinha validade, os chilenos participaram em massa da consulta. Na noite de quarta-feira, foi anunciado o resultado: 87% dos votantes no referendo educacional votaram pelo “sim” nas quatro perguntas formuladas no sufrágio, que consultavam a população sobre ela estava de acordo com um ensino público gratuito e de qualidade e se estavam a favor da desmunicipalização da educação secundária pública, ou seja, de seu retorno às mãos do governo federal. As outras perguntas eram sobre a eliminação do lucro na educação e sobre a necessidade de incorporar o plebiscito vinculante como mecanismo para resolver problemas de caráter nacional. Após anunciar o resultado do plebiscito, o presidente do Colégio dos Professores, Jaime Gajardo, detalhou que 1.027.569,00 pessoas votaram nas mesas e outros 394.873 o fizeram pela internet, enquanto que 30 mil foram desconsiderados por serem votos repetidos. “Quanto às porcentagens, 87,15% votaram pelo Sim e 11,2% pelo Não”, precisou Gajardo, que destacou a participação na Região Metropolitana, onde votaram 530.811 pessoas; Puerto Montt, com 60.165 votantes; Valparaíso, 101.138; Concepción, 115.080 votos; Iquique, 15.384 e Magallanes, 6.298 pessoas. O dirigente acrescentou que, agora, todas as atas serão reunidas, região por região, e serão organizadas no Colégio de Professores para quem quiser ver e consultar os resultados. “Foi feito um trabalho profissional de primeiro nível. Segundo os especialistas, se há algum erro ele é marginal, não mais do que 2%. O importante foi a quantidade de pessoas que participou e a tendência majoritária, contundente, inclinada e muito precisa, dizendo Sim a que haja no país uma educação gratuita; queremos que a educação não sirva para gerar lucros; queremos que haja um plebiscito vinculante para resolver esses grandes temas”, defendeu Gajardo. Neste cenário, o Colégio de Professores e os estudantes confirmaram uma nova mobilização nacional para os próximos dias 18 e 19 de outubro, na qual se pretende marchar desde quatro pontos distintos de Santiago até a Praça Itália, lugar tradicional de manifestações na capital chilena. O governo chileno afirmou que não autorizará novas marchas, em uma clara tentativa de relacionar as manifestações com os fatos de violência protagonizados por jovens encapuzados que não estão relacionados diretamente com o movimento estudantil. Seja como for, os estudantes chilenos já disseram que não ficarão de braços cruzados. Neste cenário, a porta-voz da Confederação de Estudantes do Chile (Confech), Camila Vallejo, assinalou que a jornada de 18 de outubro será preparatória para a grande marcha do dia 19. Começará às 11 horas da manhã quando uma delegação irá ao Palácio La Moneda para entregar os resultados oficiais do plebiscito. Neste mesmo dia, às 21 horas, haverá um novo panelaço e ocorrerão assembleias locais em todo o país para seguir lutando por uma melhor educação. No dia 19, a marcha deve iniciar às 10 horas da manhã, a partir de quatro pontos distintos da Região Metropolitana. “Conversaremos outra vez com a Prefeitura e pediremos que não tentem esconder o movimento”, disse Camila Vallejo. A dirigente estudantil, avaliada como uma das três figuras políticas com mais futuro no país, respondeu ao ministro do Interior, Rodrigo Hinzpeter, que chamou os parlamentares para aprovar o projeto de lei denominado “anti-ocupações” – que pretende penalizar as ocupações de colégios e universidades – dizendo que “não aceitaremos que nosso país seja governado por saqueadores, nem que as ruas sejam tomadas por eles”. A resposta de Camila foi curta e grossa: “os saqueadores já estão governando o país”. “O ministro (Hinzpeter) está equivocado porque os grandes saqueadores estão governando o país, são os mais ricos. Precisamos que os verdadeiros saqueadores paguem a educação para os mais pobres”. Ela acrescentou que “o movimento estudantil está em sua plena primavera”, reafirmando o chamado à manutenção da mobilização. “Este movimento segue vivo e com força, segue sendo capaz de mobilizar-se e manter-se firme neste processo, porque nada foi solucionado. O governo não colocou nenhuma solução sobre a mesa, mas somente mais do mesmo, mais modelo mercantil na educação, com mais recursos, mas aprofundando o modelo que segmenta e segrega”, acrescentou Camila Vallejo. Tradução: Katarina Peixoto Fotos: colegiodeprofesores.cl ///////////////////////////////////////////////// De Carta Maior 12)Forte repressão no Chile. Nova greve geral é convocada (07/10/2011) Internacional| 07/10/2011 | Copyleft Forte repressão no Chile. Nova greve geral é convocada A quinta-feira terminou com números panelaços em protesto contra a nova jornada de repressão que fez lembrar os piores momentos da ditadura de Pinochet. Enquanto isso, outra vez, as barricadas acendiam no meio da noite, dando conta de um movimento que vai mais além da mobilização dos estudantes e que envolve toda uma sociedade que reclama mudanças em modelo que está fazendo água não só no Chile, mas no mundo inteiro. Contra a repressão, estudantes e trabalhadores convocam nova greve geral para o dia 19 de outubro. A reportagem é de Christian Palma, direto de Santiago. Christian Palma – Direto de Santiago (@chripalma) A pesar de não terem sido autorizados pela prefeitura para marchar pela capital chilena, os estudantes se reuniram assim mesmo, quinta-feira, na Praça Itália, tradicional ponto de encontro nestes cinco meses de ocupações e greves, para iniciar uma nova caminhada denunciando a intransigência do governo de Sebastian Piñera, sobretudo na última reunião entre ambas as partes, que culminou com a saída dos estudantes da mesa de diálogo, após o Ministério da Educação reafirmar que a educação no Chile não pode ser grátis. A líder universitária, Camila Vallejo, junto com um grupo de dirigentes e estudantes, encabeçava a marcha portando um lenço com a frase “Unidos com + força”. No entanto, poucos minutos após o início da marcha, os manifestantes foram reprimidos por um carro com jatos d’água, dos carabineiros, que acabou com a manifestação que estava apenas começando. Esse fato deu início a duros enfrentamentos entre estudantes e carabineiros em diferentes pontos de Santiago, sobretudo em frente à Universidade Católica, à Universidade do Chile, ao Instituto Nacional (colégio secundário mais importante do Chile) e nas cercanias do Palácio de La Moneda, em pleno centro de Santiago, onde um grupo de jovens com o rosto coberto (encapuzados) instalaram barricadas na principal avenida da capital, a Alameda, provocando a aparição imediata da polícia que os esperava para entrar em ação. E fez isso com força. A polícia reprimiu a todos por igual, aos que faziam desordens, aos estudantes inocentes e as pessoas comuns que passavam pelo lugar naquele momento. Foram cinco horas de luta contínua que deixou 150 detidos e vários feridos, entre civis e policiais. A ruptura da mesa de diálogo pela educação, que não apresentou nenhum avanço na direção de uma educação gratuita e de qualidade, segue unificando os jovens que ontem também rechaçaram a repressão aplicada pelo governo contra os manifestantes. Neste cenário, a Confederação de Estudantes do Chile (Confech), representada pelos porta-vozes Camila Vallejo e Camilo Ballesteros, juntamente com o presidente da Central Unitária dos Trabalhadores (CUT), Arturo Martínez, e o presidente do Colégio de Professores, Jaime Gajardo, anunciaram que continuarão com as mobilizações e convocarão uma nova greve nacional para o dia 19 de outubro. “Resolvemos convocar para a próxima semana a todas as organizações sociais, culturais, sindicais, ecologistas e profissionais para uma mobilização. Convocamos a todas as organizações que estão contra a repressão”, disse Martínez. A respeito do balanço sobre a jornada de quinta-feira, a totalidade dos dirigentes que convocaram a greve geral nacional coincidiram em classificar a ação do governo como uma das mais violentas e repressivas até agora. “Lamentamos novamente como o governo decidiu enfrentar o movimento. A prefeitura deu-lhes liberdade absoluta para reprimir, para evitar reuniões nos espaços públicos e essas coisas são inaceitáveis, porque violam uma liberdade constitucional, assinalou Camila Vallejo. Do outro lado, a prefeita de Santiago, Cecília Perez, qualificou os dirigentes do movimento como “responsáveis pelos desmandes”. Nesta linha, Camila Vallejo respondeu que a “Prefeitura não só deu à polícia, conscientemente, absoluta liberdade para reprimir e não permitir que a manifestação avançasse pela Alameda, como também para impedir que as pessoas se reunissem nos espaços públicos”. A dirigente estudantil chamou a todos os chilenos “para apoiar o movimento e para manifestar repúdio a essa repressão”. Na noite de quinta, na televisão, o ministro do Interior, Rodrigo Hinzpeter, defendeu o Projeto de Lei denominado “antitomas”, firmado pelo presidente Sebastian Piñera no domingo passado, que estabelece sanções para aqueles que tomem de forma violenta edifícios públicos e privados, ou que participem de saques e desordens públicas. “Estamos seguros que representamos a grande maioria dos chilenos e chilenas. Aqueles que saqueiam com força e violência um pequeno armazém, uma escola, um hospital, uma igreja, estão cometendo um delito”, afirmou. A quinta-feira terminou com números panelaços em protesto contra a nova jornada de repressão que fez lembrar os piores momentos da ditadura de Pinochet. Enquanto isso, outra vez, as barricadas acendiam no meio da noite, dando conta de um movimento que vai mais além da mobilização dos estudantes e que envolve toda uma sociedade que reclama mudanças em modelo que está fazendo água não só no Chile, mas no mundo inteiro. Tradução: Katarina Peixoto //////////////////////////////////////////////// De Carta Maior 13)Chile: estudantes deixam mesa de negociação e voltam às ruas(06/10/2011) Internacional| 06/10/2011 | Copyleft Chile: estudantes deixam mesa de negociação e voltam às ruas No dia do 23° aniversário da vitória do "não" no plebiscitou que derrotou a ditadura do general Augusto Pinochet, estudantes secundaristas e universitários deixam mesa de negociação afirmando que o governo não quer negociar nada, especialmente sobre o tema da gratuidade do ensino no país. No mesmo dia, oposição chilena reunida na Concertação apresenta documento propondo "nova maioria social e política" no Chile. Nesta quinta, cerca de 100 mil estudantes saíram às ruas defendendo mudanças no sistema educacional do país. A reportagem é de Christian Palma, direto de Santiago. Christian Palma - Correspondente da Carta Maior em Santiago do Chile Era um dia histórico para o Chile. No entanto, a alegria não chegou para os estudantes que participaram na quarta-feira da segunda reunião da chamada mesa de diálogo pela educação entre o governo e os líderes do movimento. Paradoxalmente, o conceito de alegria era justamente o ponto central do slogan criado pela Concertação de Partidos pelo "Não" (atual Concertação opositora que conta com os partidos Socialista, Radical, PPD e Democracia Cristã), na campanha publicitária que pedia o voto contra a permanência de Augusto Pinochet no poder. No dia 5 de outubro de 1988 a opção “não” venceu, o que impediu que o ditador seguisse no governo até 1997. Nesse marco, os estudantes secundaristas e universitários se retiraram da mesa de diálogo, após o governo de direita de Sebastian Piñera reafirmar que não é possível a educação gratuita no país. A decisão foi anunciada depois que os “pinguins” (secundaristas) e os representantes da Confederação de Estudantes do Chile (Confech) e do Colégio de Professores se reunirem por mais de três horas com o ministro da Educação, Felipe Bulnes, e membros de seu gabinete. Na primeira reunião, realizada dia 29 de setembro, já houve tensão pois o Ministério exigia o término das ocupações nas escolas e a volta às aulas para seguir as negociações. Na chegada dos dirigentes estudantis para a segunda reunião, eles manifestaram a falta de vontade do governo para buscar uma solução para o tema da educação, produto das declarações realizadas no domingo anterior por Sebastian Piñera sobre a impossibilidade de uma educação gratuita, e a assinatura do projeto que cria os delitos de saques e ocupações, entre outros, e endurece as sanções contra quem perturbe a ordem pública durante marchas e manifestações. Um ataque à principal arma de pressão dos estudantes. Ao término da reunião, em meio às manifestações de estudantes em frente ao Ministério, o porta-voz dos estudantes, Alfredo Vielma, assinalou que “não vimos nenhuma disposição do governo para dialogar. Nós tratamos de apresentar as disjuntivas com a proposta do governo e o governo disse, bem, nós sempre tivemos vontade de conversar, mas não podemos retê-los aqui”. Neste cenário, “nós, estudantes secundários, decidimos romper a mesa de diálogo porque consideramos que o governo se mostrou intransigente com sua postura”, acrescentou Vielma. Mais gtarde, Camila Vallejo, líder da Confech e da Universidade do Chile, somou-se à decisão dos “pinguins” dado o avanço nulo das conversações e “a pouca capacidade de diálogo do governo”. Com isso, as negociações voltaram outra vez ao ponto zero, enquanto era convocada para esta quinta uma nova marcha massiva em Santiago e nas principais cidades do país. Mas a notícia não esteve só no Ministério da Educação. O 23° aniversário do plebiscito que determinou a saída de Pinochet de La Moneda coincidiu com a apresentação de novas propostas da oposição chilena. Os presidentes dos principais partidos da Concertação apresentaram o documento denominado “Nosso Compromisso”, com o qual buscam convencer a cidadania de que é necessário uma “nova maioria social e política”, segundo assinalou Osvaldo Andrade, coordenador do processo e atual presidente do Partido Socialista. Há 23 anos, o “não” obteve 55,99% dos votos e o “sim”, 44,01%. O triunfo do conglomerado opositor à ditadura levou-o a prometer uma série de mudanças à cidadania. A apresentação deste novo “Compromisso” e, obviamente, a chegada da direita ao poder, dão conta de que não cumpriram de maneira cabal as promessas, afastando a alegria apregoada durante sua campanha. Para muitos chilenos e chilenas, as promessas não cumpridas dos governos da Concertação e a postura nitidamente capitalista do atual governo, explicam a aparição, por exemplo, do movimento estudantil por uma educação gratuita e de qualidade. Por sua parte, Sebastián Piñera, que, segundo a pesquisa Adimark do mês de setembro, obteve 30% de aprovação de sua gestão – três pontos acima do que obteve em agosto, mas dentro da margem de erro da amostra – referiu-se ao triunfo do “não” durante uma atividade realizada na capital chilena em comemoração ao resultado do plebiscito. “Estamos celebrando mais um aniversário do plebiscito de 5 de outubro de 1988, uma data que pertence a todas e todos os chilenos de boa vontade”, acrescentando que “foram muitos os que contribuíram nesse processo e, hoje em dia, quando celebramos esse aniversário, gostaria de saudar, reconhecer e agradecer a todos os que tiveram a grandeza e a visão de priorizar os interesses da pátria e de todos os chilenos, deixando de lado legítimas diferenças. Por isso, hoje em dia, com muito orgulho podemos dizer que no Chile os civis, os militares, governo e oposição, todos estamos comprometidos com esta democracia que juntos reconquistamos”. Alheio a essas palavras, Andrade disse que o processo para dar novos ares à Concertação deve ser feito com “generosidade, à base do diálogo sem vetos e de uma agenda sem exclusões”. Isso, somado à vontade, permitirá recuperar a confiança “de milhares de chilenos e chilenas que veem com estupor como o governo da direita lança por terra os sonhos de maior participação e mudanças na sociedade”, acrescentou. Também propôs a realização de um Fórum Democrático, “para debater e definir a agenda da oposição e uma metodologia de trabalho conjunta”. Deste modo, a alegria que viria graças ao triunfo do “não” há 23 anos ainda está muito distante. Tradução: Marco Aurélio Weissheimer ///////////////////////////////////////////////// De Carta Maior 14)“Chile herdou as sete pragas da ditadurade Pinochet” (28/09/2011) Internacional| 28/09/2011 | Copyleft “Chile herdou as sete pragas da ditadura de Pinochet” Em entrevista à Carta Maior, Jaime Gajardo, presidente do Colégio de Profesores do Chile, conta um pouco do que passou nas mãos da ditadura militar de Pinochet e fala sobre os novos movimentos sociais liderados pelos estudantes. "Eles levaram em conta a experiência de depois da ditadura quando ocorreram granas mobilizações de movimentos sociais, mas todas setoriais e não transversais. Isso é uma visão política espetacular", afirma. Christian Palma - Correspondente da Carta Maior em Santiago do Chile. É querido e odiado. Mas não perde o bom humor. Este professor, que se converteu em outra das faces visíveis do movimento estudantil chileno, também enfrentou cara a cara a ditadura quando foi preso na Universidade Técnica do Estado logo após o golpe militar. Com 18 anos, foi preso e torturado, junto com outros companheiros de sua geração. Viu quando levavam, para não voltar mais, o grande cantor Víctor Jara, mas Gajardo teve sorte e se salvou da morte. 62 funcionários da atual Universidade de Santiago não puderam contar a história. Foram assassinados por mãos uniformizadas. Em entrevista à Carta Maior, ele conta um pouco essa história. Onde você estava no dia 11 de setembro de 1973? Eu tinha 18 anos. Fui às aulas de história e geografia na Universidade Técnica do Estado, hoje conhecida como a Universidade de Santiago. Permaneci lá. No dia seguinte, fomos invadidos, houve um tiroteio terrível, que provocaram mortes. Fomos detidos e levados para o Estádio Nacional, o mesmo para onde foi levado o cantor Víctor Jara (a quem os militares quebraram as mãos para que não tocasse mais sua guitarra e logo em seguida crivaram de balas). Ali nos torturaram, não nos deram de comer por uma semana. Depois disso, nos mantiveram presos dois meses no Estádio Nacional. Este ano o 11 de setembro significou uma homenagem aos caídos e serviu para lembrar que isso nunca mais deve acontecer no Chile. É uma data simbólica que nos convida a reafirmar nossa convicção e nossa causa. As grandes batalhas travadas por Salvador Allende seguem plenamente vigentes, com outras características, mas perdura a busca pela justiça social, pela democracia real, representativa e participativa, por uma melhor distribuição da riqueza. Este ano será muito massivo pelo contexto que estamos vivendo. Quais foram os efeitos da ditadura na concertação? Eu qualifico como uma das sete pragas. Impulsionou sete modernizações: educação, um novo código do trabalho abusivo, aposentadorias, saúde, reformas tributárias, privatização das empresas do Estado que só trouxe sangue, suor e lágrimas para o povo e riqueza para uns poucos. Essa praga levou a uma educação de elite, a escola deixou de ser um instrumento de igualdades e passou a reproduzir a desigualdade, o que é nefasto para qualquer país. Como a ditadura afetou sua geração? Naquele ano éramos uma juventude inquieta, utópica, cheia de sonhos, revolucionária, e nos cortaram tudo isso. Fala-se de uma geração perdida porque se produziu uma grande dispersão e um grande temor e muitos foram assassinados. O melhor dessa época foi exterminado. E as pessoas passaram a viver com medo. Estes novos dirigentes estudantis são a nova mudança que o Chile precisa? Sim. Podemos ter essa leitura. É outro tipo de jovens, sem medo, mais irreverentes e que, além disso, surpreenderam todo mundo. Disso nasce outra crítica ao atual modelo de educação. Nos responsabilizam por todos os males do sistema, mas o governo do Chile não tem nem um colégio onde se façam investigações pedagógicas. Não conhecemos o jovem de hoje em dia. Como se pede a um professor que se adapte às novas circunstâncias, que siga o ritmo das mudanças, se não há investigação nem apoio para fazer essa vinculação com os jovens. A ideia que havia era que os jovens estavam despolitizados, egoístas, sem interesse pelo tema social. Pois bem, eles irrompem nas ruas e provam exatamente o contrário. Eles nos convidaram a um debate político. Com o vê essa comunhão entre vocês, os professores, e os estudantes? Desde suas primeiras assembleias eles concordaram em se vincular com os trabalhadores e os professores do país para abrir seu movimento para o mundo social. Viram que, por mais fortes que fossem, se permanecessem somente nos marcos de seu setor, seria muito mais difícil avançar. Isso foi iniciativa deles. Além disso, levaram em conta a experiência de depois da ditadura quando ocorreram granas mobilizações de movimentos sociais, mas todas setoriais e não transversais. Isso é uma visão política espetacular. E agora o governo quer dividir o movimento e isolar os estudantes, mas não vai conseguir. Que outro movimento social é comparável ao atual? Quando o Não ganhou do Sim, no plebiscito que tirou Pinochet do poder. Lembramos desse movimento quando, por exemplo, se reuniram agora 500 mil pessoas no Parque O’Higgins. A política está desprestigiada no Chile? Agora há um descontentamento geral com a classe política, inclusive com a Concertação que não foi capaz de fazer as mudanças necessárias. De fato, a disputa no movimento estudantil é entre o Partido Comunista e os ultras, porque não há representatividade da centro-esquerda, inclusive no colégio de Professores. Neste sentido, Camila Vallejo tem sido a mais carismática. Ela comentou que compartilha ideais do presidente Allende e que o 11 de setembro é uma data chave na história do país. E isso apesar de ter apenas 23 anos. Para nós, Allende tem categoria de herói. Ele se atreveu a implementar as mudanças de fundo, ele disse ‘este é meu programa e se eu fui eleito vou trabalhar para aplicá-lo. Isso é consequência, teoria e prática. Consequência política que hoje não se vê, provocando muitos questionamentos. Como, por exemplo, promessas de campanha de Piñera que disse que este seria o ano da educação superior... Essa é uma grande diferença. Allende tentou cumprir seu programa, o que significou mudanças profundas, como a nacionalização do cobre, Hoje, o Chile está sentado sobre um poço de ouro que pertence às transnacionais. O que Salvador Allende encarna: progressismo, patriotismo, consequência. Sim, ele é um exemplo para o jovens e deve sê-lo ainda mais para nós. Acho que há um setor de nossa geração que permaneceu no tempo e que pode servir de apoio às novas gerações. Tradução: Marco Aurélio Weissheimer Comentário: Os avos, nos os do 73(1973, de esse tragico 11 Septembro) fomos barridos junto a nossos filhos, uns no desterro e outros no renuciamento dos ideales basicos coprometendose com a heritagem dos Cavaleiros do Apocalipse.Hoje sao os netos, os do 2011( o 11 sao lanças para os genitores daquele 11) quem relevam a honra para fazer renacer o patrimonio de mais valor da patria chilena , a EDUCACAO PUBLICA, a que formou democratas e humanistas, esses netos aprenderam sozinhos e melhor que nos onde esta a medula do neo-liberalismo militarista do "laboratorio Chile". Esses "pinguinos" como os apelidavao os governantes da Concentracion (aliança politica do centro) iniciaram as primeiras batalhas e hoje as Camilas (no exemplo de Camila Vallejo) elas se multiplicam nessa juventude digna, resquentando mesmo os coraçoes dos velhos e abatidos militantes do passado e a essa maioria silenciada. (Publicado em meu face em 28/07/2013)
Posted on: Wed, 14 Aug 2013 02:39:52 +0000

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