Maria, Este silêncio morno e baço gela-me a alma. Que interroga brisas e marés, para onde, cais ou braços, fugiu o arco-íris dos teus? Sim, digo bem, caramba! – o arco-íris, impossível negar-lhes requebros, tonalidades, subtilezas. E eu a preto e branco, escravo orgulhoso das palavras, essas aias coxas dos sentimentos. Erro a erro, pergunta a pergunta, escuta a escuta, fui aprendendo. O silêncio altivo que fazia corar de vergonha o meu ciúme; a doçura do ouvidor de raivas e frustrações, quase gritadas ao fechar atrás de mim a nossa porta (que range com saudades tuas); a paz risonha do filho de corpos exaustos mas ainda exasperados, que tornava ridículas dúvidas interesseiras ou gabarolices machas; a tristeza firme do companheiro e moldura da tua partida. Maria, vou fazer batota - decreto provisório e atento o que responde aos meus mails. Sob pena desta alma - penada e pesada… - se dirigir ao frigorífico. Em silêncio. Tristemente insosso e monocórdico, ao contrário dos teus. ( Machado Vaz)
Posted on: Mon, 05 Aug 2013 23:32:27 +0000
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