Mercúrio em escorpião Plutão é o tão distante planeta que fora desclassificado pelas tabelas classificatórias dos dotôres. Que deixou de ser planeta para poder virar os olhinhos à vontade. Detrás do breu, do escuro escondido por detrás da moita e das cortinas, o putão crucificado pelas lendas de Petrônio aparece na passagem, no trevo de quatro folhas. Fazia o sinal de figas, evocando sorte. O esconso condenado surgido por detrás do ex-planeta disse: “Eu sou a destruição...” E continuou... “e também a criação”. Mas na penumbra das sombras, o sombreado ferido foi sugado pelas névoas cinzentas da chegada próxima do cemitério dos finados. Que atravessemos, pois, os seus corredores. E que saiamos pelos portões da frente para nascer de manhã, no sol de novembro onde as flores são desvairadas e expandidas. A criatura que vos fala é aquela que cria. Eu cria, eu cria. Que viessem as nossas crias, as nossas fortunas, todo o sim à vida e às suas possibilidades. Tenho de passar mertiolate, pois Mercúrio sumiu com os ínterins e com os interiores das mensagens e communicanção. Onde foram parar os louva-deuses para levar as minhas mensagens? Louva-deus, ó louva-deus? Mas foi o dilúvio sinfonado das cigarras que trouxe à tona todos os bichos da primavera. Vieram os ânimos, a expansão... e todos os nossos monstros. É doloroso ter que domar cada um de nossos monstros, mas quando logramos, nos aproximamos de Si. Crio, porque acima de tudo, amo: lei máxima. Amor ao destino, amor a si, amor a Cy. Amor fati. Amor, infinito amor. O ciclo do amor que Camus não escreveu por ter morrido antes de fazê-lo. Amor como vem ou como pode vir a ser, amor que é na hora, na vez, aquilo que é de vez, de lua, de vinho. Profundos são meus poços artesianos... e não é que neles vez em quando aparecem alguns passarinhos a bebericar nos meus poços sem fim que jorram?!
Posted on: Thu, 24 Oct 2013 04:28:49 +0000
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