Mesmo em tempos de turbulência, a vida pede passagem e nos conduz - TopicsExpress



          

Mesmo em tempos de turbulência, a vida pede passagem e nos conduz a paisagens outras. Divido com os amigos, pois, as generosas palavras do mestre Antônio Torres, sobre meu trabalho como escritor: De historiador a contador de estórias Historiador que vem traçando um panorama dos movimentos migratórios para o Brasil, sobretudo dos suíços que se estabeleceram na região serrana fluminense, Henrique Bon agora conta outras histórias. Ou estórias, como queria Guimarães Rosa. Algumas delas não deixam de conferir um peso histórico aos conflitos de seus personagens de ficção, como, por exemplo, no conto O parto: “Desta vez, chorou sem pudores, celebrando uma espécie de felicidade bruta da qual ficara apartado e não pudera, até aquele preciso instante, entender. Para ele, que fugira das guerras e da pobreza e viera para um país sem memória, talvez, enfim, o exílio terminasse e ele, através do filho, pudesse despertar para sempre de sua condição de estrangeiro”. Significando isto: um nascimento que simboliza o fim de um exílio, e uma contrapartida para o peso da morte nestas páginas. O caso exemplar acima não significa que os treze contos deste livro se prendem a uma única vertente, reduzindo o universo ficcional de Henrique Bon a uma fabulação calcada no material proveniente de suas pesquisas históricas. Muito pelo contrário. São múltiplos os cenários, entre povoados e cidades interioranas, serra e mar, zona rural e metropolitana – e até um bordejo por Lisboa e Paris, em meio às tensões revolucionárias da segunda metade do século XX -, assim como é ampla a galeria de tipos humanos aqui perfilados com pinceladas minuciosas sobre as características peculiares a cada um deles. Destaquemos também a plástica cenografia dos ambientes em que os personagens se movem. A sólida construção dos enredos em narrativas alentadas e bem desenvolvidas. A precisão das descrições, de que serve de exemplo cabal a da pontaria do assassinato no conto O túnel. A engenhosidade na construção de diálogos demonstrada em Cleonice (sim, Henrique Bon, o Hemingway de The Killers, o Wander Piroli de Os camaradas, e o Jorge Luis Borges de O fim lhe saúdam). Tudo isso e muito mais, para o prazer de ler um contista surpreendente. Antônio Torres
Posted on: Sat, 22 Jun 2013 12:13:18 +0000

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