Meu bisavô, no início do século passado, aos sessenta e dois - TopicsExpress



          

Meu bisavô, no início do século passado, aos sessenta e dois anos de idade, abandonou tudo e apareceu por aqui trazendo no colo uma adolescente para ser sua amante: uma enorme loucura... Mas ele era um homem rebelde, um homem que não havia desistido de ser feliz. Então abandonou tudo: as propriedades e as impropriedades que a elas se ligam, a esposa controladora, os filhos perplexos, as fazendas, as noras, os netinhos, e as velhas emoções... Tudo por causa de Vitalina: por aquela menina delicada e de cabelos longos ele abandonaria o mundo. Por ela, e pelo que ela então simbolizava, ele abandonou milhares de cabeças de gado e todas as “certezas” que lhe haviam dado. Era um rebelde: trocou o futuro garan-tido e certo por um presente gostoso. Jogou fora o velho baú de premis-sas usadas. Pela possibilidade aberta de uma nova vida, tomou aquelas decisões que só os grandes homens conseguem tomar: montou o cavalo negro do risco absoluto e partiu! Pois ele também já sabia que o único crime que não tem perdão é desperdiçar a vida. Abandonou tudo para não ter que abandonar-se a si mesmo, para não ter que abandonar a própria existência naqueles caminhos já percorridos. Não fosse por isso eu não estaria aqui, agora, tomando um belo copo de vinho vermelho e contando essas coisas todas pra você. Sou portanto bisneto da rebeldia. Sou bisneto da rebeldia, neto da emoção, filho da loucura, irmão do desejo, primo do prazer, amigo da liberdade, e amante de todos os meus amores. E existo, por incrível que pareça: No céu da minha boca não há fogos de artifício. Só estrelas. mude.blogspot.br/2007/10/vitalina-botticelli.html
Posted on: Fri, 26 Jul 2013 18:41:52 +0000

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