Meus amigos de caserna e irmãos da Arma de Infantaria. Me perdoem - TopicsExpress



          

Meus amigos de caserna e irmãos da Arma de Infantaria. Me perdoem por não ter nenhuma foto "Exclusiva" desse encontro pra compartilhar com vcs. Estarei compartilhando as que vcs postarem até poder ter acesso as fotos do Sgt Alcino. Me permitam então publicar o "Pequeno relato" que foi lido pelo Sd 691- Malcher ( Wilson Malcher ) durante a confraternização com o General Gil Heminio Rocha. General Gil Herminio Rocha - Chefe do Estado Maior do Comando Militar do Norte Coronel Gastão Valente Calandrine de Azevedo Ten Cel Alexandre Ricardo Santos de Quadros – Sub Comandante do CEFAP/ 34º BIS Oficiais e Praças aqui presentes Reservistas membros da 1ª Companhia de Fuzileiros de Selva 1987/3º BEF Peço aqui permissão aos senhores para fazer um pequeno relato de alguns eventos vivenciados por nós naquele ano de 1987. Já se passam 26 anos desde a nossa incorporação nas fileiras do Exército Brasileiro. Aquele 02 de fevereiro de 1987 estará para sempre vivo em nossas memórias. Todos vocês devem lembrar-se dos primeiros testes ainda como civis, realizados na área da garagem do batalhão, os exames psicotécnicos, os testes de aptidão, os exames médicos. Nem por um momento sequer poderíamos imaginar o que o futuro nos reservava para aquele ano. Éramos jovens com pouca ou sem nenhuma experiência profissional, oriundos de localidades distintas, alguns com estudo, outros nem tanto, mas com certeza, hoje vocês hão de concordar; estávamos totalmente despreparados para a vida e para o mundo. Aquela data (02 de fevereiro) marcava o rompimento de um cordão umbilical de dependência que nos prendia desde o nascimento ao seio de nossa família, nossa primeira escola de vida. Estávamos agora sob-responsabilidade dos oficiais e praças do Exército Brasileiro. Coube a aqueles militares a árdua missão de nos nivelar socialmente, de nos retirar daquela zona de conforto e desorganização que muitas das vezes permeia a vida civil. Na linguagem da caserna éramos os recrutas bisonhos e mocorongos da vida. Quem de vocês não se lembra da 1ª noite do período de internato, realmente foi inesquecível. O internato nos afastou de tudo que até aquele momento nos servia referência a ser seguida. Descobrimos a duras penas que a hierarquia e disciplina é que são as bases de fundamentação de qualquer processo organizacional de sucesso, seja ele militar ou civil. Aprendemos a nos deslocar em ordem unida como um só corpo. Corpo esse que reagia automaticamente a um silvo de apito ou comando de voz. Aprendemos que por mais que fizéssemos parte desse corpo tão coeso e unido que é uma companhia de fuzileiros, mesmo assim ainda éramos diferentes entre si, e tivemos que aprender a conviver e respeitar essas diferenças. E quando iniciamos o processo de preparação para o tiro então. Foi-nos apresentado o nosso Parafal, o fuzil do Combatente de Selva, que nos acompanharia por todo aquele ano; companheiro inseparável e totalmente dependente de nossos cuidados para ser eficaz se caso houvesse necessidade de utilizarmos. Aprendemos que ele sozinho de nada serviria, nós sem ele não seríamos nada. As intermináveis corridas até a beira rio de calça e coturno, regadas com canções que ainda hoje ecoam em nossa mente e vez por outra cantamos sem perceber o por que. Naqueles dias preparávamos o corpo e a mente para poder tirar o melhor que poderíamos oferecer como combatentes de selva. A ultima noite de internato, para não fugir a regra, foi novamente inesquecível. Coincidentemente essa duas noites tiveram que ser conduzidas pelo Sargento Heraldo, que pacientemente fez os corretos procedimentos para acalmar aqueles mais exaltados. Terminado internato, estávamos prontos para “tirar o serviço” e receber as instruções preparatórias para o Estágio Básico de Combatente de Selva, a nossa Primeira Boina. Tempos difíceis aqueles, aprendemos a construir abrigos, obter o fogo das mais improváveis maneiras, colher, caçar, pescar, preparar e consumir alguns exóticos alimentos que a selva oferece. A privação do sono, o racionamento de água, comida e dos períodos de descanso foram os principais obstáculos a serem superados. Tudo muito regrado e intercalado com a exigência de alcançar um elevado padrão de aptidão física com muita ralação, corridas sem fim e bastante pressão psicológica. Em 24 de maio – Dia da Infantaria, recebíamos de nossos familiares aquilo que seria, e é para nós a eterna referência de superação, a Boina Rajada, símbolo do combatente de selva. Aquele “troféu” ainda hoje personifica a determinação de querer e poder fazer, se profundamente acreditar que é possível. Somos os Primeiros Boinas Rajadas do Amapá. Em 25 de agosto – Dia do Soldado, prestamos o nosso compromisso e juramento como soldados do Exército Brasileiro. Comprometemo-nos a defender a pátria de todos os inimigos, sejam eles externos ou internos e a ir onde quer que ela precise que estejamos. É claro que todos vocês vão lembrar também de outros episódios referentes ao Dia do Soldado. E mais uma vez fomos testados e deveríamos provar que merecíamos estar ali e fazer parte daquela companhia. Nosso espírito de corpo se fortaleceu ainda mais com as dificuldades passadas por nossos companheiros, todos se mobilizaram para manter uma estrutura que desse suporte necessário para atender as necessidades daqueles combatentes. Aqui destacamos os serviços dos soldados 586 – Jucá, 649 - Cabral, 660- Mercedes e 668 – Reginaldo, que não mediram esforços para possibilitarem uma sensível diferença no aprovisionamento dos envolvidos. 07 de setembro, dia em que comemoramos a Independência do Brasil, o desfile das forças armadas ainda acontecia na Avenida Fab. Os nossos familiares se fizeram presentes e orgulhosos por terem um filho servindo a pátria, e nós todos nos sentíamos contagiados pelo significado da data, vibrávamos com o corpo e com o coração. Nunca o brado de SELVA ecoou tão forte no batalhão quanto naquele dia na avenida fab. Ainda em setembro participamos do Estágio de Qualificação do Combatente de Selva, a 2ª Boina, mais ralação, mais pressão psicológica e novamente o sono, a fome, a sede e o cansaço se tornavam nossas companhias constantes. Foi preciso motivação, perseverança para superar mais essa etapa do treinamento. Descobrimos que nem sempre vai dava para fazer o que gostaríamos, mas que se aprendesse a gostar do que fazíamos com certeza iriamos bem mais longe. Os tempos mudavam, surgiam novos desafios e novos objetivos. A vida apresentava novas cores e matizes que ainda não havíamos notado. E viver também é estar preparado para situações difíceis. Pois a maneira como encarávamos as dificuldades é que faria a diferença no objetivo final. Após o Juramento a Bandeira de 19 de novembro, começava a contagem regressiva para a primeira baixa. Após um ano de convivência mútua na camaradagem da caserna a nossa família iria se separar, essa ideia apresentava-se para nós como o crepúsculo do entardecer. Passamos um ano juntos, como companheiros no real significado da palavra – Compartilhando o pão. Já não éramos mais os mesmos bisonhos e mocorongos que se apresentaram em fevereiro. Antes da 1ª baixa o comandante da companhia, na época ainda “Tenente Gil” nos proporcionou um momento ímpar. Um almoço no pátio da Companhia de Fuzileiros. Foram tomadas todas as providências para que não faltasse ninguém, e lá após todos estarem presentes e que nós reunimos como família pela última vez. Tomando aqui emprestado as palavras do Tenente Gil, “Esse momento era exclusivo, nosso para o resto de nossas vidas, pois nunca mais haveríamos de nos reunir naquela totalidade e naquela casa novamente” . Na época não entendíamos direito o porquê de suas palavras, mas hoje mais maduros e experientes e que reconhecemos o quanto aquelas palavras nos são caras com a ausência de nossos irmãos os soldados 597 – Guedes e 610- Francinaldo . A vida na caserna acabou, mas estará em nossa memória para resto de nossas vidas. Assim como o Guedes e o Francinaldo estarão sempre conosco, nos aguardando o dia do chamado para a ultima formatura na presença do Senhor Deus. Somos nascidos de mães diferentes, vindos das mais diferentes famílias, formados debaixo de um mesmo teto e tendo como referência um oficial que muito contribuiu para o que hoje somos como cidadãos e pais de família. 1987 foi um longo ano, duro e extenuante, vocês soldados Combatentes de Selva tiveram a oportunidade de servir na 1ª Companhia de Fuzileiros do 3º BEF, foram os Primeiros Boinas Rajadas, foram e ainda são motivo de orgulho para seus familiares. Sintam-se parte de um Grupo Especial, que encontrou uma ligação uns com os outros que só existe na caserna e entre verdadeiros irmãos, compartilhando os abrigos ou dormindo ao relento sob o céu de estrelas, ajudando-se uns aos outros nas dificuldades. Aqui nesta casa nós sofremos e crescemos juntos, temos orgulho de ter servido sob o Comando do General Gil Herminio Rocha. Que o Senhor Deus possa lhe proporcionar o merecido prémio pela grande e inestimável contribuição na formação de nossa geração e outras gerações de Brasileiros. Ao General Gil nossos sinceros agradecimentos e votos de VIDA LONGA, FELICIDADE E PAZ. SELVA
Posted on: Sat, 31 Aug 2013 09:43:22 +0000

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