Meus amigos, perdoem-me o atraso em dar notícias. Soube através de familiares que muitos estavam preocupados comigo no face. Mas estava em repouso e não pude entrar para tranquilizá-los. Enfim, estou melhor. Mas estive muito mal ontem. Acredito que tenha sido pela pressão que sofri. Psicológica mesmo. Fui a pessoa escolhida para negociar com os policiais durante todo o movimento enfermagem na rua. E Posso afirmar, nós negociamos o tempo todo, mas não aceitei ceder em todas as exigências da polícia como por exemplo: acabar o movimento. Quando nós planejamos o movimento, o objetivo maior era seguir em passeata até o palácio provisório do governo, mas em função do quantitativo e colegas que estavam no movimento, só nos restava a opção de chamar a atenção sociedade para nossas reivindicações, que todos conhecem. Paramos uma via da Agamenon, após negociação com a polícia, mudamos para a outra, sempre em períodos cronometrados para não prejudicar gravemente o fluxo de carros, porque "parado" nosso trânsito já é. A manifestação, extremamente pacífica foi quebrada com a chegada do GATI, que inicialmente ainda aceitou os acordos que nós fazíamos. Mas só inicialmente. Destaco que o fim da ordem não foi ocasionado pelo GATI exclusivamente. Um policial militar acompanhou o grupo do GATI e uma policial (mulher), o tempo todo desafiava os manifestantes do movimento. Teve um momento em que ouvi um deles falar em prisão. Entreguei meu celular a Carmela, para que ela filmasse pois eu sabia que seria preso. E um dos policiais me disse com todas as letras: "Recebemos ordens de acabar com o movimento e prender as lideranças". Respondi: Nosso movimento é pacífico e genuíno. Estamos lutando pela saúde do povo, inclusive a dos senhores e por melhores condições de trabalho para nossa categoria". Ainda assim, ele disse: "Mas vamos ter que acabar com o movimento ou vamos prendê-lo", E neste momento estiquei os braços e disse: "Pode me prender senhor, mas não vamos acabar com o movimento". Carmela não acreditou no que ouvia, avisou a todos para que filmassem aquele abuso e quando retornou, questionou os policiais porque iriam me prender, já que era um movimento pacífico. Que não encerraria o movimento e que se fosse para prender, prendessem ela também, e esticou os braços. Um dos policiais do GATI mandou Carmela calar a boca. Utilizando-se de palavras de baixo calão. Ela apontou-lhe o dedo e disse: Me respeite que sou uma mãe de família. E neste momento, ele, com a ajuda de outro policial que fora o tempo todo agressivo, a puxou, deu uma chave de braço e algemou. Ainda assim, tentei um diálogo com ele para impedir que levassem Carmela. Eu seria capaz até de suspender o movimento, mas não teve jeito. Não quiseram me ouvir, e quando me aproximei, se dotaram belicamente nos ameaçando. Todos os manifestantes foram para frente do carro da polícia. Mas com armamento, ficava difícil segurá-los. Tudo está registrado em vídeo. Já no youtube. Vídeo que deveria chegar nos quatro cantos deste país. Eu já não estava me sentindo bem. Estava nauseado, com uma dor no peito retroesternal. Que piorou muito quando levaram Carmela. Ainda assim, com muita dor, fui auxiliado por Mille Moura e Gioconda Sá Cavalcanti, a caminhar até a delegacia, pois eu precisava ver Carmela bem. Estava muito nervoso. Consegui ir à Delegacia e falar com ela. Vi que ela estava bem (na medida do possível), e que viraríamos o jogo, processando o Estado e denunciado os policiais na corregedoria. Mas não aguentava mais a dor opressiva. A sudorese aumentou, com uma leve irradiação para a mandíbula. Imediatamente, fui levado por Mille, Thacyana e Indira ao UNICORDIS e após o primeiro eletro, a médica que me atendeu suspeitou de IAM. A pressão arterial estava 170x120mmHg. Fui medicado e em repouso aguardando uma melhora, caso não houvesse, seria coletada as enzimas. Eu estava muito nervoso. O que veio melhorar quando soube que Carmela tinha saído da delegacia. Mais ou menos uma hora depois, a dor tinha passado em 60% aproximadamente, um outro médico repetiu o eletro e verificou a pressão, ambos tinham melhorando consideravelmente. Muito atencioso, me deu alta. E disse que voltássemos se a dor retornasse. Fiquei ainda mais feliz com vários integrantes do movimento, que foram me visitar no UNICORDIS quando saíram da delegacia. Anne Moraes, Simone Amâncio, Thacyana Michely Gomes, Indira Mallmann, Ricardo Omena, Gioconda Sá, Dayvson Monteiro, Adriano Lins e outros. Já estava de alta, então comemoramos. Alguém tirou até uma foto. Espero que postem para eu ver. Enfim, tinha sido um dia de vitória. Turbulento, mas vitorioso. À noite, tive que repousar e estou marcando um cardiologista para fazer uma série de exames. Bom, não tenho palavras para agradecer a força que todos me deram aqui no facebook. É honroso saber que tantos me desejam bem. Agradeço em especial a todos que me deram força ontem, durante o movimento. Muitas amizades nasceram e outras se fortaleceram. Obrigado pela garra. Erra garra me emociona muito. Porque prova que a enfermagem está viva. E quer mudar. E quer ter o que é de direito. Já conversei com Carmela Alencar sobre o movimento. E digo oficialmente: O Enfermagem na Rua não vai parar. Vamos organizar o quinto movimento. Nossos sonhos não permite que tenhamos medo de polícia ou até de morrer. Nós acreditamos que a enfermagem vai ter o que sempre desejou. E queremos contagiar os quatro cantos desse país para esta luta. Em breve, vamos marcar a próxima reunião lá no IDE Cursos, que está me apoiando e apoiando o movimento em tudo e avisaremos aqui no face para quem quiser participar. Pois estamos ficando cada vez mais fortes. Devo confessar, ontem pensei que não fosse resistir. A dor era insuportável. Lá no fundo eu sabia, que se eu fosse embora estaria indo embora por um sonho e não teria despedida mais bonita. Hoje eu vejo, com ainda mais clareza que Deus me deu uma profissão para amar. E por amor de verdade, nós fazemos tudo. Não é mesmo? Mais uma vez, obrigado a todos. Já estou melhor. Obrigado. Obrigado.
Posted on: Thu, 18 Jul 2013 12:43:56 +0000
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