Mobilidade urbana, "progresso", Parque do Cocó e os - TopicsExpress



          

Mobilidade urbana, "progresso", Parque do Cocó e os lambe-botas No Brasil, uma constante insofismável é a constatação de que a classe política ascende ao poder por meio de acordos realizados com o poder econômico. Tal modelo já se apresenta desgastado e perversamente danoso à sociedade brasileira, pois as decisões político-administrativas são guiadas, em regra, dissociadas do interesse coletivo, do bem-comum, objetivando apenas atender os interesses privados dos financiadores de campanha, dos "amigos do Rei", dos detentores do poder econômico. Compreende-se hoje que tal modelo é incompatível com a realidade das exigências e anseios da maior parte da população brasileira, pois a demanda pela prestação de serviços básicos com o mínimo de qualidade é altíssima. Embora isso, alguns questionamentos intrigam-me: Por que não alterá-lo? A quem interessa a manutenção do status quo? Quando da Independência do Brasil em relação à metrópole, que família ascendeu/permaneceu no poder?! Não terá sido os mesmos Bragança e Bourbon? Quando da instauração da República, que ascendeu ao poder? A sociedade civil que não foi. Foi o Exército brasileiro. Tal lógica se repetiu em com o Gole de 64. Com a redemocratização no final da década de 80, qual foi a lógica? Novamente um acordo entre a elite burocrática, os militares e os detentores do poder. A esquerda chegou ao poder em 2003. Como? Também em acordos esdrúxulos com o poder econômico, os reais "donos do poder". Tal situação é muito bem descrita no artigo do Prof. Francisco de Oliveira: A hegemonia às avessas. O Brasil é um país sem rupturas severas com modelos político-econômicos responsáveis pelo nosso atraso, pelo nosso insucesso histórico na formação educacional e humana básica. Por que isso? Oxe,por ande anda a sociedade civil (des)organizada? Que democracia é essa em que a sociedade civil permanece amorfa, sem consciência política de si, sem lutar pelo que lhe pertence por prerrogativa e legitimidade: o poder, se lutar pela efetivação dos direitos básicos?! Vivemos uma história de golpes brancos, de ilusões democráticas em que "os de cima" até permitem que "os debaixo" cheguem ao poder, como a ascensão de um operário ao poder, mas que isso se dê dentro do regramento dos "de cima". É uma situação esdrúxula e paradoxal: os "de cima" permitem serem governados pelos "de baixo"?! Risível. Aqui se pode argumentar e pretender duas alternativas: um reformismo lento e gradual, com o fim de enfraquecer as Instituições e os Aparalhos responsáveis pela manutenção do status quo, em uma perspectiva gramisciana, ou uma revolução, que sabemos impossível no Brasil. A sociedade brasileira é conservadora. O que isso tem a ver com a questão dos viadutos do Cocó?! Ora mais: só tudo. A Prefeitura de Fortaleza e o Governo do Estado apresenta um falacioso projeto de mobilidade urbana que permanece contemplando apenas o transporte individual, o carro. Não fala em momento algum em privilegiar um transporte público coletivo de qualidade. Não fala em contemplar os demais modais: ciclistas e pedestres. Se o absurdo do anacronismo de tal propositura não fosse suficiente, as intervenções acontecerão agredindo e devastando o Parque do Cocó. Não, não são somente 7m, são no mínimo 15m a dentro. Estive lá e conferi. Isso, multiplicado pelo comprimento da intervenção, resultará em 4.500m². Acham pouco? Não acho, é quase meio quarteirão. O Cocó é o último espaço de área verde que temos dentro da cidade. Vejam a Aldeota, o Meireles, regiões em que o adensamento é altíssimo e que a predatória ganância dos setores da especulação imobiliárias transformaram em um local sem verde algum, somente concreto. Não há espaços para convivência entre as pessoas, todos atomizados e amedrontados dentro dos apartamentos, dos condomínios fechados. Isso é o progresso? Risível. No "mundo que dá certo", aquele mesmo que a classe média fortalezense paga a viagem em 500 prestações, vende até a alma para conhecer, a compreensão de mobilidade urbana é essa? Tsc...Tsc... Todos voltam de lá maravilhados, "fazendo inveja", "sambando na cara" de quem,como eu, nunca foi além da caucaia, de como lá é tranquilo se andar na rua, que lá não é necessário estar andando pra cima e pra baixo de carro, que é só pegar um ônibus confortável, ou um metrô "que é super rápido" (aqui chega revira os olhos e os beiços). E aí, qual a diferença para cá? Hummm... deve ser aquele familiar ou amigo que detém o monopólio de algum setor do "transporte público", ou está ganhando a vida barganhando empreguinho dentro da máquina pública, ou esquema mesmo, como é o sabido esquema dos precatórios. Vocês me enojam. Vocês são lambe-botas. É nítido que a intervenção dos viadutos é anacrônica, que marcha na contramão do progresso. É preciso projetos estruturantes na cidade? Mas é claro, cara-pálida. Você duvida disso, ou se faz de burro?! Ninguém é contra as intervenções estruturantes. O que se quer é um projeto real de mobilidade urbana para Fortaleza, que possibilidade ao trabalhador comum que reside lá no Aracapé, no Planalto Ayrton Sena, na Serrinha, poder usufruir de um ônibus de qualidade, que não seja necessário passar 2 horas, imprensado igual a queijo, dentro do veículo depois do dia inteiro de trabalho. E isso não será possível se se permanecer investindo somente no transporte individual. Por que não se legaliza logo o Cocó e o transforma em um Parque no estilo do Ibirapuera, ou do Central Park? Porque os interesses são outros. Depois dessa intervenção aí, o setor da especulação imobiliária, que no começo do ano botou as unhas de fora, vai vir, sentindo-se legitimada por uma ação ilegal por parte do poder público, com a desculpa de que "até a prefeitura" construiu em cima do Cocó, por que eu não posso? O VGV dessa obra gira em torno de mais de R$ 300 milhões. Deixem de ser cegos. Essa obra tem uma razão de ser, e não é o bem-comum. Disso estou certo. É o bem de umas poucas famílias e de setores da classe média e média alta de Fortaleza.
Posted on: Thu, 25 Jul 2013 09:28:09 +0000

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