Morte: Portal Para a Vida A. MERCI SPADA BORGES “Subiu Ele a - TopicsExpress



          

Morte: Portal Para a Vida A. MERCI SPADA BORGES “Subiu Ele a uma barca com seus discípulos. De repente desencadeou-se sobre o mar uma tempestade tão grande que as ondas cobriam a barca. Ele, no entanto, dormia. Os discípulos se achegaram a Ele e o acordaram dizendo: Senhor, salva-nos, nós perecemos! E Jesus perguntou: Por que este medo, gente pobre de fé? Então levantando-se deu ordem aos ventos e ao mar – e fez-se uma grande calma. Admirados diziam: Quem é este homem a quem até os ventos e o mar obedecem? (Mateus, 8:23-27.) Falar sobre a morte tem sido, para muitos, motivo de grande sofrimento e mesmo pavor. Por que tanto medo? Seria por falta de informações ante o desconhecido? Afirmações distorcidas veiculadas por algumas doutrinas ao longo dos séculos? Ou seria por instinto de conservação? Qualquer que seja o motivo, a verdade é que o medo impera em todos os corações. Muitas doutrinas tentam esclarecer o indivíduo, todavia, ao chegar ante o portal da morte se detém, deixando prevalecer alegorias que atiçam ainda mais esse pavor milenar que afeta, em muito, a tranqüilidade do ser, quando não desperta a descrença nos mais afoitos. Somente a Doutrina Espírita elucida o homem sobre o fenômeno da morte. Onde as demais doutrinas se detêm, o Espiritismo prossegue de forma racional e lógica; emite luz em todos os meandros da dúvida, comprovando cientificamente e de forma objetiva os fenômenos da reencarnação e da comunicabilidade dos Espíritos. Para adentrar em seus meandros, necessário se faz abordar os fenômenos da vida do homem e as causas que o conduzem à morte. Uma vez encarnado, o Espírito forma um todo com o perispírito (corpo fluídico), e o corpo biológico. Este cumpre a função de servir ao Espírito de vestimenta carnal enquanto mergulhado na atmosfera terrena. A sua desorganização biológica se efetua com “a ruptura da coesão molecular”. E nesse fenômeno, natural ou provocado, os órgãos nobres essenciais à vida entram em falência, sobrevém, então, a morte. Esse corpo carnal “é a sede das sensações e das dores físicas” que são transmitidas ao Espírito e este, por sua vez, responde às transmissões de lesões ou alterações dos tecidos orgânicos com as sensações e dores. É como se fosse um grito de alerta à preservação da vida. Essa comunicação e transmissão direta, entre corpo físico e Espírito, se estabelece através de um agente, o perispírito, “elo de união entre matéria e Espírito, a ele se liga molécula a molécula desde o momento da concepção até a desencarnação, quando então se desliga do corpo também molécula a molécula.” A reencarnação sempre se efetua com uma finalidade útil: proporcionar ao Espírito novas oportunidades de ressarcir débitos, de renovar procedimentos, de realizar tarefas que o conduzam à elevação dentro de um período preestabelecido por uma programação relativa que abranja suas necessidades. Cumprido esse tempo, o corpo, que lentamente passa por transformações biológicas, deperece, sobrevindo a morte. Ao reencarnar, cabe aos pais, nos primeiros tempos, a obrigação de cuidar do Espírito, bem como do veículo carnal de seus filhos, provendo a sua alimentação, segurança e bem-estar, proporcionando condições para seu desenvolvimento intelecto- moral. E o Espírito em fase de evolução, a partir do momento em que adquire condições de discernir entre o bem e mal, passará, gradativamente, a ser responsável, perante as leis divinas, pela sua segurança e pelos próprios atos. Ninguém, jamais, renasce com a finalidade de destruir a vida de outrem ou a própria vida. O instinto de conservação e as leis morais encontram-se ínsitos na própria consciência, e com o desenvolvimento físico, com a educação intelecto-moral, o ser se prepara para a vida social, todavia, raríssimos cuidam da vida do Espírito. Ao enfrentar as provas necessárias e circunstanciais do trajeto terreno, perde-se no emaranhado de situações. E muitas vezes desfalece. Auxílio, com certeza não lhe falta, bastará acolher as múltiplas formas de amparo que o Plano Espiritual oferece. Contudo, é imprescindível que se discipline a maneira de pensar para que se estabeleça comunicação com os Espíritos tutelares, facultando a manutenção da saúde e do equilíbrio. A mente, portanto, tem papel preponderante no sucesso ou insucesso da alma encarnada. O Espírito Emmanuel alerta: “A mente é mais poderosa para instalar doenças e desarmonias do que todas as bactérias e vírus conhecidos. Necessário, pois, considerar igualmente que desequilíbrios e moléstias surgem também da imprudência e do desmazelo, da revolta e da preguiça.” A mente bem conduzida, disciplinada é fator primordial de equilíbrio. Portanto, cabe a cada um o dever de educar o pensamento proporcionando condições geradoras de saúde e bem-estar que atuarão como guardiães da harmonia física e mental. E sempre que necessário a rede de comunicação com os Espíritos amigos entra em prontidão. Se somados a esses procedimentos a fé, os hábitos da oração e da meditação, o homem se preservará dos males que afetam a sociedade terrena nesses momentos tão aflitivos, em que o império da violência impõe o desassossego. Assim, o fantasma da morte desaparecerá dando espaço à serenidade e à confiança. Cada dia será um novo dia de esperança e tranqüilidade, mesmo em meio ao desvario de muitos. A Doutrina dos Espíritos esclarece, orienta, consola; sua literatura, eivada de lições do Evangelho redivivo, mensagens edificantes, acalenta os corações de boa vontade, desejosos de encontrar o verdadeiro caminho da integração com o Cristo. E graças a esses esclarecimentos o adepto dessa “formosa Doutrina” entenderá que o próprio Espírito gera a sua ambiência mental criada pelos pensamentos, deles se nutrindo. Assim a sua nutrição energética será salutar ou pestilenta de acordo com o próprio pensar e este gera as ações de alto ou baixo teor, induzindo o homem à grandeza ou à vilania. “A emissão direta e constante do pensamento esclarecido, que conhece as causas e finalidades da vida, realiza o controle das emoções, tornando os indivíduos nobres e equilibrados, que não se transtornam diante de provocações, nem se apaixonam ante as sensações, ou se descompensam enfrentando o sofrimento.” Com a vida alicerçada no Evangelho e na Doutrina dos Espíritos a alma em provação ante dores atrozes, morte de entes queridos, moléstias irreversíveis, dores físicas ou morais, ou ante a eminência da própria morte, não desfalecerá, terá subsídios elevados para continuar a crescer e mesmo a vencer a própria aflição. Não desiste, porque entende a Misericórdia Divina. Não se revolta porque tem fé. Prossegue a caminhada sem se esmorecer porque tem a certeza de que o dia seguinte representará novas aquisições e a “dor é bênção que Deus envia a seus eleitos”. Sabe, antes de tudo, que a morte do corpo não tira a vida, mas pelo contrário abre novas alamedas para a verdadeira vida, e a desencarnação será tanto mais suave quanto mais leve estiver a consciência. Importante ressaltar que a desencarnação nem sempre coincide com a morte, esta ocorre “com o esgotamento dos órgãos” e a desencarnação se opera “depois do processo da morte orgânica”, diferindo em tempo e circunstância, de indivíduo para indivíduo. Assim, a desencarnação pode ocorrer de forma rápida, suave, todavia, na maioria das vezes pode alongar-se em virtude do estado de perturbação em que mergulha o Espírito. Todo hábito longamente cultivado se estende para o outro lado. Os maus hábitos agem como grilhões que atam o Espírito às ciladas que armou para si mesmo. Esclarece o Espírito Manoel Philomeno de Miranda: “Desimpregnar- se das sensações mortificantes que anteriormente escravizaram, é o capítulo mais penoso da convalescença post mortem.” Portanto, viver bem, de acordo com as lições do Evangelho, é preparar o passaporte para uma viagem tranqüila rumo ao país dos invisíveis. O retorno à verdadeira pátria não exige condução específica; não importa a maneira, nem o momento em que se deve partir, o importante é chegar na hora certa sem criar situações que abreviem a vida, a fim de que não se chegue ao porto espiritual como suicida ou homicida. Amar a vida, viver a vida de forma correta, equilibrada, compartilhando com os demais a mesma alegria. Assim, estender as mãos aos desvalidos, enxugar lágrimas, acalmar tempestades, sem jamais criar circunstâncias de desequilíbrio para os semelhantes. Aplicar o mais antigo e mais atual de todos os ensinamentos: “Não fazer aos outros o que não desejaria para si.” Todo ser tem direitos. Não ultrapassar jamais os direitos alheios. Armar-se de tolerância, paciência, resignação, para com aqueles que às vezes ameaçam os direitos de outrem. Trabalhar para encerrar a ira em seu nascedouro. Desmontar sempre que possível as armadilhas do mal. A regra do bem-viver está expressa em cada situação, para todos os momentos, nas lições de Jesus: “É dando que se recebe”; “Buscai e achareis”; “Batei e abrir-se-vos-á”. Ninguém está só: “Não vos deixarei órfãos”, “Vigiai e orai para não cairdes em tentações” – afirmava o divino Senhor. Por que temer o momento natural do retorno? Enquanto esse momento não chega, para que se preocupar? O momento atual é de reflexão! Ao espírita cabe a tarefa árdua, mas necessária, de levantar a bandeira em favor da vida. A terra está preparada há muito, “a seara é grande, os trabalhadores são poucos”, mas imbuídos de boa vontade a tarefa chegará a bom termo. Nessa tarefa de conscientização cada ser estará fixando hábitos salutares para uma passagem de equilíbrio e de paz para o outro lado. Quando a hora chegar, não haverá sofrimento, nem desespero, porque a paz de consciência, a fé e a oração transbordarão do Espírito que bem viveu neste Planeta de provas, de expiações, mas também de muitas alegrias. l fonte : REFORMADOR, 2001
Posted on: Fri, 01 Nov 2013 20:11:41 +0000

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