NOTA ALTA FORA DE MODA; ERRADA E A ESCOLA E A UNIVERSIDADE QUE - TopicsExpress



          

NOTA ALTA FORA DE MODA; ERRADA E A ESCOLA E A UNIVERSIDADE QUE NÃO VALORIZA O ERRO; Errada é a escola que não valoriza o erro Por que, então, nossa escola desqualifica o erro em vez de incorporá-lo como parte imprescindível para se fazer pesquisas? Por que o ensino da iniciação científica não prepara o aprendiz para aproveitar os erros previstos no desenvolvimento da pesquisa? O sistema de ensino, no Brasil, é um dos piores do mundo, talvez porque ainda não aprendeu a valorizar a experiência[4] (senso comum) e investir na experimentação científica; ambos podem e devem ser tomados como caminhos válidos para inovação do ensino e da aprendizagem. Os professores, na sua maioria, não são incentivados e nem preparados para ousarem ir para além do que está escrito nas apostilas, nos livros didáticos e livros canônicos (e canonizados pela ideologia dominante acadêmica), no fundo, mais argumentos de autoridade do que pelos argumentos da lógica racional e das experimentações científicas. Não raro, alguns seguem ‘bancariamente’ uma teoria ou método – geralmente estrangeiro – considerado “pedagogicamente correto” para ensinar tudo à todos. Não basta fazer crítica rasa; é preciso fundamentar, repensar, e se arriscar em atos inovadores no âmbito do ensino e da pesquisa científica. Qual ensino e pesquisa podem ser considerados autênticos e sem um mínimo de ensaio e erro? A professora que segue uma teoria consagrada, ou da moda, sem criticá-la, no fundo, se projete contra os eventuais erros que poderá cometer e, assim, ela caminha na contramão da verdadeira atitude científica. O exercício crítico-e-autocrítico, a discutibilidade, e o ceticismo, devem fazer parte do ethos do professor-pesquisador. Essa postura também deveria atingir o aluno. Diferente do aluno japonês, o aluno brasileiro não sabe acolher uma crítica da professora e nem é formado para sustentar uma atitude crítica consistente e coerente[5]. Mas, todos eles respeitam uma professora disposta a reconhecer seus erros. É preciso fazer uso do tato pessoal e do “conhecimento prudente” para ensinar aos alunos a reconhecer os caminhos ‘errados’ trilhados pelos cientistas até elaborarem suas teorias provisoriamente ‘certas’. Porque, a verdade é que não existe teoria totalmente certa, nem eternamente verdadeira. São provisórias as verdades da ciência. Mais que dever, alunos e professores tem o direito de fazer ensaios-e-erros como parte do processo da aprendizagem e do ensino sobre os assuntos. É um erro didático apresentar uma teoria surgida do nada (ex niilo), inculcando-a nos alunos como se fosse “a única” teoria válida. Portanto, a validade educativa do erro é poder demonstrar ao estudante que, sendo a ciência um produto humano, vem marcada pela inteligência, imperfeição, provisoriedade, e erros e errâncias próprias do constructo teórico. Também, os professores deveriam corrigir junto aos alunos a idéia de que os cientistas são seres ‘inumanos’, ‘gênios’, ‘excêntricos’, portadores de uma inteligência privilegiada. É preciso des-estereotipar a imagem negativa do cientista vendida nos filmes e nas peças de publicidade, tal como aquela que aparece Einstein com a língua de fora. Ora, o cientista é uma pessoa comum que erra no seu trabalho de pesquisa, por isso se angustia, também se alegra, usa o senso comum na sua vida cotidiana, provavelmente educa os filhos seguindo o senso comum em vez de “aplicar” uma teoria educativa ou psicológica, etc. Outro erro muito comum no âmbito da formação do professor é a idealização do aluno. Ora, o aluno “real” encontrado na nossa prática cotidiana da sala de aula é muito diferente daquele aprendido nos cursos de formação de professores. O aluno “real” é potencialmente imprevisível. O que nele há de previsibilidade é a sua capacidade de sensocomunicar-se, cometer erros, e de não responder positivamente ao método pedagógico tomado com “certo”; quanto mais divergente e criativo é o aprendiz menos ele estará de acordo com os manuais, o método e a teoria vigente. Considerações finais e provisórias Acredito que os alunos passariam a gostar mais dos assuntos se fossem reconhecidos em seu potencial emancipatório de estudante. Provavelmente, eles teriam seu interesse aguçado se o conhecimento fosse “menos mistificado e mais emancipatório” (SOUSA SANTOS, 2004). O simples ato de os professores humanizarem os homens de conhecimento, no mínimo, serviria para os estudantes se identificarem como um outro ser humano, pensante, apaixonado pelo saber, com coragem e determinação para buscar soluções racionais para os questionamentos sobre a natureza, os bichos, os insetos, e os próprios seres humanos. Se os alunos-estudantes soubessem sobre a história dos ensaios e erros nas descobertas, o contexto cultural e o pensamento predominante da época, os interesses ideológicos, etc, o conteúdo científico faria melhor sentido para eles investirem na sua aprendizagem e na problematização das teorias e dos métodos. Além da necessidade de se construir uma “ambiência para a investigação” (LÜDKE, 2005), por meio do qual os estudantes seriam estimulados a se inserir em grupos de pesquisa, é preciso revelar os erros e acertos registrados na história das ciências, que, no fundo, é a história do senso comum com seus erros e acertos para a vida prática (sabedoria[6]), que só depois passou a demandar uma explicação sistematizada, isto é, supostamente mais confiável. Sem nosso esforço, humildade, e coragem para reconhecer os próprios erros jamais acertamos em nosso ato de ensino e nas eventuais descobertas no campo da pesquisa. Como dizia Carl G. Jung "erros são no final das contas, fundamentos da verdade".
Posted on: Thu, 25 Jul 2013 18:56:35 +0000

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