NOVÍSSIMUM ORGANUM - aforismo 147 de "Minima Moralia" de T.W. - TopicsExpress



          

NOVÍSSIMUM ORGANUM - aforismo 147 de "Minima Moralia" de T.W. Adorno. Por Marco Antonio Jeronimo 21/07/2013 às 13:35 Email:: advogado.filosofo@gmail URL:: amazonadaesperanca.blogspot.br . . . . . xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx NOVÍSSIMUM ORGANUM. XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX Há muito tempo foi demonstrado que o trabalho assalariado formou as massas dos tempos modernos, criou mesmo o trabalhador. Em geral, o indivíduo não é apenas o substrato biológico, mas também a forma de reflexo do processo social, e sua autoconsciência como um ser em si é a ilusão da qual se tem necessidade para incrementar sua produtividade, enquanto, na economia moderna, tudo que é individuado funciona como mero agente da lei do valor. Daí se poderia deduzir não só o papel social, mas também a composição interna do indivíduo em si. Nisso tudo, o que é decisivo na presente fase é a categoria da composição orgânica do capital. Sob essa expressão a teoria da acumulação compreendia "o crescimento na massa dos meios de produção, comparada com a massa da força de trabalho que os anima" (Marx, O Capital, I). Se a integração da sociedade, sobretudo nos estados totalitários, determina os sujeitos a serem cada vez mais exclusivamente aspectos parciais no contexto da produção material, então a "transformação da composição técnica do capital" prolonga-se nos indivíduos, absorvidos e, a rigor, em primeiro lugar constituídos pelas exigências tecnológicas do processo de produção. A composição orgânica do ser humano não pára de crescer. Aquilo através de que os sujeitos são neles mesmos determinados como meios de produção e não como finalidades vivas cresce como a proporção das máquinas em relação ao capital variável. Os discursos habituais sobre a "mecanização" do homem são enganosos, porque o concebem como algo estático, que por "influências" de fora, através de uma adaptação a condições de produção a ele exteriores, sofre certas deformações. Mas não existe substrato algum dessas "deformações", nenhuma interioridade ôntica sobre a qual mecanismos sociais atuariam de fora apenas: a deformação não é nenhuma doença no homem, e sim uma doença da sociedade, que gera suas crias com aquela "tara hereditária", que o biologismo projeta na natureza. É quando o processo, que se inicia com a transformação da força de trabalho em mercadoria, permeia todos os homens - transformando em objetos e tornando "a priori" comensuráveis cada um de seus impulsos, como uma variante da relação de troca - que se torna possível à vida reproduzir-se segundo as relações de produção imperantes. Sua organização integral exige uma união de mortos. A vontade de viver encontra-se na dependência da negação da vontade de viver: . . . A AUTOCONSERVAÇÃO ANULA A VIDA NA SUBJETIVIDADE (grifos do transcritor juramentado). . . . Comparados a isso, todos os esforços de adaptação, todos os atos de conformismo descritos pela psicologia social e pela antropologia cultural não passam de epifenômenos (fenômenos secundários - nota do juramentado). A composição orgânica do homem de forma alguma diz respeito apenas às suas capacidades técnicas especializadas, mas também - e isso a crítica cultural usual não admite de modo algum - ao contrário delas, aos aspectos de naturalidade, que decerto emergiram já na dialética social e agora a ela sucumbem. . . . . . Mesmo aquilo que no homem difere da técnica vê-se incorporado como uma espécie de lubrificação técnica. . . . . . . . A própria diferenciação psicológica, em suas origens resultante da divisão do trabalho e do fracionamento do homem segundo os setores do processo de produção e da liberdade, acaba por se colocar a serviço da produção. "O Virtuose especialista", escreveu um dialético há trinta anos, "o vendedor de suas faculdades espirituais objetivadas e reificadas [...] também incide numa atitude contemplativa em relação ao funcionamento de suas próprias faculdades objetivadas e reificadas. . . . . . . Essa estrutura mostra-se de modo mais grotesco no jornalismo, onde precisamente a própria subjetividade, o saber, o temperamento, a capacidade de expressão, se transformam em um mecanismo abstrato, acionado segundo leis próprias, independente tanto da personalidade de quem "possui" tudo aquilo, quanto da essência concreta e material dos objetos tratados. A falta de convicções dos jornalistas, a prostituição de suas vivências e de suas crenças só é compreensível como ponto culminante da reificação capitalista."* * {Georg Lukács, Geschichte und Klassenbewusstsein, Berlin: Der Malok-Verlag, 1923, p. 111.} . . . . . . O que aqui se constata nas "manifestações de degenerescência" da burguesia, que ela mesma ainda denunciava, emergiu entrementes como norma social, como caráter da existência integral da sociedade industrial avançada. . . . . . . . . Há muito tempo que não se trata mais apenas da venda do que está vivo. Sob o "a priori" da comercialização, o vivente enquanto tal transformou-se a si mesmo em coisa, em equipamento. O Eu coloca o homem como um todo a seu serviço como um aparelho seu. Nessa reestruturação, o Eu enquanto diretor de empresa concede tanto de si ao eu como meio da empresa, que ele se torna inteiramente abstrato, mero ponto de referência: A CONSERVAÇÃO DE SI PERDE SEU SI (grifos do juramentado). As qualidades - da autêntica amabilidade ao acesso histórico de raiva - TORNAM-SE MANIPULÁVEIS (mais grifos do jura-mentado), até serem finalmente absorvidas em sua utilização adequada à situação. Elas se alteram com sua mobilização. Elas sobrevivem apenas como envoltórios ligeiros, rígidos e vazios dos impulsos, material transportável à vontade, desprovido de qualquer traço pessoal. Não são mais sujeito, mas o sujeito refere-se a elas como a seu objeto interior. Em sua irrestrita docilidade em relação ao eu, estão ao mesmo tempo dele alienadas: totalmente passivas, cessam de alimentá-lo. . . . . TAL É A PATOGÊNESE SOCIAL DA ESQUIZOFRENIA (mais juramentados grifos nossos). . . . . . A separação que se processa entre as características e a base pulsional, assim como entre elas e a ipseidade (princípio de individuação - grifos do juramentado) que as comanda lá onde antes apenas as mantinha juntas, leva o homem a pagar sua crescente organização interna com uma crescente desintegração. . . . A consumação da divisão do trabalho no indivíduo, sua objetivação radical, conduz à cisão doentia. . . . . Daí o "caráter psicótico", o pressuposto antropológico de todos os movimentos de massa totalitários. . . . . . . . . . Precisamente essa transcrição de características fixas e modos de comportamento que disparam em precisão - uma aparente vivificação - é expressão da crescente composição orgânica. . . . . . . Reações rápidas, SEM A MEDIAÇÃO DO QUE CONSTITUI O INDIVÍDUO (grifos juramentados), não restauram a espontaneidade, mas estabelecem a pessoa como instrumento de medida disponível e decifrável pela autoridade central. . . . . . . . . . Quanto mais imediata é a sua decisão, tanto mais profundamente sedimentada está, na verdade, a mediação: nos reflexos de pronta resposta, desprovidos de resistência, o sujeito extinguiu-se por completo. . . . . . . . Assim, os reflexos biológicos - modelos dos atuais reflexos sociais -, quando confrontados com a subjetividade, são também algo objetivado, estranho: não é por acaso que são chamados com freqüencia, de "mecânicos". Quanto mais os organismos estão próximos da morte, tanto mais regridem ao estado de convulsões. De acordo com isso, as tendências destrutivas das massas, que explodem em ambas as modalidades de estados totalitários, não seriam tanto desejos de morte, quanto manifestações daquilo que já são. Eles assassinam para que a eles se iguale o que lhes parece vivo. (fim deste aforismo) . . . .. . . . . . . . . . . . . . . OMNIS POTESTAS A LEGE VENTURIS VENTIS G G G G G G G G G G G G G G G G G G G G G G G prod.midiaindependente.org/pt/blue/2013/07/522027.shtml
Posted on: Sun, 21 Jul 2013 23:05:23 +0000

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