Na coluna do Murá: DNA da nação fica incompleto sem - TopicsExpress



          

Na coluna do Murá: DNA da nação fica incompleto sem imigrantes "Dentre as muitas manifestações que a coluna recolheu, a propósito do comentário feito na edição de terça-feira, sobre o esquecimento que o Brasil vota à contribuição dos imigrantes à história do país, escolhi o texto a seguir, do professor e jornalista Hélio Puglielli, oportuníssimo: “Ao se insurgir contra a omissão da participação do imigrante na identidade brasileira, Celso Ming colocou o dedo numa ferida indolor, mas nem por isso cicatrizada. A incompletude das grandes análises da formação brasileira aí está, para ser sentida por quem não se contenta com a triangulação português-negro-índio. E, além de omissões, equívocos óbvios. Olavo Bilac, por exemplo, considerou o brasileiro como produto de três raças tristes. O país do carnaval, do samba, do futebol, combinaria com tal produto? De um poeta, que lida com metáforas, não se pode cobrar objetividade. Mas aos autores de obras fundamentais para a compreensão do Brasil, sim. O vate aludia simbolicamente à ‘tristeza dos desertos, das matas e do oceano’, à ‘orfandade de selvagens, cativos e marujos’ e nos emocionamos com os versos, assim como com as ‘lágrimas salgadas’ que contribuem para o grande mar português enunciado por Fernando Pessoa.” E prossegue Hélio Puglielli: “Emoções a parte, não temos ainda a obra-chave para a compreensão da brasilidade. Muitos chegaram perto e não é o caso de elencar seus nomes, muito conhecidos dos estudiosos e citados no artigo de Ming. Wilson Martins, que não foi citado, deu a sua densa contribuição por intermédio da ‘História da Inteligência Brasileira’ e mais especificamente com o ‘Brasil Diferente’. Essa última obra é uma interpretação do Paraná, contrapondo-se de certa forma ao enfoque de Temístocles Linhares, que dava ênfase ao processo catalisador exercido pela cultura luso-brasileira. Em oposição, Wilson Martins dá destaque à contribuição dos fluxos étnicos que compõem a paisagem humana do Paraná. Tanto as teses de Linhares quanto de Martins sofreram a ação do tempo, porém. Temístocles, adepto e assessor de Bento Munhoz da Rocha Netto, participou da organização dos festejos do centenário de emancipação política do Paraná, em 1953, quando Bento era governador. Seu livro, ‘Paraná Vivo’, é quase um grande relatório do paranismo. O ‘Brasil Diferente’, de Wilson, não tem esse compromisso. É um bom exemplo de abordagem abrangente da convergência étnica que caracteriza não só o Paraná, como todo o sul do país, além de Estados como Espírito Santo e Minas Gerais.” E completa Puglielli: “Essa abordagem sofreu ação do tempo, na medida em que o movimento imigratório foi sucedido por uma segunda etapa, na qual muitos dos descendentes de imigrantes se transferiram para outros Estados além dos que foram mencionados, em grandes fluxos migratórios. Como principais protagonistas, devem ser citados os ítalo e teuto-brasileiros que, partindo do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, alargaram a fronteira agrícola até o extremo-norte brasileiro, passando pelo cerrado e a floresta amazônica. Essas novas gerações de brasileiros desempenham, hoje, papel atuante na economia agrícola, nem sempre em adequação com os interesses de preservação da flora originária. No contexto dessa nova epopeia de conquista da terra, é um problema, dentre tantos outros que estão a merecer novos estudos para compreendermos melhor quem somos e o que fazemos.” icnews.br/2013.09.18/colunistas/aroldo-mura/dna-da-nacao-fica-incompleto-sem-imigrantes/
Posted on: Thu, 19 Sep 2013 00:51:49 +0000

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