Natureza. Fixou o olhar no horizonte, e seus pensamentos - TopicsExpress



          

Natureza. Fixou o olhar no horizonte, e seus pensamentos reagiram instantaneamente ao estimulo natural, que mesmo que primitivo tinha a força do mais avançado dos recursos científicos. Imaginando um outro mundo, de formas mais amenas, de pensamento menos hostil, banhado numa dor menos profana, numa crueldade menos cruel. Imaginando o pensamentos das árvores, o caminho incerto que elas seguiam sendo apenas o que eram sem preocupação alguma, nem sequer com o entardecer. Queria libertar-se das amarras e ser parte única e integrada do horizonte que se estendia, queria amor, queria negar ao pensamento, negar a humanidade, negar o que era em todos seus sentidos, em todas suas formas, em toda sua mente. Queria remoldar a humanidade em formas menos dolorosas. Desistiu de sua utopia, recriou a realidade. Olhou nos olhos humanos em toda a parte e sorriu pela crueldade que se deitava sob seu rosto, sorriu diante do fascínio que lhe era mostrado, pelas peripécias humanas cheias de humanidade, pelos erros certos e pelos acertos errados. Estruturou de novo sua mente, pela falta de compaixão, pela morte dos inocentes, pela dor e pela lágrima. Sorriu pelo fracasso, sorriu pelos erros, sorriu pelo mal e pelo apelo não ouvido dos oprimidos. Através do sonho de mudança inalcançável, pelas quimeras políticas e religiosas, pela valorização daquilo que se reprime, pela desanimalização do que é homem, criou uma nova tragédia, gloriosa em seus erros, cheia de falta, cheia de nada, lotada pelo declínio do pensamento, lotada pelo declínio dos valores, reformulados sob uma nova perspectiva, sem o bem, sem o mal, sem o ruim, sem o bom, com o humano, apenas humano em demasia, humano cego e defeituoso, imperfeito e fracassado. Deitou-se sob o que lhe foi criado dentro da mente e sorriu. Chorou pelo gosto, afagou o chão, afagou o nada, e fixou-se novamente no horizonte, cheio de dúvidas, cheio de falta, de indagações. Olhou para o infinito azul, avisando o mundo de que nada ali havia, além de um infinito secreto de reações naturais, de coincidências felizes e de surpresas fadadas a um novo recomeço. Sorriu para o céu, feliz pela ausência de vida que ali se fazia existir. Dormiu sob o céu morto, sob o desgosto, sob o que o homem sabe fazer de melhor. Dormiu sob as guerras, sob a moral, sob a honra, sob os defeitos que Deus criou. Dormiu sob o mal, sob a desavença, sob o bem, sob os sorrisos. Dormiu ínfimo. Acordou impuro e tomou de novo o gosto pelo que é vil e humano, pelo que é natural e bom e pelo que ele havia se tornado pela desventura de ser. 23/07/2011 N.J.V.B.
Posted on: Mon, 07 Oct 2013 02:35:00 +0000

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