Nenhum outro prédio de Porto Alegre, nenhum, causaria tanta comoção na cidade como o Mercado Público. As chamas que destroem o local na noite deste sábado queimaram também nossas memórias e rotinas. O Mercado não é do rico. E também não é do pobre. Ele não é da Prefeitura. Nem do grande empresário. O Mercado Público reunia a chef que buscava por lá ingredientes diferenciados para uma receita nova, quanto a trabalhadora que garantia o jantar depois de um dia de batente em alguma loja ou escritório do Centro. O Mercado é espaço religioso marcante para os umbandistas. E também é templo para quem não tem Deus algum. O Mercado aceita todo mundo. Acolhe todo mundo. Tem o melhor vinho importado e o mais típico vinho de garrafão. Tem um dos melhores restaurantes da cidade e também lanchonetes de estilo pé sujo para se comer no balcão. O Mercado é espaço para a venda de trabalhos de artesão. Espaço para a produção de assentamentos e da agricultura familiar. Espaço para entidades de estudantes e comunitárias. Porto Alegre vai perder muito. Mas que não seja por muitos dias. A reconstrução deve ser uma prioridade pelo respeito à nossa história. À Prefeitura e aos Bombeiros caberá reconhecer seus erros. Mas para a reconstrução espero uma grande mobilização da cidade. Uma campanha que reerga nosso espaço democrático. E que ele ressurja ainda mais plural. Torço para que o empresariado da cidade saiba que é preciso participar.
Posted on: Sun, 07 Jul 2013 01:48:23 +0000
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