"No balancê balancê, ouve o que vou te dizer: Jacob Barata, vá se foder e leva o Cabral com você!" Bom dia! Em mais um dia típico carioca, a manifestação do Casamento da Dona Baratinha acabou com uma queima de fogos promovida pela polícia: com bombas de gás lacrimogêneo, spray de pimenta e distribuição gratuita de balinhas de borracha para os não convidados da festinha porca. Mas eis que de repente... "Olha eu aqui de novo!"... E quando fui embora, às 04:30 da madruga, um grupo de umas trinta pessoas ainda gritava para os convidados que tentavam sair da festinha: "Sai pelo esgoto!" Agora sou parte das estatísticas: mais um a levar tiro de borracha do Choque. Gás de pimenta tá tranquilo; fumo feito um vândalo, nem percebo... Levei sprayzada com um cigarro na boca e continuei fumando. Mas foi bom pra testar minha calça reforçada de brim, especial para manifestações; apesar da marca e de alguma dor na panturrilha, onde levei o tiro, deu pra sacar que minha armadurinha minimizou o estrago. Uma coisa é certa: esse tipo de manifestação tem que virar um hábito. Fazer da vida dos caras um inferno! Jogar na rede cada evento, restaurante, clube, peça, show ou seja lá onde essa cambada aparecer, para que na saída sejam recebidos por duas, dez, cem pessoas ou quantas forem, gritando, fazendo barulho e zombando dos "dotô". Fazer com que os malditos sejam execrados pelos vizinhos, parentes, amigos, donos de estabelecimento; transformá-los em estorvos indesejáveis para os que com eles convivem. E sempre com muito humor, coisa que eles não tem. Me lembrei daquela música do Dusek, que diz: "A elite indignada disse: Basta! A plebe rude debochada disse: Bosta!" Vamos jogar bosta no ventilador! Vamos jogar bosta na polícia! Vamos jogar bosta nesses bostas!... E, falando em jogar, antes que vocês leiam por aí que a polícia agiu com a força necessária para reprimir os baderneiros que jogavam pedras no Copa, acho bom deixar claro que os primeiros atos de violência partiram dos convidados da festa em duas ações quase simultâneas. (Isso mesmo. Não foi nem da polícia, nem dos seguranças e nem dos manifestantes.) Jogaram do 2o andar um enorme cinzeiro de vidro na cabeça de um dos manifestantes (que levou 12 pontos e teve que ir para uma UPA por ter perdido muito sangue, e vai registrar uma denúncia de tentativa de homicídio contra a "socialite" que lhe jogou o artefato) enquanto, do outro lado da portaria do Copa, um senhor metido a machão e com pinta de milico-novo-rico tentava peitar os manifestantes... Aí, sim, choveu pedra. (A foto mostra o sangue de Ruan, o manifestante atingido pelo cinzeiro, na parede do lado esquerdo do Copa. Ruan fez uma belíssima decoração de casamento para a Dona Baratinha, manchando com seu sangue as paredes de ambos os lados da portaria principal do Copa) E pra acabar, outro grito memorável emanando boas vibrações para os recém casados: "Não vai ter foda! Não vai ter foda!" PS - Para quem não sabe de que catso estou falando, reproduzo aqui um trecho do convite paralelo para o Casamento da Dona Baratinha: "Hoje às 19hs na Igreja do Carmo irá também se casar Beatriz Barata, filha de Jacob Barata, que muitos de vocês devem conhecer. Jacob é o fundador do Grupo Guanabara, um dos maiores conglomerados de empresas de transporte de passageiros do Rio de Janeiro. Ele faz parte daquele grupo bacana que monopoliza o transporte público e oferece esse serviço de excelente qualidade que todos nós conhecemos. Como ele é muito bem relacionado, o casamento da Srta Barata terá muitos convidados importantes, quem sabe até nosso querido governador ou nosso digníssimo prefeito. Sem falar no Júlio Lopes, que todos conhecemos também." SE O DINHEIRO É ROUBADO EU TAMBÉM QUERO BEM-CASADO! — em Hotel Copacabana Palace.´´ De Gabriel Fomm
Posted on: Sun, 14 Jul 2013 20:36:30 +0000
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