No final do primeiro semestre de 2005, o segmento pensante de um - TopicsExpress



          

No final do primeiro semestre de 2005, o segmento pensante de um país maltratado ao extremo por seus próprios habitantes, presenciou estarrecido nos jornais noturnos da mídia televisiva, coadjuvados por semanários de seriedade incontestável, como a revista Veja, o momento exato em que um funcionário dos Correios embolsava uma gorda propina, extorquida de empresários, ou empreiteiras de forma agressiva e vagabunda. Nos vários dias que se seguiram, o gesto matreiro desse elemento se tornou um escárnio para o cidadão de bem, na medida em que suas declarações eram difundidas ao vivo e em cores. O monólogo de uma perversidade a toda prova foi envolvendo outras personalidades, inclusive detentores de um mandato político que sugavam os dinheiros públicos com dedicação e afinco, e em tempo integral. Como num passe de magia louca a sociedade tomou conhecimento dos meandros dos financiamentos de campanha e da sanha em se locupletar com o dinheiro suado do contribuinte, levado a cabo por figurões da política, em todos os escalões. As quadrilhas não eram criadas ao acaso, uma vez que existia uma orquestração dos níveis mais altos do mando, que determinava onde as mesmas se estabeleceriam e como se daria o trabalho de sapa, arrecadação ou gatunagem. Concluída essa primeira etapa, os responsáveis pela sangria moleque e descarada do Erário, colocavam entes de sua inteira confiança nas testas das repartições conveniadas, geralmente detentoras de orçamento de peso, movimentando rios de dinheiro. Ai a farra começava, através do superfaturamento, das licitações fraudulentas, da contratação de empresas de compadres, da compra de notas frias e inúmeros sortilégios, pois o estoque do bazar além de inesgotável era eclético, tinha de tudo e para todos os gostos. Ao exemplo de uma operação dominó, as pedras não cessavam de cair, arrastando consigo uma caterva escorregadia e ensaboada, e comandantes da tropa de choque daquele que chegava a oferecer um pouco mais. Foi através de um presidente de um partido político, dotado de uma oratória privilegiada que a gandaia foi dissecada em parte, uma vez que a verdade inteira jamais será contada. Em hipótese alguma, nunca chegará ao consumo de mortais comuns e que não estejam implicados numa falcatrua merecedora dos prêmios Oscar ou Nobel da criminalidade. Arre diabos! As declarações desse honorável senhor abriram verdadeiras crateras nas reputações de vestais intocáveis, demonstrando que uma matilha de lobos em pele de cordeiros estraçalhava a moral e os bons costumes, conjugando a rapina em todos os tempos e modos, na condição de insaciáveis por pecúnia. Na empolgação de uma dissertação minuciosa esse deputado federal descortinou uma operação cínica, inusitada, além de perversa ao extremo chamada mensalão, e direcionada na compra de parlamentares sedentos por numerário. A mecânica descrita pelo mesmo é de uma lógica meridiana, no entanto, e na inexistência de uma folha de pagamento ou contracheque dessas quantias, que eram efetuadas, na maioria das vezes em dinheiro vivo, passado o momento de pânico a denúncia foi considerada inconsistente, fantasiosa, irreal, senão mentirosa. Somente a conveniência, a conivência e o instinto de sobrevivência chegariam a exigir mais provas sobre uma questão óbvia e comentada a boca miúda desde que o cão era menino, embora sem a periodicidade atual. Parece que o crime compensa! Este cronista foi assaltado por dois marginais (esses eram de ofício e pertenciam a uma favela de Caruaru/PE), que lhe levaram os pertences (no dizer da dupla) e dinheiro, entretanto, não lhe forneceram nenhum recibo, a não ser a ameaça pra que o mesmo corresse e não olhasse pra traz se não lhe estourariam os miolos. Nem por isso, e apesar da ausência de um documento comprobatório, esse assalto deixa de ser verdade e de ter ocorrido na tarde/noite de 07/02/03. Retornando a dissertação do assunto, os pagamentos dos favores realizados com cheques complicaram os implicados no recebimento dessa prazerosa dádiva que iniciaram defesas atabalhoadas, elegendo a mentira como bandeira e arrimo, numa tentativa de convencimento incestuoso, uma vez que as evidências eram por demais contundentes. De uma relação de dezoito implicados, alguns se anteciparam ao julgamento e renunciaram, a fim de conservarem os direitos políticos (uma verdadeira aberração), enquanto outros enfrentaram o processo, confiantes nas amizades, no corporativismo palpável e na ligação partidária. Sem entrar em detalhes, há coisas, no entanto, que chamam a atenção do espectador mais alheio ao processo político, senão vejamos. Por ocasião das votações de processos de cassações, a mídia notificou que um dos julgados e absolvidos era atualmente detentor de uma fortuna de R$ 6,5 milhões e iniciara a vida como simples bancário. Outro, apesar de não envolvido nas ocorrências “mensalinas” é um verdadeiro campeão de “artimanhas” na extinta SUDAN, e, apesar de filho de um carteiro tem um patrimônio invejável. Não é que pessoas simples não possam ingressar no mundo dos ricos de nascimento, contudo..., o grande escritor francês Honoré de Balzac, certa feita afirmou, que “por trás de toda fortuna existia um crime”. O relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito/CPI dos Correios oficializou a existência do “mensalão” contrariando o entendimento de advogados ladinos, acostumados a tirar “sangue de tapioca” e incumbidos da defesa de “injustiçados”, que às vezes transportam na cueca verdadeiras fortunas em dólares. Abrindo um parêntese, dentro de um relato perverso e apodrecido, no âmbito das falcatruas ocorridas no mundo político, a história tem se repetido com a precisão de um relógio suíço, confiramos. Quatro anos após a descoberta do mensalão do Partido dos Trabalhadores/PT (pois não havia outro signatário com tanta sede de ir ao pote), foi descoberto um similar no governo do Distrito Federal. Nesse evento, que contou com a participação da maioria dos deputados distritais, inclusive do próprio governador, todos filmados por um secretário e integrante do grupo, por ocasião do recebimento do dinheiro da corrupção esses senhores cumpriam um ritual ao deus da canalhice, vejamos. Um colocava o dinheiro sujo nas meias, uma senhora na sua bolsa de couro, talvez de uma marca famosa, outro, enrolava num envelope, enquanto alguns se abraçavam e rendiam culto ao deus da sujeira, do furto, da patifaria. Retornando ao relato do “mensalão” petista: no início de 2006, com breve pausa para o carnaval, nas quartas feiras a sessão do Congresso era direcionada ao julgamento do processo de cassação de parlamentares envolvidos nessa falcatrua, embora jurassem inocência de pés juntos. Na sessão de 22/03/06, quando da absolvição dum deputado que recebera R$ 400 mil, uma colega de partido e profissão assustou as pessoas honestas por todo o País, ao ensaiar os passos de uma coreografia macabra, debochada e inoportuna, na divulgação do resultado. De repente como saída da obra de Monteiro Lobato e do interior do Sítio do Pica Pau Amarelo, um corpanzil (semelhante a Kuka, criada pelo genial autor paulista) envolto numa túnica amarela, saracoteava pelo Plenário da Câmara uns 140 quilos de banha e cinismo petista. O ventre rotundo, cercado de pneus cadenciava a dança grotesca, representando a impunidade, a certeza que o crime compensa. Até quando! PQP! AMÉM!
Posted on: Mon, 01 Jul 2013 23:43:16 +0000

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