No seguimento deste post do John Wolf e deste do Nuno - TopicsExpress



          

No seguimento deste post do John Wolf e deste do Nuno Castelo-Branco, permitam-me dizer que não tenho uma visão tão pessimista como a do John. Não vejo em que é que a criação de uma agência governamental destinada a atrair imigrantes qualificados esbarre com a ideia de self-made man, e muito menos me parece que possa dizer-se que isso andaria perto de práticas de regimes nacional-socialistas. Creio que a visão do John enferma de um igualitarismo extremo de que não partilho. Estando a União Europeia de portas abertas há já vários anos, a existência de programas que atraiam um tipo específico de imigração apenas complementará esta política. Há que ser pragmático e interiorizar aquilo que o Nuno escreve: "Há que atrair os investimentos, facilitar procedimentos legais - burocracia, impostos, justiça -, oferecer perspectivas de actividades empresariais e garantias de segurança." Não é por acaso que Austrália e Canadá têm programas desenhados especificamente para atrair imigrantes qualificados que suprimam as necessidades de trabalho em determinadas áreas, que França e Inglaterra criam condições para investimentos por parte de elites financeiras da Rússia, países árabes e outros, e que um dos grandes segredos da renovação interna e do domínio internacional dos Estados Unidos da América, como muito bem aponta Fareed Zakaria em O Mundo Pós-Americano, é precisamente a atracção de estudantes, cientistas e académicos que ali desenvolvem os seus trabalhos, muitos acabando por se tornar parte integrante da sociedade norte-americana, como é o exemplo do próprio Fareed Zakaria, de origem indiana. Já não vivemos no tempo da migração da mala de cartão, mas sim num mundo globalizado em que boa parte das relações laborais, empresariais e académicas extravasa fronteiras administrativas e suprime limitações nacionais de outros tempos, tendo o Ocidente que apostar muito mais na qualidade do que na quantidade, sob pena de não conseguir competir com a Ásia. Da mesma forma que muitos jovens e quadros portugueses qualificados, em virtude do ajustamento económico português e, consequentemente, do mercado de trabalho nacional, têm saído do país para rumar a outros destinos onde existe bastante procura pelas suas capacidades e competências, e da mesma forma que o tecido empresarial português tem vindo a reorientar-se, em larga medida, para o estrangeiro, o que tem potenciado o assinalável crescimento das exportações, também Portugal deve adoptar políticas que permitam atrair jovens, quadros e investimentos estrangeiros. Esta é precisamente uma das principais formas de, como o Nuno escreve em relação aos portugueses da África do Sul, "trazer claros benefícios à nossa economia e tão importante como isto, (...) alguma segurança à solvência do Estado Social e ao sempre sibilinamente mencionado défice demográfico."
Posted on: Mon, 09 Sep 2013 12:30:47 +0000

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