Nota sobre a condenação dos mensaleiros e sobre a nova - TopicsExpress



          

Nota sobre a condenação dos mensaleiros e sobre a nova expressão Ditadura midiática No bom filme Tropa de Elite II, o personagem Capitão Nascimento faz a seguinte afirmação: O sistema dá a mão para não perder o braço. Agora, a condenação dos réus do mensalão, dizem vários segmentos da esquerda brasileira, é mediada por uma suposta mídia anti-petista, por uma “elite” que luta contra a reeleição da Dilma na corrida presidencial de 2014. Será isso mesmo? Vamos especular sobre os fatos e, logo de início, retroceder onze anos no tempo: a Globo, principal instrumento da mídia nacional, deu amplo apoio à candidatura de Lula na corrida presidencial de 2002 (quem duvida disso sofre de politico-miopia, penso eu). O mesmo fenômeno ocorreu em 2006, quando da reeleição do Lula, e em 2010, quando Dilma foi eleita presidente da República e manteve o PT no controle do Planalto. Então, a pergunta natural que surge é: que interesse teria a mídia nacional na condenação dos mensaleiros? Para aqueles que defendem os mensaleiros e o PT, tenho uma resposta que, com muita probabilidade, aponta para o que realmente ocorre nos bastidores das relações do PT com a mídia - e tornam a figura do Partido dos Trabalhadores ainda mais suspeita. A resposta não pode ser dada antes que seja feita uma pergunta: a quem interessa a condenação dos mensaleiros? Sabemos que Dilma lidera amplamente as pesquisas de opinião para a próxima eleição. Se a eleição presidencial ocorresse hoje, Dilma seria reeleita no primeiro turno. O PT, a quem olha para os fatos de modo mais agudo, sai, aos olhos da opinião pública, ileso e de alma lavada com a condenação dos mensaleiros. Por quê? Ora, os mensaleiros são correligionários do PT, o que nos dá a “segura” imagem de que foram condenados sem nenhuma intervenção política do seu próprio partido, sobretudo se lembrarmos de que é o próprio partido da situação que nomeia os ministros do STF - mais um ponto para um partido que deseja posar de “imparcial”, “isento” e “justo”. Se uma pesquisa de opinião pública fosse realizada sobre o assunto, eu, pelo menos, não tenho dúvidas de que a população inteira do país daria apoio à decisão do STF – e indiretamente ao PT. “O sistema dá a mão para não perder o braço”, para citar novamente o personagem “Capitão Nascimento”. Evidentemente, o alvo dos críticos revoltados com a condenação é a mídia. Dilma pouco comenta o assunto. É uma palavra ou outra, mas nada significativo acerca de se apoia ou repudia a condenação dos “companheiros”. Posição omissa e muito conveniente da nossa presidente, que só cresce aos olhos da opinião publica diante do fato de que o seu partido acaba, de um modo ou de outro, sendo como que o protagonista da decisão do STF. Atacar a mídia é jogar pedras em chapa impermeável. Nada atingirá a Globo ou qualquer instrumento da mídia sem que algo expressivo, como ocorreu na Argentina, seja posto em ação, algo como a votação de uma lei destinada à quebra dos nossos monopólios de comunicação de massa, algo que, creio, dificilmente ocorrerá no Brasil. Assim, não é demais – nenhuma especulação vazia ou paranoica – supor que essa mídia esteja servindo como um impermeável escudo a impedir que qualquer indignação atinja aquele que deveria ser o seu verdadeiro alvo: o próprio PT. A cúpula do partido, ao quase se eximir de pronunciamentos ou manifestações de revolta com a decisão da suprema corte (não tivemos sobre o caso nada mais que uma nota de poucas linhas do presidente do partido), só faz fortalecer um fato que já pode ser considerado praticamente consumado: Dilma será reeleita para 2015, e o projeto de poder do partido será mantido, pelo menos, até 2018. Já serão dezesseis anos de poder. Não podemos ser ingênuos a ponto de pensar que uma recusa da mídia ao PT permitiria a sua permanência por tanto tempo no Palácio do Planalto. O que temos, então, é o seguinte: a “ditadura” em questão não é “midiática”. Se há “ditadura” (ou algum sinal de ditadura) em questão, é a ditadura do próprio PT, que camufla os seus interesses atrás de uma suposta “mídia hostil” para se manter limpo. Com a condenação dos réus, quem sai limpo e de cabeça erguida é o próprio operador do mensalão: o Partido dos Trabalhadores. A condenação dos mensaleiros, portanto, foi, como nos disse o Capitão Nascimento, “uma entrega da mão para não perder o braço”. Poderíamos chamar esse ato, caso as minhas suspeitas sejam verdadeiras, de ato suspeito de quem, no ano que antecede a corrida presidencial, deixou-se bater para tornar-se mais forte. Deixar condenar os mensaleiros era a “mão” que o PT tinha que entregar para preservar o seu projeto de poder. Dilma perderia votos com a absolvição, pois lhe seria atirado no rosto pelos rivais, durante a campanha, qualquer mínimo sinal de manobra política prol-absolvição pelo seu partido. O jogo político, provavelmente, existe, mas não idealizado pela mídia para prejudicar a imagem do PT, mas do PT para salvar a sua própria imagem. A mídia, nesse caso, está, de fato, ajudando o partido. As imagens de “Genoínos” e “Dirceus” são dissociadas da imagem da nossa presidente e do seu partido tão logo eles são condenados. MPP
Posted on: Wed, 20 Nov 2013 04:18:57 +0000

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