Novo paradigma da educação. O futuro é muito diferente. No - TopicsExpress



          

Novo paradigma da educação. O futuro é muito diferente. No meio da cacofonia e da habitual manipulação da imprensa não percebi quem “ganhou” a greve dos professores no curto-prazo. No longo-prazo estes já perderam totalmente, e não é por culpa deste Governo ou das políticas anteriores da ministra Lurdes Rodrigues. O papel dos professores vai mudar drástica e radicalmente. Vai surgir um novo paradigma. Deixarão de ser professores e tornar-se-ão treinadores ou tutores. Essa mudança dar-se-á, e como diria Karl Marx, por razões objectivas e de determinação infra-estrutural. A mudança não surge devido à quebra da natalidade, que obviamente terá o seu peso na diminuição de professores necessários. Também não surge devido à degradação da Escola Pública que estas greves implicam. É um facto que aqueles Pais que têm fé na Escola Pública ficam com muitas dúvidas quando veêm estas “touradas”, filhos com exames adiados, sem notas lançadas… como se pode ter confiança? E a confiança é o desígnio essencial para a prevalência de uma instituição. Estes motivos desgastam os professores do Ensino Público e colocam em causa a sua existência tal como estão agora, mas não são o determinante para a grande mudança de paradigma que vai ocorrer. A grande mudança dever-se-á a dois motivos: - Há a crescente sensação comprovada pelos níveis gerais de desemprego que o ensino actual é existencialmente inútil. Traduzindo, ensinam-se matérias em demasia, que muitas vezes pouco interessam, exige-se demasiado conhecimento, sem correspondência às necessidades individuais ou colectivas. E no fim da linha esperam o estudante anos de desemprego, angústia e frustração. Definitivamente, um ensino massificado, igual para todos, exigente quantitativamente para todos é algo que não vai perdurar. Não competirá ao Estado assegurar que todos são licenciados e têm 12 anos de ensino obrigatório. Competirá ao Estado assegurar um ensino qualitativamente diferente que dê escolha ao aluno e seus Pais, escolha de escola e de percurso escolar. A uniformização levou à descaracterização do humano e à sua frustração e degradação. Esta uma primeira mudança de paradigma. O fim do ensino massificado preleccionado igualmente a todos durante décadas da vida dará lugar ao início de um ensino ligado às aptidões e capacidades do estudante, mais flexível, com mais escolha de tipo de estabelecimento e de conhecimento/actividade a seguir e inter-acção parental intensa. - Uma segunda mudança é tecnológica e deriva da rápida inovação sentida na informática e computação, designadamente no processamento de informação que determina que a educação baseada em papel e giz (mesmo que seja em Magalhães e quadro branco) vá ser muito repensada, pois qualquer máquina fornecerá o género de explicação que os professores hoje fazem, de forma mais barata e em muitos casos, mais eficaz. Veja-se já hoje os excelentes cursos de Yale em oyc.yale.edu/ ou das Universidades virtuais designadas como MOOCs. São exemplos que um professor pode servir milhões de pessoas em termos de ensino tradicional. Os professores serão agora uma espécie de treinadores ou explicadores dos alunos individualmente. Voltaremos a um ensino muito personalizado, se calhar peripatético, com aluno e discípulo, porque a massa é assegurada por meios informáticos. Estas duas mudanças, que estão a acontecer vão modificar drasticamente o papel do professor-funcionário que transmite um conteúdo pré-definido para todos. Isso vai acabar. O paradigma de ensino medieval que é ainda hoje o definidor da nossa educação em que um professor do adro de uma catedral, numa sala de um mosteiro e mais tarde numa sala de uma escola/universidade transmite o seu conhecimento a um conjunto de alunos reunidos propositadamente para o ouvir, com mais ou menos diálogo e espírito crítico, vai acabar. No novo paradigma a função bruta de transmissão de conhecimento e alguma avaliação do desempenho caberá exclusivamente à cibernética. O professor será o mestre e o explicador das matérias, talvez escolhidas pelos alunos, talvez pelos Pais, depois de estes passarem pela divulgação mecanizada. O novo paradigma assenta na escolha, na cibernética e no acompanhamento quase individual. O aluno foca-se naquilo que gosta e para o que tem aptidão e não se perde num elucidário de conhecimentos inúteis, embora possa ter acesso a eles sempre que precise. O professor explica-lhe o que ele não percebe, acompanha a sua pesquisa electrónica e monitoriza a evolução. Os pais escolhem as instituições. São estas forças que vão mudar o futuro da educação e não há greve que lhes valha ou ministro que trave.
Posted on: Thu, 01 Aug 2013 14:34:26 +0000

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