NÃO SOU POLIGÂMICO. Espalho-se um rumor, pelo face, que eu tinha - TopicsExpress



          

NÃO SOU POLIGÂMICO. Espalho-se um rumor, pelo face, que eu tinha cinco mulheres. Quem me dera... Quem é monogâmico é o sonso e certinho marido, que pula a cera. Nem que seja a cerca da sacanagem virtual, mas que trai, trai. Eu não. A mulher faz pior ainda. Imagina a cena, ela, com umas brahmas no juízo, quando senta-se numa mesa de bar, é para ser uma fêmea com ares de Capitu mesmo. Pra detonar. Não conheço uma amiga casada que não tenha pelo menos um amante virtual!... Exagero... Mas é só um flerte, é do jogo, não conta como traição, é só o vício permanente da sedução. O sr. gravatinha com ares de gerente, adora esse papo. Hipérboles alcoolizadas à parte, nunca valeu tanto aquela velha sabedoria: o que os olhos não vêem o coração não sente. A monogamia dos suicidas já era. "Nunca se traiu tanto", disse-me um dia uma secretária com ares de explícita safadeza. Você há de dizer, amigo, lá em casa não tem disso não. Você há de dizer, amiga, uma traiçãozinha não mata ninguém, até estimula o desejo. Pode ser. Nada como um marido culpado. Vira o melhor homem do mundo, inclusive na cama. Nada melhor do que um casmurro se docilizando. Nada como uma mulher que acabou de cometer um pecado fora de casa. Será capaz de caprichos orais inimagináveis. Ah, adúltera! Tu acordas, eu morro, petite mort, como no gozo dos franceses. Vá entender gozar como morte. Eu não entendo. Nada mais bonito do que uma adúltera quando dorme e nada mais extraordinário quando uma adúltera quando acorda. Os primeiros sinais… Uma mãozinha que arrisca o anestesiado esticamento… Uns incompreensíveis dizeres ainda do sonho, como se blasfemasse contra tudo e contra todos uns restos de filmes de Buñuel, o cara do obscuro objeto do desejo. Finalizo: NÃO SOU POLIGÂMICO. Os sonhos das belas adúlteras são restos de filmes não usados pelos melhores cineastas mortos.
Posted on: Mon, 05 Aug 2013 12:25:01 +0000

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