Não posso deixar de compartilhar o que escreveu minha amiga Sônia Thiesen. Por concordar com cada palavra, transcrevo na íntegra: "Às vezes os argumentos me confundem, pois se não se trata de ignorância é má fé. Não sei se alguns doutores mataram todas as aulas de saúde coletiva, se esqueceram conceitos ou se simplesmente desconhecem o que é o SUS. Pensam, ou melhor, tentam repetir o que a mídia tradicional desinforma. Trocam a definição de saúde por tratar doenças. Fazem o grande desserviço de desinformar e só divulgam o que lhes interessa. Se atenção primária (ondem faltam médicos inclusive em Porto Alegre) fosse prioridade, e é essa a intenção do programa "Mais médicos", as emergências não estariam tão lotadas e as unidades de saúde dariam conta não só da prevenção como da resolução dos problemas de baixa complexidade. É lá que os programas de imunização são implementados, vacinando a maioria da população brasileira. É lá que as gestantes realizam seu pré natal, que os bebês são acompanhados, que os hipertensos, diabéticos e outros tantos fazem seu acompanhamento. É o SUS que fornece a medicação para a AIDS, para a tuberculose, para a malária e tantas outras doenças. Todos usamos o SUS: quando nos alimentamos e os estabelecimentos oferecem produtos fiscalizados, quando bebemos a água, com níveis de cloro e flúor adequados, quando sabemos que o sangue que doamos ou recebemos é testado, quando um exército de profissionais qualificado e dedicado consegue, por vários anos consecutivos, evitar uma epidemia de dengue em nossa cidade através de uma vigilância epidemiológica que trabalha 24 horas para encaminhar medidas de controle vetorial imediatas. Saúde se faz com promoção e prevenção. O Dr Samuel, médico de um posto de saúde pequeninho localizado em uma ilha do nosso arquipélago, já salvou muitas vidas, com seu olhar atento, sua dedicação, seu respeito aos pacientes que conhece pelo nome, sabe onde moram e como vivem e consegue prevenir inúmeros agravos na comunidade de extrema pobreza onde atua. Não fosse isso, toda aquela população estaria, frequentemente, batendo na porta de uma emergência de hospital. Dr Samuel é tão importante quanto o especialista, que está na ponta da assistência. Não fosse ele, a doenças seriam mais frequentes e graves e aquela comunidade estaria desassistida. E é tão óbvio que precisamos de muito mais médicos comunitários ou de família que cirurgiões ou intensivistas! Centenas de "Samuéis" (ele existe) fariam uma epidemia de saúde no país, mas eles não estão lá. Porto Alegre recebeu médicos estrangeiros que, na falta de brasileiros que se dispusessem, estão chegando ao Brasil, para fazer um trabalho similar ao do Samuel. Eles não vão trabalhar em hospitais ou como especialistas. Vão trabalhar com atenção primária em saúde. Assim como ele, inúmeros profissionais: médicos, enfermeiros, odontólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, educadores físicos, psicólogos, biólogos, veterinários e outros trabalham norteados por esse modelo de atenção. Que não é invenção de um governo ou de um partido político, mas uma política pública recomendada pela OMS e aprovada pelo controle social, que, certamente, aqueles senhores cheios de agressividade e arrogância, que continuam a propagar sua restrita e ultrapassada visão hospitalocêntrica não tem a menor ideia do que se trata e. Ou pior, ignoram e desprezam, do alto da sua cruel visão de mundo."
Posted on: Fri, 04 Oct 2013 19:52:05 +0000
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