Nômade é jornalista e por motivos extraoficiais precisa manter sua identidade em segredo. Um dia, quando a tal da liberdade for realmente pra valer, vocês saberão quem é. *** Pênalti. Aos 47. Do segundo tempo. O coração pede licença a qualquer lógica biológica e sai pela boca. O corpo se desequilibra, perde forças e se silencia como Hiroshima. Não há um respiro ao redor. A esperança se acabou, fomos derrotados, as geleiras se derretem instantaneamente, todos os filhotes de panda são aniquilados. Eis que surge um pé esquerdo. Um pé esquerdo comum, que por toda a vida não foi notado ou recebeu algum destaque. É impossível pensar em figura mais ordinária. Mas, naquele momento – APENAS naquela fração de segundos – não era só o pé de Victor. Era um Deus, era o totem sagrado, era o maior acontecimento da história da humanidade da última semana. Era a volta do Messias em pleno Horto. O impossível, o ilógico, o maluco e o absurdo acontecem. Ainda não se sabe explicar, com exatidão, o que foi aquele pé esquerdo. Na verdade, levaremos gerações até entender – quem sabe meu neto saiba falar tranquilamente sobre o lance. Mas, até o momento, leio como uma mensagem divina. Um código que, creio, até o mais impetuoso e fanático ateu conseguiu entender. Por isso, não há como desistir. Na próxima quarta-feira, 10 de julho de 2013, cantaremos e apoiaremos como nunca. Esqueçam tudo de incrível e impressionante que fizemos nos últimos 104 anos. Seremos maiores, inesquecíveis e apaixonados. Não caberemos em nossos próprios corpos e corações. Porque algo maior do que tudo está nos apoiando. O que aconteceu em Rosário – cidade que parece se transformar no próprio inferno quando o alvinegro a visita – passou. Foi-se, o 2 a 0 já é distante. O que não quer dizer que é algo a ser esquecido – pelo contrário. A história está aí exatamente para que se estude e não se repita os erros cometidos, mas chega de relutar o acontecido. Foquemos no dia 10. Na força sobrenatural. No Horto. A força unida entre time e torcida nos torna imbatíveis. Faz com que Victor se transforme em uma muralha. A defesa seja impenetrável e o ataque cada vez mais absurdo de inteligente e veloz. Acredite, a sua voz pode fazer a diferença. Que a bomba de Oldair volte a estufar as redes do São Paulo. Que Dadá pule mais que três Acaiacas juntos e vença o goleiro botafoguense. Que Negrini acerte a bomba no gol paraguaio. Que Jorginho pegue de voleio e acerte o canto do Olimpia. Que Cerezo acerte o pênalti. Que Silvestre não perca na corrida para Nunes. Que Wright não manipule a história. Que Taffarel defenda os chutes do Rosário Central. Que tudo de grandioso e espetacular supere a injustiça e os mal intencionados. Que na próxima quarta nossos jogadores nos encarnem, já que nada mais neste mundo será mais vibração e luta. No dia 10, seremos apenas um, o Clube Atlético Mineiro, o Galo forte e vingador. A exata junção do rico, do miserável, do banqueiro e do pé rapado. Do negro e do branco. Apenas um, com apenas um objetivo: o nosso ideal.
Posted on: Tue, 09 Jul 2013 02:29:40 +0000
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