O Autêntico Coração da Tristeza (...) A prática da - TopicsExpress



          

O Autêntico Coração da Tristeza (...) A prática da meditação sentada, como vimos no capítulo anterior, é o meio de redescobrir a bondade fundamental; mais ainda, é o meio de despertar esse coração autêntico que existe em nós. Quando uma pessoa se senta na postura de meditação, ela é exactamente o que descrevemos antes: uma mulher ou um homem nus, sentados entre o céu e a terra. Quando nos encurvamos, estamos tentando esconder nosso coração, tentado protegê-lo dobrando-nos sobre ele. Ao contrário, quando nos sentamos na postura de meditação, erguidos porém relaxados, nosso coração está às mostra, está nu. Todo o nosso ser está exposto - primeiro a nós mesmos, mas também aos outros. Assim, com a prática de nos sentarmos imóveis a acompanhar o ar que respiramos no seu movimento de sair e dissolver-se, estamos entrando em contacto com nosso coração. Deixando-nos simpesmente ser como somos, desenvolvemos uma real empatia por nós mesmos. Quando acordarmos desse modo o nosso coração, descobrimos com surpresa que ele está vazio. Temos a impressão de olhar o espaço sideral. O que somos nós? Quem somos nós? Onde está o nosso coração? Se olharmos com atenção, nada veremos de tangível ou sólido. Claro, é possível encontrar algo muito sólido, se tivermos rancor contra alguém ou se estivermos possessivamente apaixonados. Esse, porém, não é um coração desperto. Se procuramos o coração desperto, se colocamos a mão no peito para senti-lo, nada encontramos - a não ser ternura. Sentimo-nos doloridos e ternos, e se abrimos os olhos para o mundo, reconhecemos em nós uma profunda tristeza. Uma tristeza que não vem de termos sido maltratados. Não estamos tristes porque nos insultaram ou porque nos consideramos pobres. Não. Essa experiência de tristeza é incondicional. Ela se manifesta porque nosso coração está absolutamente exposto. Nenhuma pele ou tecido o recobre - é pura carne viva. Mesmo que nele pousasse apenas um mosquito, nós nos sentiríamos terrivelmente tocados. Nossa experiência é crua; nossa experiência é terna e absolutamente pessoal. O autêntico coração da tristeza provém da sensação de que o nosso inexistente coração está repleto. Estaríamos prontos para derramar o sangue desse coração, prontos para oferecê-lo aos outros. Para um guerreiro, é a experiência do coração triste e terno que dá origem ao destemor, à coragem. Convencionalmente ser destemido significa não ter medo, significa revidar um murro, dar o troco. Aqui, entretanto, não estamos falando do destemor das brigas de rua. O verdadeiro destemor é produto da ternura e sobrevém quando deixamos o mundo roçar nosso coração, nosso belo e despido coração. Estamos dispostos a nos abrir, sem resistência ou timidez, e a encarar o mundo. Estamos dispostos a compartilhar nosso coração. Shambhala - A Trilha Sagrada do Guerreiro, Chögyam Trungpa Rinpoche
Posted on: Fri, 22 Nov 2013 07:43:54 +0000

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