O Livro de Joel O próprio nome de Joel – em Hebraico יואל - TopicsExpress



          

O Livro de Joel O próprio nome de Joel – em Hebraico יואל “Yo-el” – significa “Javé é Deus” e por isso, como o nome “Miquéias”, parece conter uma breve confissão de fé, a qual, provavelmente, reflete a piedade de seus pais judeus. Esse nome aparece com frequência no Antigo Testamento, havendo pelo menos uma dúzia de outros homens com o mesmo nome, como por exemplo, Joel, filho de Samuel e pai de Hemã, o cantor (1º Samuel 8: 2; 1º Crônica 6: 33). Joel é também o nome de um dos valentes de Davi, irmão de Natã (1º Crônicas 11: 38). De Joel, filho de Petuel, nada se sabe para além do que pode deduzir-se da sua obra. O profeta exerceu o seu ministério em Jerusalém e foi um homem profundamente conhecedor do mundo rural, embora se suponha que não fosse de origem camponesa. De facto, a sua qualidade poética, o conhecimento profundo dos profetas anteriores e a maneira como trata a própria língua, situam-no num ambiente cultural muito mais elaborado. Data e Conteúdo São vários os problemas que este livro nos coloca, desde a interpretação até à sua unidade, data e estrutura. Modernamente os especialistas entendem que, a partir das referências do livro à situação interna de Jerusalém e à situação internacional, e tendo em conta o estilo literário do profeta e a própria língua, é possível estabelecer uma data. As investigações modernas apontam para uma data imediatamente a seguir ao exílio da Babilônia (século V – IV a.C.), altura em que não havia rei e a Judeia era uma província do Império Persa. Coerente, no seu conjunto, apesar de algumas pequenas interpolações (como, por exemplo, 4,4-8), o livro parece dividir-se em duas grandes partes: Joel 1: 2 – 2: 27: um desastre agrícola, constituído por uma praga de gafanhotos (1: 2 – 12) e uma grande seca (1: 13 – 20), fazem o profeta pensar em calamidades maiores. Em 2: 1 – 11, a sua imaginação transforma os gafanhotos num exército que vem destruir a cidade. Esta catástrofe nacional é um convite à conversão (2: 12 – 17), que proporciona a resposta de Deus (2: 18 – 27). Joel 3: 1 – 4: 21: os acontecimentos anteriormente descritos são elevados à categoria religiosa de «Dia do Senhor». Joel, para além da efusão do espírito, joga com três temas: os sinais no céu e na terra (3: 3 – 4; 4: 15 – 16); a salvação de Judá (3: 5; 4: 16b), manifestada no plano político (4: 17) e econômico (4: 18), e a condenação das nações estrangeiras (4: 1 – 14). Teologia Joel apresenta-se como um profeta da esperança. Passaram os tempos difíceis do exílio na Babilônia. As grandes catástrofes que atingiram o povo já pertencem ao passado. O profeta espera a mudança definitiva anunciada por Jeremias e Ezequiel. Mas, passaram tantos anos e ainda não aconteceu a efusão do espírito de Deus anunciada por eles. O tempo da liberdade ainda não chegou. Os inimigos do povo não foram ainda castigados! Que dizer das promessas e da palavra do Senhor? Precisamente a partir de uma calamidade histórica e prevendo desastre ainda maior, Joel reabre os seus ouvintes à esperança. As promessas não caíram no vazio; ele crê no seu cumprimento, e anuncia-o. Para isso, convida o povo a preparar-se pela penitência e pela oração. O Senhor derramará o seu espírito sobre toda a humanidade. As esperanças alimentadas durante os séculos anteriores, desde Moisés até aos profetas que se lhe seguiram, vão cumprir-se, muito para além do que se poderia imaginar, no dia do Pentecostes (Atos 2). Capítulo 1 A mensagem anunciada pelo profeta Joel destinava-se tanto aos lideres (anciões) quanto ao povo de Jerusalém (moradores da terra). Ambos necessitavam ouvir o prenúncio do Senhor (...) Muitos entendem que a locusta descrita no verso 4 é proveniente de uma ação demoníaca, porém, o dia previsto pelo oráculo demonstra que é Deus o agente que trará assolação sobre o povo de Israel e Judá (Joel 2: 25). “Palavra do Senhor, que foi dirigida a Joel, filho de Petuel”. O nome Joel significa “Jeová é Deus”. A palavra de Deus foi dada a Joel para que ele anunciasse ao povo em Jerusalém. Os estudiosos datam o livro de Joel antes de ocorrer o cativeiro babilônico, pois muitos inimigos de Judá não são citados. Apontam a data de aproximadamente 830 a.C., durante a juventude do rei Joás, porém o livro não cita o nome de nenhum rei (2º Crônicas 22 a 24). Especulam que o profeta Joel tenha conhecido o profeta Elias, e que fora contemporâneo de Eliseu. Não passa de especulação. Outros estudiosos situam o livro na linha do tempo por volta de 760 a. C., sob o reinado de Azarias, pelo simples fato de o livro estar inserido entre os livros de Amós e Oséias no cânon. Porém, ultimamente, os estudiosos datam o livro como sendo escrito após o cativeiro babilônico, por causa da situação religiosa do povo e a ausência de organização política do povo. Porém, tudo é especulação, visto que não há evidências internas que comprovem qualquer tentativa de se datar o livro. A única certeza acerca de Joel é que o seu ministério foi exercido em Judá. O livro não faz referência à época, domicílio, profissão e nem a condição socioeconômica do profeta. Da mesma forma, presume-se que ele não pertencia à classe sacerdotal e que a pregação dele tenha se dado em Jerusalém. “Ouvi isto, vós anciãos, e escutai, todos os moradores da terra: Porventura isto aconteceu em vossos dias, ou nos dias de vossos pais?” A mensagem anunciada pelo profeta Joel destinava-se tanto aos lideres (anciões) quanto ao povo de Jerusalém (moradores da terra). Ambos necessitavam ouvir o prenúncio do Senhor. O profeta faz duas perguntas aos moradores de Jerusalém: “Porventura isto aconteceu em vossos dias, ou nos dias de vossos pais?”. Dela depreendemos duas possibilidades: Que nos dias do profeta houve uma invasão de locustas em Jerusalém como nunca visto, ou; Que, através de uma revelação divina, o profeta viu uma invasão de locustas em Jerusalém. Havia ocorrido algo semelhante ao descrito pelo profeta naqueles dias? No passado ocorreu algo semelhante ao descrito pelo profeta? Eles presenciaram uma invasão de gafanhotos, ou o profeta viu uma visão e desejava que eles propagassem a mensagem de Deus? “Fazei sobre isto uma narração a vossos filhos, e vossos filhos a seus filhos, e os filhos destes à outra geração”. Os ouvintes do profeta precisavam narrar aos seus descendentes que: Houve uma infestação de gafanhotos em Jerusalém nunca visto antes? Ou; A mensagem que seria anunciada pelo profeta? O profeta apresenta aos seus ouvintes um quadro calamitoso: locustas vorazes que destruíam tudo que encontravam. O que sobrou ao primeiro ataque de gafanhotos, foi atacado por uma segunda leva, e assim sucessivamente. A visão do profeta é de destruição, porém, a que se refere? As lavouras e campos de Judá? É de plantações que Deus tem cuidado? A última pergunta assemelha-se a do apóstolo Paulo: “É de bois que Deus tem cuidado?” (1º Coríntios 9: 9). A resposta para a visão do profeta vem da exposição do apostolo: “Ou não o diz certamente por nós? Certamente que por nós está escrito; porque o que lavra deve lavrar com esperança e o que debulha deve debulhar com esperança de ser participante” (1º Coríntios 9: 10). Ora, o enfoque da visão de Joel não era a perca de uma safra agrícola, e nem mesmo uma mera invasão de insetos, por mais devastadora que fosse. A região da palestina foi atacada por gafanhotos em 1915 e 1928, porém, tal ataque não é algo novo na natureza. Em nossos dias, apesar do desenvolvimento tecnológico e dos poderosos pesticidas, invasões de gafanhotos continuam a ocorrer pelo mundo. Há governos que fazem previsões de invasões de gafanhotos para que a população alertada busque meios de se proteger. O povo de Jerusalém, apesar do alerta do profeta acerca de uma invasão iminente, não buscaram proteção em Deus, pois são descritos como embriagados, ou seja, não estavam alerta. “Despertai-vos, bêbados, e chorai; gemei, todos os que bebeis vinho, por causa do mosto, porque tirado é da vossa boca”. Mesmo diante de um prenuncio tenebroso, o povo de Jerusalém continuava dormindo. A condição do povo se igualava aos dos bêbados, que não reagem ao sinal de perigo. Deveriam acordar e chorar. O choro deveria transformar-se em gemido. Quem deveria ser despertado? Os habitantes de Jerusalém, pois todos estavam embriagados. Por qual motivo necessitavam prantear? Porque a bebida que utilizavam haveria de ser tirada. O que eles prezavam tanto, o vinho, haveria de ser arrebatado de suas bocas. Forçosamente seriam colocados em abstinência. O que representa a figura dos gafanhotos? O que representa o vinho e o mosto? Porque os habitantes de Jerusalém eram bêbados? Os versículos seguintes apresentam a interpretação da visão, pois Deus lhe revelou através dos gafanhotos como seria a invasão dos exércitos inimigos. “Porque subiu contra a minha terra uma nação poderosa e sem número; os seus dentes são dentes de leão, e têm queixadas de um leão velho”. Como a profecia é de alerta, por causa de uma guerra iminente, segue-se que a profecia se deu antes da invasão dos inimigos. Por causa do tempo verbal da narração que aponta para o passado (subiu), alguns estudiosos entendem que o profeta descreve uma situação de derrota após uma batalha. Ora, que o quadro apresentado pelo profeta é o de uma derrota em batalha não há o que se discutir, porém, como o teor da profecia é de alerta e o capítulo 2, por sua vez, aponta para acontecimentos vindouros, é certo que o profeta descreveu uma realidade futura no capítulo 1. Mostrar um futuro profético como sendo uma realidade atual e efetiva tem o fito de despertar o povo para uma realidade que ainda está por vir. O profeta viu uma nação belicamente poderosa e numerosa avançar contra Jerusalém (minha terra). A seguir ele apresenta uma característica peculiar à nação que subiu contra o seu povo: “Os seus dentes são dentes de leão, e têm queixadas de um leão velho”. Ele não faz um comparativo entre a nação e ‘os dentes de leão’, antes diz que os dentes da nação são dentes de leão. Com que objetivo o profeta descreveu a nação invasora, se a invasão já havia acontecido? Ora, se os dentes da nação são dentes de leão, segue-se que a nação é um leão, pois os dentes pertencem a um leão. E o queixo do leão é como os queixais de uma leoa. Ou seja, a figura do leão simboliza a nação que viria sobre Jerusalém. Os estudiosos não situam o livro de Joel no tempo porque o profeta não fez nenhuma referência direta aos assírios e aos babilônicos. Por não haver uma referência direta, apontam como provável que, ou a invasão ocorreu antes do poder da Assíria, ou depois da derrota dos Babilônicos. Como é de conhecimento geral, o leão é símbolo da Babilônia, e a figura descrita pelo profeta no verso 6, parte ‘b’, é indício de que a profecia de Joel refere-se à invasão de Jerusalém pelos babilônicos. “Fez da minha vide uma assolação, e tirou a casca da minha figueira; despiu-a toda, e a lançou por terra; os seus sarmentos se embranqueceram”. O profeta Joel utiliza as figuras da videira e da figueira para fazer referência ao seu povo (1º Reis 4: 25). O que a nação poderosa e numerosa fez contra o povo do profeta? Tirou a casca da figueira, despiu-a (desfolhou) e a derrubou. A nação com dentes de leão assolou a videira e a figueira do profeta (As duas casas de Israel). Por fim, os brotos da videira, em vez de ficarem verdes, embranqueceram. A ação da nação invasora assemelha-se a ação dos gafanhotos quando atacam uma lavoura, como foi descrito no verso 4. “Lamenta como a virgem que está cingida de saco, pelo marido da sua mocidade”. No verso 4 o profeta fez referência a invasão de gafanhotos e no verso 5 orienta o povo a prantear. Qual a intensidade de sofrimento que seria impingido ao povo? Ora, o lamento do povo após a invasão dos inimigos seria semelhante ao lamento da virgem que perde o noivo prometido. O jovem prometido a uma moça pela família já tinha o título de marido, conforme se observa em Mateus 1: 18. “Foi cortada a oferta de alimentos e a libação da casa do Senhor; os sacerdotes, ministros do Senhor, estão entristecidos”. Por causa da invasão inimiga as ofertas de alimentos e a libação do templo foi interrompida. Os sacerdotes e os ministros do templo, fonte de inspiração e alegria do povo, cairiam em tristeza profunda. Alguns interpretes argumentam que a oferta e a libação foram cortadas em consequência de uma praga de gafanhotos que arruinou a plantação e a colheita, o que não condiz com o verso 6. “O campo está assolado, e a terra triste; porque o trigo está destruído, o mosto se secou, o azeite acabou”. A ação dos inimigos com boca de leão é semelhante aos dos gafanhotos quando assolam o campo e deixa a terra sem alegria. Três coisas essenciais a nação foi destruído: trigo (sustento), mosto (alegria) e azeite (culto). “Envergonhai-vos, lavradores, gemei, vinhateiros, sobre o trigo e a cevada; porque a colheita do campo pereceu”. Os religiosos de Judá deveriam ficar envergonhados pelo que fizeram a vinha do Senhor (Lucas 20: 9). Os lavradores que cuidavam da vinha (nação) trouxeram a instabilidade de trigo e cevada. Por causa dos sacerdotes e ministros, a nação dormiu o sono da indolência (Joel 1: 5; Isaías 56: 10), e em decorrência da invasão inimiga a colheita do campo pereceu. “A vide se secou, a figueira se murchou, a romeira também, e a palmeira e a macieira; todas as árvores do campo se secaram, e já não há alegria entre os filhos dos homens”. O profeta Joel descreve um quadro mais amplo: a vide secou e a figueira murchou, ou seja, Judá e Israel cairiam diante do mesmo inimigo (1º Reis 4: 25). A destruição causada pelo inimigo atingiria também outras nações (árvores do campo): romeira, palmeira, macieira, etc. Todas as árvores do campo se secaram, e os filhos dos homens perderam a alegria. Quando os profetas falavam acerca do seu povo, geralmente diziam filhos do meu povo. Neste verso verifica-se que ele profetiza acerca de várias nações: já não há alegria entre os filhos dos homens (verso 12). “Cingi-vos e lamentai-vos, sacerdotes; gemei, ministros do altar; entrai e passai a noite vestidos de saco, ministros do meu Deus; porque a oferta de alimentos, e a libação, foram cortadas da casa de vosso Deus”. O profeta conclama os sacerdotes e ministro a arrependerem-se. Eles deveriam trocar as vestes que serviam no templo por vestidos de saco. Deveriam lamentar e gemer, pois não mais serviriam no templo. A nação inimiga haveria de cortar a oferta de alimentos e a libação, ou seja, não mais ministrariam no templo. “Santificai um jejum, convocai uma assembléia solene, congregai os anciãos, e todos os moradores desta terra, na casa do Senhor vosso Deus, e clamai ao Senhor”. Além de se arrependerem, deveriam convocar um ajuntamento solene, trazendo crianças, jovens e velhos para clamarem ao Senhor. Deveriam sentir a miséria que estava por abatê-los, e clamar pela misericórdia de Deus. A tristeza que acomete uma virgem viúva não se compara a tristeza que estava por abater o povo do profeta (Joel 1: 7). Deveriam lamentar e gemer cingidos de sacos, afligindo a alma com um jejum nacional. “Ai do dia! Porque o dia do Senhor está perto, e virá como uma assolação do Todo Poderoso”. O profeta conclama os seus ouvintes a voltarem para Deus, pois o dia do Senhor haveria de vir (Joel 2: 1). Ai do dia! O dia não será do inimigo de Israel, antes será o dia do Senhor, pois a assolação descrita pelo profeta é promovida pelo Senhor Todo Poderoso. Muitos entendem que a locusta descrita no verso 4 é proveniente de uma ação demoníaca, porém, o dia previsto pelo oráculo demonstra que é Deus o agente que trará assolação sobre o povo de Israel e Judá (Joel 2: 25). “Porventura o mantimento não está cortado de diante de nossos olhos, a alegria e o regozijo da casa de nosso Deus?” O profeta continua descrevendo a condição da nação após a chegada da assolação do dia do Senhor. Ao fazer a pergunta do verso 16, o profeta está repetindo o alerta do verso 2: “Ouvi isto, vós, anciões, e escutai, todos os moradores da terra: Aconteceu isto em vossos dias, ou também nos dias de vossos pais? (...) Porventura o mantimento não está cortado de diante de nossos olhos, a alegria e o regozijo da casa de nosso Deus?” (verso 3 e 16). Todos os moradores de Sião deveriam se perguntar: Aconteceu isto algum dia em Israel? O mantimento era causa de alegria e regozijo na casa de Deus, pois das ofertas e dízimos os pobres, viúvas e órfãos da terra se alimentavam. Porém, após ser cortado o mantimento da terra, também seria cortado a alegria e o regozijo da casa do Senhor (Deuteronômio 14: 23). “As sementes apodreceram debaixo dos seus torrões, os celeiros foram assolados, os armazéns derrubados, porque se secou o trigo”. A descrição do profeta é de total desolação. As sementes apodreceram e por ter secado o trigo os celeiros e armazéns já não tem razão em permanecer de pé. “Como geme o animal! As manadas de gados estão confusas, porque não têm pasto; também os rebanhos de ovelhas estão perecendo”. Até mesmo os animais do campo sofreriam com a invasão do inimigo. Pereceriam por falta de pastagem! “A ti, ó Senhor, clamo, porque o fogo consumiu os pastos do deserto, e a chama abrasou todas as árvores do campo”. Diante de tanta calamidade o profeta clama ao Senhor, pois Ele é o responsável pela indignação que arde como fogo que ninguém pode apagar! (Jeremias 4: 4). “Também todos os animais do campo bramam a ti; porque as correntes de água se secaram, e o fogo consumiu os pastos do deserto”. Os animais do campo parecem compreender a miséria que se abate sobre a terra do profeta e bramam ao Senhor. Comparados aos animais, ao povo do profeta falta o entendimento do Santo. Capítulo 2 Era costume dos israelitas rasgarem as suas vestes, porém, Deus queria que eles rasgassem o coração (circuncisão do coração). Somente quando o homem rasga o coração é que ocorre a verdadeira conversão. A circuncisão do prepúcio, o rasgar vestes, os jejuns de alimento e os sacrifícios de animais não tornava o povo de Israel agradável a Deus, pois a verdadeira circuncisão é Deus que faz. Somente Ele tem o poder de rasgar o velho coração e dar um novo coração (Salmo 51: 10 ;Deuteronômio 30: 6). Neste capítulo o profeta Joel continua alertando o povo de Jerusalém acerca da iminente invasão dos inimigos. Ele proclama a necessidade de um arrependimento nacional para que o mal predito não sobreviesse sobre o povo e a cidade de Sião (Joel 2: 1 – 27). Após o alerta, o profeta anuncia que Deus dará, sem medida, do seu Espírito aos homens (derramar), e faz referência a vários períodos históricos que ainda estavam por vir (Joel 2: 28 – 32). “Tocai a trombeta em Sião, e clamai em alta voz no meu santo monte; tremam todos os moradores da terra, porque o dia do Senhor vem, já está perto;”. Tudo que foi apresentado no capítulo 1 é novamente apresentado no capítulo 2, porém, o tempo verbal muda. Neste capítulo a visão demonstra que a invasão inimiga está para ocorrer, ou seja, apresenta um alerta, enquanto no primeiro capítulo a visão apresenta uma calamidade instalada, demonstrando que a atitude do povo (embriagados) condizia com uma realidade caótica. O capítulo 1 começa com o clamor do profeta “Ouvi isto, vós anciões, escutai, todos os moradores da terra" (Joel 1: 2), o capítulo 2 também: “Tocai a trombeta em Sião, e daí o alarma no meu santo monte Sião...” (Joel 2: 1). Lembre-se que a divisão em capítulos e versículo simplesmente foram adotas para fins didáticos e de referência, visto que os livros da bíblia devem ser considerados no todo, sem divisões de qualquer espécie. O profeta Joel conclama os moradores de Sião a apresentar-se para a batalha. – Tocai a trombeta, daí o alarma em Jerusalém, pois o dia que pertence ao Senhor estava próximo. O dia do Senhor faria com que todos os moradores do mundo tremessem (Joel 1: 15). Enquanto no capítulo 1 a visão do profeta apresenta a nação de Israel aviltada em decorrência de uma invasão estrangeira, no capítulo 2 a visão descreve a mesma invasão como sendo iminente. “Dia de trevas e de escuridão; dia de nuvens e densas trevas, como a alva espalhada sobre os montes; povo grande e poderoso, qual nunca houve desde o tempo antigo, nem depois dele haverá pelos anos adiante, de geração em geração”. O profeta descreve o dia do Senhor como sendo de ‘trevas’ e de ‘escuridão’; dia de nuvens e densas trevas. A intensidade das trevas é comparada a alva que se espalha pelos montes ..o a alva espalhada pelos montes (verso 2). Por que o dia do Senhor seria de escuridade? A resposta vem a seguir: “... povo grande e poderoso, qual nunca houve desde o tempo antigo, nem depois dele haverá pelos anos adiante, de geração em geração” (verso 2), haveria de invadir Jerusalém. O profeta dá a entender que a escuridade se dará como por nuvens que encobrem o sol (alva), ou seja, é uma clara referencia a invasão da nação inimiga, que no capítulo 1 foi descrita e comparada a uma invasão de gafanhotos. No capítulo 1 o profeta viu o que restou da invasão de gafanhotos (Joel 1: 4), já no capítulo 2 ele descreve a chegada dos invasores como nuvens, pois a invasão dos gafanhotos se assemelha as nuvens quando encobrem a luz solar. A invasão prenunciada foi representada por gafanhotos, porém, ela se daria por um povo, uma nação (Hebraico ‘am, uma coletividade, um povo, uma nação). A quantidade de homens e o poder bélico do povo invasor seria algo jamais visto, informação que nos permite entender a pergunta feita no capítulo 1: “Aconteceu isto em vossos dias, ou também nos dias e vossos pais?” (Joel 1: 2). A resposta para a pergunta é: “... povo grande e poderoso, qual nunca houve desde o tempo antigo, nem depois dele haverá pelos anos adiante, de geração em geração” (Joel 2: 2). “Diante dele um fogo consome, e atrás dele uma chama abrasa; a terra diante dele é como o jardim do Éden, mas atrás dele um desolado deserto; sim, nada lhe escapará”. O profeta descreve a frente de batalha do exército invasor como fogo que consome, e a retaguarda como chama que abrasa. Ele compara a terra a ser conquistada pelos invasores com o Jardim do Éden, mas após passar o invasor, haverá somente um deserto desolador. Nada escapa ao inimigo invasor (devorador)! “A sua aparência é como a de cavalos; e como cavaleiros assim correm”. A aparência não diz da aparência física, antes aponta para a força e a agilidade dos invasores. São velozes e fortes como cavalos, porém, organizados como cavaleiros. “Como o estrondo de carros, irão saltando sobre os cumes dos montes, como o ruído da chama de fogo que consome a pragana, como um povo poderoso, posto em ordem para o combate”. Os obstáculos são vencidos facilmente, como o som que ultrapassa qualquer barreira. Observe o comparativo: eles não saltarão os obstáculos com os seus carros, antes como o estrondo de carros (som), irão saltando por sobre os montes. Os montes neste verso refere-se às nações. Por exemplo: Israel é o monte santo do Senhor, ou seja, a nação santa. Observe a pergunta que o salmista Davi faz aos montes e outeiros: “Montes, que saltastes como carneiros, e outeiros, como cordeiros?” Salmo 114: 6, ou seja, a pergunta dele foi feita as nações, que figuram como montes e outeiros. O povo invasor haveria de sobrepujar os obstáculos erguidos pelas nações, submetendo-as ao seu domínio (verso 6 e 7). Observe as comparações estabelecidas pelo profeta: Aparência como de cavalos – Força; Como Cavaleiros correm – Agilidade; Como estrondo de carros – Não há barreiras; Como o ruído da chama do fogo – Destruição. Em resumo: Como um povo poderoso e em ordem para a guerra pode ter as características que se assemelham a dos gafanhotos: fortes, ágeis, sem empecilhos que os detenham e destruidores vorazes. “Diante dele temerão os povos; todos os rostos se tornarão enegrecidos”. As nações temem diante do povo invasor. O temor tomará Jerusalém e as nações em redor. Todos ficarão pálidos, congelados pelo terror. “Como valentes correrão, como homens de guerra subirão os muros; e marchará cada um no seu caminho e não se desviará da sua fileira”. Este verso ilustra o verso 5. O exército invasor é descrito como ‘valente’ e ‘velozes’ (como valentes correrão). Como homens de guerra subirão os muros, ou seja, não há obstáculo para eles, pois são ‘adestrados’ na arte da guerra. A descrição seguinte é própria aos gafanhotos: marchará cada um no seu caminho e não se desviará da sua fileira. “Ninguém apertará a seu irmão; marchará cada um pelo seu caminho; sobre a mesma espada se arremessarão, e não serão feridos”. Apesar de numerosos, não se atrapalham na batalha. Cada um tem função específica, e mesmo que se arremessem sobre a espada do inimigo, contudo ‘não serão feridos’. O que isto quer dizer? Que o comportamento deles se assemelha a dos gafanhotos, que ‘doam’ as suas vidas para que os outros obtenham êxito na empreitada beligerante. “Irão pela cidade, correrão pelos muros, subirão às casas, entrarão pelas janelas como o ladrão” Os inimigos invadirão as cidades, correrão pelos muros (na antiguidade os muros eram largos (Neemias 12: 31 – 38), subirão casa por casa e agirão como o ladrão. “Diante dele tremerá a terra, abalar-se-ão os céus; o sol e a lua se enegrecerão, e as estrelas retirarão o seu resplendor”. Diante do exercito invasor os homens (terra) tremeriam, pois perderiam a confiança (abalar os firmamentos). Assim como o enxame de gafanhotos enegrecem o sol e a lua, a ação dos invasores dissiparia a luz da esperança que sustem os povos. “E o Senhor levantará a sua voz diante do seu exército; porque muitíssimo grande é o seu arraial; porque poderoso é, executando a sua palavra; porque o dia do Senhor é grande e mui terrível, e quem o poderá suportar?” O terrível exército pertence ao Senhor, pois Ele é que dá a ordem (executando a sua palavra) para a invasão. O arraial (acampamento) do exército a serviço do Senhor é muitíssimo grande. O exercito inimigo executará a palavra do Senhor, e, portanto, é poderoso. A força e o poder do exército decorrem da palavra do Senhor. Diferente de Judá e Israel, que se diziam povo do Senhor, mas que não obedeciam a sua voz, o Senhor tem o exercito invasor como sua propriedade. Novamente o profeta faz referência ao dia do Senhor, descrevendo-o como grande e terrível (Joel 1: 15; Joel 2: 1). “Ainda assim, agora mesmo diz o Senhor: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, e com choro, e com pranto”. Apesar da palavra do Senhor anunciar calamidades sobre Jerusalém, o Senhor apresenta a sua misericórdia “Ainda assim, agora mesmo...” (verso 12). Por intermédio do profeta, Deus conclama o povo a conversão: “Convertei-vos a mim de todo o vosso coração...” (verso 12). Como se converte ao Senhor de todo o coração? O profeta Moisés é claro: “E o Senhor teu Deus circuncidará o teu coração, e o coração de tua descendência, para amares ao Senhor teu Deus com todo o coração, e com toda a tua alma, para que vivas” Deuteronômio 30: 6. Somente quando Deus circuncida o coração do homem é possível amá-lo de todo o coração e de toda a alma, pois somente após a circuncisão de Deus o homem morre e passa a viver para Deus. Ora, o povo procurava cumprir a lei, pois circuncidavam o prepúcio da carne dos seus filhos, porém, sujeitarem-se Aquele que faz a circuncisão que dá vida crendo na sua palavra, não se sujeitavam. Portanto, não havia como eles amarem a Deus através de seus sentimentos, ações e esforços. A conversão do homem deve ocorrer no tempo presente, deve ser agora, pois hoje é o dia sobremodo aceitável, o dia de salvação. “E rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao Senhor vosso Deus; porque ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e se arrepende do mal”. Era costume dos israelitas rasgarem as suas vestes, porém, Deus queria que eles rasgassem o coração (circuncisão do coração). Somente quando o homem rasga o coração é que ocorre a verdadeira conversão. A circuncisão do prepúcio, o rasgar vestes, os jejuns de alimento e os sacrifícios de animais não tornava o povo de Israel agradável a Deus, pois a verdadeira circuncisão é Deus que faz. Somente Ele tem o poder de rasgar o velho coração e dar um novo coração (Salmo 51: 10; Deuteronômio 30: 6).Quais os sacrifícios que Deus se agrada? “Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus” Salmo 51: 17. Porém, o povo de Israel, apesar de: Procurarem dia a dia a Deus; Ter prazer em querer saber os seus caminhos; Ser um povo que buscam praticar justiça, e que; Não deixava o mandamento de Deus. Contudo, não serviam a Deus com entendimento (Isaías 58: 2; Romanos 10: 2). Eles estavam seguros que as suas ações como ir ao templo, estudar a lei, praticar justiça aos companheiros, etc., os tornariam agradáveis a Deus. Apoiavam-se numa justiça própria, mas não confiavam em Deus, que é misericordioso, compassivo, tardio em irar-se, benigno e que se arrepende do mal, independentemente das ações dos homens. “Quem sabe se não se voltará e se arrependerá, e deixará após si uma bênção, em oferta de alimentos e libação para o Senhor vosso Deus?”. O profeta anuncia que, caso o seu povo se arrependesse, Deus seria favorável. Além de não mandar o mal descrito nos versos anteriores, abençoaria o povo. Dos versos 12 ao 14 houve uma pausa na profecia, e foi introduzido um convite à conversão. Mesmo sendo descrito algo iminente, caso se arrependessem dos seus conceitos, Deus haveria de socorrê-los. “Tocai a trombeta em Sião, santificai um jejum, convocai uma assembléia solene”. O povo foi alertado do perigo iminente (Joel 1: 2 e Joel 2: 1 – 11), e após, é ofertado livramento (verso 12 à 14). Agora, novamente são concitados a reunirem-se ao som da trombeta, mas desta vez, que deixassem as suas atividades regulares e atendessem o chamado do Senhor (assembléia solene). “Congregai o povo, santificai a congregação, ajuntai os anciãos, congregai as crianças, e os que mamam; saia o noivo da sua recamara, e a noiva do seu aposento”. Que o povo viesse ao encontro do Senhor! Tanto anciões, quanto crianças, recém nascidos, noivo e noivas, todos deveriam deixar o que entendiam por importante, e que se voltasse para Deus. “Chorem os sacerdotes, ministros do Senhor, entre o alpendre e o altar, e digam: Poupa a teu povo, ó Senhor, e não entregues a tua herança ao opróbrio, para que os gentios o dominem; porque diriam entre os povos: Onde está o seu Deus?”. Após o povo reunirem-se, que os sacerdotes se posicionassem no templo e rogassem ao Senhor por misericórdia. Qual deveria ser a oração do sacerdote? Para o Senhor poupar o seu povo; Que não fossem entregues ao opróbrio; Que os gentios não dominassem sobre eles; Que Deus evitasse a zombaria dos povos, que diriam: Onde está o seu Deus? A mudança no tempo verbal, do verso 17 para o verso 18, dá a entender que Israel não se arrependeu e que Deus os entregou ao inimigo. As calamidades descritas no capítulo 1 e 2 acabaram por vir sobre Jerusalém, e posteriormente Deus se mostrará compassivo com Israel. As bençãos descritas a seguir, verso 18 a 27, serão concedidas a Israel como nação no milênio, quando Cristo se assentar no trono de sua glória. Elas foram anunciadas logo após a mensagem de arrependimento do profeta, uma vez que, caso arrependessem, desfrutariam destas beatitudes. Geralmente quando os profetas apregoavam a necessidade de arrependimento (mudança de entendimento acerca de alguma matéria), o povo se aplicavam as mesmas coisas do passado: ritos, lei, sacrifícios, orações, etc. O verdadeiro arrependimento, que é o rasgar do coração, não buscavam, continuavam em suas praticas antigas, que consistia em rasgar a suas vestes pelos vários jejuns que promoviam (Joel 2: 13). O que era exigido deles, somente Deus pode realizar, que é a circuncisão do coração, o mesmo que rasgá-lo (Deuteronômio 10: 16; Jeremias 4: 4). Se eles abandonassem as suas práticas legalistas, ritualistas e formalistas e fizessem como o salmista Davi, confiassem no Senhor, Deus haveria de realizar o necessário: criaria um novo coração e lhes daria um novo espírito (Salmo 51: 10). Somente Deus pode dar um novo coração e um novo espírito aos homens, desde que se arrependam, ou seja, deixem de recorrer as práticas que eram próprias aos seus pais (Salmo 51: 16). “Então o Senhor se mostrou zeloso da sua terra, e compadeceu-se do seu povo”. O profeta anuncia um tempo em que o Senhor se mostraria zeloso da terra e se compadeceria do seu povo. Observe que o tempo verbal da profecia muda deste verso em diante, e apresenta o socorro do Senhor de modo atual, do mesmo modo que foi apresentada a invasão de gafanhotos no capítulo 1. Do mesmo modo que o profeta Joel viu e descreveu profeticamente a invasão inimiga e a escassez de alimento, agora ele descreve profeticamente a condição do povo sob o favor de Deus. “E o Senhor, respondendo, disse ao seu povo: Eis que vos envio o trigo, e o mosto, e o azeite, e deles sereis fartos, e vos não entregarei mais ao opróbrio entre os gentios”. O Senhor responde o clamor do seu povo e restitui o sustento (pão), a alegria (mosto) e o culto (azeite). O povo será farto de sustento, alegria e culto, e não mais seriam entregues aos gentios. O profeta concita o povo de Israel a clamar, porém, temos aqui uma profecia para um tempo distante, visto que somente no período da grande tribulação, quando se cumprir a última semana profetizada por Daniel, o povo se reunirá para clamar (Zacarias 12: 10), e o cumprimento da promessa de que não mais serão entregues ao opróbrio dos gentios se cumprirá cabalmente com a implantação do reino do Messias (verso 15 a 19). “Mas removerei para longe de vós o exército do norte, e lançá-lo-ei em uma terra seca e deserta; a sua frente para o mar oriental, e a sua retaguarda para o mar ocidental; e subirá o seu mau cheiro, e subirá a sua podridão; porque fez grandes coisas”. Os exércitos invasores de Israel geralmente vem do norte (Ezequiel 38: 6 – 15). Deus promete lançar o exercito invasor para uma terra sem vida e deserta. A frente para o mar morto e a retaguarda para o mediterrâneo (Joel 2: 3). Tal descrição encaixa-se na profecia de Zacarias (Zacarias 14: 12 – 13). “Não temas, ó terra: regozija-te e alegra-te, porque o Senhor fez grandes coisas”. Os homens (terra) de Israel não deveriam temer (em hebraico ‘a dhãmâh, refere-se a terra vermelha da qual o primeiro homem, Adão, em hebraico ‘ãdãm, foi feito). O povo deveria trocar o medo pela confiança, pois só regozijam e alegram os que confiam no Senhor. “Não temais, animais do campo, porque os pastos do deserto reverdecerão, porque o arvoredo dará o seu fruto, a vide e a figueira darão a sua força”. Os animais do campo voltariam a pastar e as árvores a darem o seu fruto. A vide e a figueira (Israel e Judá), por sua vez, voltará ao seu vigor, apresentará a sua força. “E vós, filhos de Sião, regozijai-vos e alegrai-vos no Senhor vosso Deus, porque ele vos dará em justa medida a chuva temporã; fará descer a chuva no primeiro mês, a temporã e a serôdia”. Os filhos de Jerusalém regozijarão e alegrarão no Senhor, ou seja, a confiança não do povo em Deus será retribuída com chuvas ao seu tempo. “E as eiras se encherão de trigo, e os lagares transbordarão de mosto e de azeite”. Como as chuvas serão continuas e pontuais, não faltará trigo (pão), mosto (alegria, confiança) e azeite (unção). “E restituir-vos-ei os anos que comeu o gafanhoto, a locusta, e o pulgão e a lagarta, o meu grande exército que enviei contra vós”. Através desta promessa é possível inferir que o gafanhoto cortador, o gafanhoto migrador, o gafanhoto devorador e o gafanhoto destruidor referem-se a quatro reinos distintos, mas que, por sua vez, constituem o grande exercito que seria enviado por Deus contra o povo de Israel e que abateria as nações. Como a promessa de restauração nacional nos versos 26 e 27 dão conta que o povo nunca mais seria envergonhado, temos que ‘os anos que a cidade de Sião’ foi assolada refere-se a quatro grandes impérios que subjugaram os povos no passado da humanidade: Império Babilônico, Império Medo Persa, Império Macedônico e o Império Romano (Daniel 2). No capítulo 1 o profeta demonstra a invasão dos gafanhotos em quatro levas distintas, e no capítulo 2 somos informados que tais invasores constituem-se o grande exército do Senhor (Joel 2: 11). Ora, os reinos que se levantaram no passado, segundo os profetas, estavam todos a serviço do Deus de Israel na condição de vara de correção do Senhor para todos os povos. Obs.: Alguns pregadores utilizam de forma equivocada a figura dos gafanhotos, que ilustram somente a invasão de nações inimigas, como sendo a ação de demônios na vida financeira daqueles que não contribuem com a organização que representam “A bíblia nos fala de quatro legião de demônios que trabalham na área de maldição, estes demônios são chefiados pelo príncipe chamado Belzebu (...) Nesta situação, o profeta insistiu com o povo que se voltasse para o Senhor, com arrependimento sincero. Cada tipo de gafanhoto representa uma legiões de demônios que age na vida do homem, em seu patrimônio, em suas riquezas, bens e salários!1” “E comereis abundantemente e vos fartareis, e louvareis o nome do Senhor vosso Deus, que procedeu para convosco maravilhosamente; e o meu povo nunca mais será envergonhado”. O profeta do Senhor anuncia que haveriam de comer abundantemente e que seriam fartos, e seriam constituídos em louvor ao nome do Senhor. O Senhor haveria de proceder de modo maravilhoso e nunca mais seriam envergonhados. “E vós sabereis que eu estou no meio de Israel, e que eu sou o Senhor vosso Deus, e que não há outro; e o meu povo nunca mais será envergonhado”. Após os feitos do Senhor, o povo de Israel compreenderia que o Senhor é o Deus de Israel. Entenderiam que não há outro Deus e nunca mais seriam envergonhados. “E há de ser que, depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões”. Há um novo salto temporal na profecia. Após ser anunciada a invasão inimiga (Joel 1: 4 – 20; Joel 2: 1 – 11), a necessidade de arrependimento (Joel 2: 12) e a restauração do povo após a invasão inimiga (Joel 2: 18 – 27), temos um novo evento em um tempo estabelecido como sendo depois. A expressão traduzida do hebraico para depois, refere-se à época messiânica, ou seja, é o mesmo que nos últimos dias, conforme o apóstolo Pedro interpreta em Atos (Atos 2: 17). Muito tempo depois, quando da restauração nacional de Israel, o Senhor promete derramar (concedê-lo sem medida) o seu Espírito sobre todos os homens, sem exceção, e os filhos e as filhas de Israel profetizariam, e os velhos teriam sonhos, e os jovens teriam visões da parte do Senhor. O apóstolo Pedro cita 5 versos de Joel e os relaciona com o evento que se deu em Jerusalém no dia da festa do Pentecoste (Atos 2: 1). Do mesmo modo que na restauração de Israel o Espírito do Senhor seria derramado, semelhantemente o Espírito do Senhor foi derramado no dia da festa de Pentecoste, e muitos profetizaram e falaram em novas línguas. Os discípulos estavam reunidos em um mesmo lugar no dia de Pentecoste (festa judaica), quando ouviram um som comparável a um vento forte (impetuoso) que tomou conta do recinto (casa). Em seguida, os que ali estavam reunidos viram uma espécie de labaredas (línguas repartidas) comparável ao fogo, e estas pousavam sobre cada um dos que ali estavam reunidos. Todos que ali estavam reunidos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em vários idiomas. A idéia da palavra cheio diz de pleno, de plenitude. Refere-se ao que o apóstolo João anunciou: “Da sua plenitude recebemos, graça sobre graça” (João 1: 16; Colossenses 2: 10). Ou seja, da mesma forma que Jesus anunciou que o Espírito do Senhor estava sobre Ele (Lucas 4: 18), todos os cristãos passaram a estar cheios, plenos do Espírito Eterno, visto que tornaram-se templo e morada do Espírito (1º Coríntios 3: 16). Os turistas, por ocasião da festa do Pentecoste, que visitavam Jerusalém, ficaram perplexos ao ouvirem galileus falarem os seus idiomas (Atos 2: 6), e o apóstolo Pedro, diante de tamanho alvoroço, posicionou-se diante da multidão e demonstrou que, aquele evento em particular tinha relação com o que o profeta Joel havia anunciado (Atos 2: 16). “E também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu Espírito”. O apóstolo Pedro demonstrou que o Espírito do Senhor estava sendo derramado sobre todos os povos, até mesmo sobre os servos e as servas. Os versos 28 e 29 estão intimamente ligados. O profeta Joel demonstra que o Espírito seria derramado sobre os filhos e as filhas do seu povo, e que também os servos e as servas seriam agraciados com o Espírito. Isto demonstra que, para Deus não há acepção de pessoas, visto que, os servos do povo do profeta eram como os estrangeiros, põem, até mesmo os gentios seriam agraciados com o Espírito (Romanos 10: 12). O Senhor promete enviar do seu Espírito sobre judeus e gentios. “E mostrarei prodígios no céu, e na terra, sangue e fogo, e colunas de fumaça”. Muitos milagres e maravilhas seriam operados por Deus no dia em que o Espírito do Senhor fosse derramado. O Senhor Jesus quando esteve na terra operou sinais e prodígios em meio ao povo demonstrando a chegada do reino de Deus “Mas, se eu expulso os demônios pelo dedo de Deus, certamente a vós é chegado o reino de Deus” (Lucas 11: 20). “O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor”. Este verso introduz um novo salto temporal na narrativa do profeta Joel. Antes que venha o grande e terrível dia do Senhor, o sol ficará escuro e a lua avermelhada (Joel 3: 15). O profeta deixa de fazer referência ao período messiânico e passa para um período apocalíptico. O ‘grande e terrível dia’ só se dará após o Espírito do Senhor ser derramado sobre os homens em toda a terra, ou seja, após a vinda do Messias. “E há de ser que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo; porque no monte Sião e em Jerusalém haverá livramento, assim como disse o Senhor, e entre os sobreviventes, aqueles que o Senhor chamar”. O apóstolo Paulo cita este verso em Romanos 10: 13, após afirmar que Deus não faz acepção de pessoas (Romanos 10: 12). Ao falar ‘daqueles dias’ em que Deus derramaria o Seu Espírito, que é antes do tempo descrito como o grande e terrível dia do Senhor, o profeta Joel demonstra que, todo (qualquer que) clamar o Senhor haveria de ser salvo. Como situar no tempo a expressão “e há de ser...?” O “há de ser...” contempla o período entre o derramamento do Espírito e o grande e terrível dia do Senhor. Neste período de tempo específico, qualquer pessoa, seja judia ou gentil, que clamar o Senhor, é salvo. O que entendemos por “clamar?” Clama aquele que confia. O clamor é expressão de confiança por parte de quem clama (Salmo 55: 16). Só se confia e clama quando se entende que Deus está perto (Isaías 55: 6). Qualquer que confiar (crer) no Senhor será salvo (Romanos 10: 13 e João 3: 16 ; Atos 16: 31). Por que qualquer que invocar será salvo? Porque no monte Sião e em Jerusalém haverá salvação (livramento). Este trecho contém uma referência implícita ao Messias, pois a salvação virá de Sião (Isaías 59: 20; Romanos 11: 26). “Todo aquele que invocar o nome do Senhor” é expressão que abrange os gentios, que serão salvos “assim como disse o Senhor” ao anunciar o evangelho a Abraão “Todas as nações serão benditas em ti” (Gálatas 3: 11). Neste período de tempo, chamado pelo apóstolo Paulo de “plenitude dos gentios” , dentre os remanescentes de Israel também haverá salvação para os que atenderem o chamado do Senhor “...e entre os sobreviventes, aqueles que o Senhor chamar” (verso 32; Romanos 11: 25; Isaías 20: 22). Capítulo 3 “Porque, eis que naqueles dias, e naquele tempo, em que removerei o cativeiro de Judá e de Jerusalém”. Através deste verso percebe-se que Israel está sob o peso do Senhor, e que só no tempo determinado por Deus (naquele tempo) será livre. Somente ‘naqueles dias’ o cativeiro do povo de Israel será removido, o que sugere que estão presos em decorrência dos seus pecados. “Congregarei todas as nações, e as farei descer ao vale de Jeosafá; e ali com elas entrarei em juízo, por causa do meu povo, e da minha herança, Israel, a quem elas espalharam entre as nações e repartiram a minha terra”. O profeta Joel fala do julgamento das nações conforme Jesus anunciou aos discípulos: “Todas as nações se reunirão diante dele, e ele apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas” Mateus 25: 32. É Cristo quem reunirá, ajuntará e congregará as nações para julgá-las ao final da grande tribulação, início do milênio. No término do milênio Satanás sairá a enganar as nações e reunirá os reinos do mundo para pelejarem contra o Ungido do Senhor (Salmo 2: 2 – 3), diferente do ajuntamento de povos que será realizado por Cristo no intuito de fazer o julgamento das nações (Zacarias 12: 2 – 3). No julgamento as nações estarão no banco dos réus por causa do tratamento dispensado por elas ao povo de Israel. Os “pequeninos irmãos” que Jesus faz referência em Mateus 25: 40, refere-se ao povo de Israel: o seu povo e herança, que foi espalhado entre as nações no período de grande tribulação. Em Mateus 25: 40 os “pequeninos irmãos” não se refere à igreja de Cristo, que é designada esposa do Cordeiro. Vale de Josafá refere-se à planície do Amargedom, que significa “Jeová julgou”, e somente Joel utiliza este nome para descrever o vale de Josafá (Joel 3: 12). “E lançaram sortes sobre o meu povo, e deram um menino por uma meretriz, e venderam uma menina por vinho, para beberem”. Este verso descreve a aflição que se abaterá sobre o povo de Israel naquele dia, conforme Jesus predisse: “Pois haverá então grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem jamais haverá” (Mateus 24: 21). “E também que tendes vós comigo, Tiro e Sidom, e todas as regiões da Filístia? É tal o pago que vós me dais? Pois se me pagais assim, bem depressa vos farei tornar a vossa paga sobre a vossa cabeça”. As nações em redor, que Deus utilizou como vara de correção contra Israel, retribuem de mau grado o que o Senhor lhes concedeu, portanto, haveriam de ser castigados também. “Visto como levastes a minha prata e o meu ouro, e as minhas coisas desejáveis e formosas pusestes nos vossos templos. E vendestes os filhos de Judá e os filhos de Jerusalém aos filhos dos gregos, para os apartar para longe dos seus termos. Eis que eu os suscitarei do lugar para onde os vendestes, e farei tornar a vossa paga sobre a vossa própria cabeça. E venderei vossos filhos e vossas filhas na mão dos filhos de Judá, que os venderão aos sabeus, a um povo distante, porque o Senhor o disse”. A vara que Deus utilizou para castigar o seu povo não passaria ilesa, a exemplo do que ocorreu com os caldeus (Habacuque 2: 8). Tudo que fizeram aos filhos de Israel haveria de acontecer com eles. “Proclamai isto entre os gentios; preparai a guerra, suscitai os fortes; cheguem-se, subam todos os homens de guerra. Forjai espadas das vossas enxadas, e lanças das vossas foices; diga o fraco: Eu sou forte”. A mensagem que será anunciada as nações que serão julgadas pelo Cordeiro de Deus é de encorajamento para que compareçam a julgamento. Entre os povos deve-se anunciar que haverá guerra, e que os fortes sejam convocados. Todos aptos a guerrear que subam. Que se preparem para a batalha, e os que não tem forças, que diga: Sou forte! O que tiverem a mão para a batalha, que seja utilizado pelos convocados pelo Senhor. “Ajuntai-vos, e vinde, todos os gentios em redor, e congregai-vos. Ó Senhor, faze descer ali os teus fortes; Suscitem-se os gentios, e subam ao vale de Jeosafá; pois ali me assentarei para julgar todos os gentios em redor”. O ajuntamento dos povos será imenso e serão reunidos no Vale de Jeosafá. Diante deste Vale Cristo se assentará para apartar as ovelhas dos bodes, ou seja, estabelecerá o julgamento das nações antes de reinar sobre os povos da terra (Mateus 25: 32). Os valentes dentre os povos descerão ao Vale da decisão. “Lançai a foice, porque já está madura a seara; vinde, descei, porque o lagar está cheio, e os vasos dos lagares transbordam, porque a sua malícia é grande. Multidões, multidões no vale da decisão; porque o dia do Senhor está perto, no vale da decisão”. Quando se lança a foice na seara é para reunir os molhos. Lançar a foice equivale a ajuntar os povos. Quando todas as nações estiverem reunidas (lagar cheio), o Senhor estabelecerá o seu juízo. O profeta Isaías descreve este evento com propriedade (Isaías 63: 1 – 6). “O sol e a lua enegrecerão, e as estrelas retirarão o seu resplendor”. O quadro descrito pelo profeta Joel com relação aos corpos celestes também foi profetizado por Cristo: “E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas” Mateus 24: 29. A aflição descrita no verso 3 antecede a manifestação do Messias: “Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória” Mateus 24: 30. “E o Senhor bramará de Sião, e de Jerusalém fará ouvir a sua voz; e os céus e a terra tremerão, mas o Senhor será o refúgio do seu povo, e a fortaleza dos filhos de Israel”. Após os eventos do verso 15, Cristo se manifestará em glória, e a sua voz se fará ouvir de Jerusalém. O Leão da tribo de Judá reinará e o seu bramido será ouvido de Sião. O profeta Joel anuncia o reinado do Messias sobre todos os povos da terra. Enquanto as nações tremerão ante o bramido do Senhor, o Senhor Jesus será refúgio para o seu povo, fortaleza para os filhos de Israel. Observe que o profeta Joel faz uma descrição do reino milenial, quando Cristo se assentará sobre o trono de Davi e regerá as nações com vara de ferro, conforme a promessa do Pai registrada nos Salmos (Salmo 2: 6 e Salmo 2: 8). “E vós sabereis que eu sou o Senhor vosso Deus, que habito em Sião, o meu santo monte; e Jerusalém será santa; estranhos não passarão mais por ela” Quando o Senhor Jesus habitar em Sião como rei e sacerdote, o monte Sião será santo e a cidade será santa. A cidade será santa (separada) porque Deus habitará com o seu povo. Naquele dia todos em Israel saberão que o Cristo que crucificaram é o Senhor Deus de Israel, o Senhor que escondeu o seu rosto da casa de Jacó “E esperarei ao Senhor, que esconde o seu rosto da casa de Jacó, e a ele aguardarei” (Isaías 8: 17; Salmo 110: 1). Após Cristo ser entronizado em Sião, nunca mais estranhos invadirão ou ocuparão a cidade santa. “E há de ser que, naquele dia, os montes destilarão mosto, e os outeiros manarão leite, e todos os rios de Judá estarão cheios de águas; e sairá uma fonte, da casa do Senhor, e regará o vale de Sitim”. Naquele dia as nações menores (montes) regozijarão (mosto) e as nações maiores (outeiros) produzirão sustento em abundância (leite). Montes e Outeiros são figuras bíblicas para fazer referencia as nações, sendo que os montes referem-se a reinos pequenos, e outeiros as grandes nações. Israel é comparado a um monte e as grandes civilizações da antiguidade a outeiros. Ex: Babilônia, Egito, etc. Mosto é uma figura de alegria, regozijo e leite uma figura de alimento em abundância. Dizer que os rios de Judá estarão cheios de águas é outra figura, ou seja, o profeta utiliza a figura do rio para falar das ruas de Judá, e a água representa os moradores (Apocalipse 17: 15; Isaías 42: 15). Uma característica especial da casa do Senhor será uma fonte de água que regará o vale profundo onde se localiza o mar Morto. “O Egito se fará uma desolação, e Edom se fará um deserto assolado, por causa da violência que fizeram aos filhos de Judá, em cuja terra derramaram sangue inocente”. Uma descrição pormenorizada do peso do Senhor sobre o Egito e Edom encontra-se no Livro de Obadias. “Mas Judá será habitada para sempre, e Jerusalém de geração em geração”. Deus promete que, após aqueles dias, a tribo de Judá terá habitação eterna, e que a cidade de Jerusalém será ocupada de geração em geração. “E purificarei o sangue dos que eu não tinha purificado; porque o Senhor habitará em Sião” A purificação do sangue ocorre através da filiação divina. Somente aqueles que são gerados de novo por Deus são purificados. Enquanto os gerados segundo a carne são imundos, os gerados segundo o Espírito são puros, assim como o Pai celeste. Para habitar Jerusalém, a cidade do grande Rei, necessariamente o homem deve ser puro de coração e de espírito. Somente os purificados por Deus poderão habitar a cidade que o Senhor dos exércitos residirá. Como ocorre a purificação? Deus cria um novo coração e um novo espírito (Salmo 51: 10). Após dar vida ao coração e ao espírito do homem, Deus faz nele morada, o que é essencial para se habitar em Sião “Porque assim diz o Alto e o Sublime, que habita na eternidade, e cujo nome é Santo: Num alto e santo lugar habito; como também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e para vivificar o coração dos contritos” Isaías 57: 15. Mesmo naqueles dias a purificação do sangue somente ocorrerá através do novo nascimento ( João 3: 3).
Posted on: Wed, 02 Oct 2013 15:26:07 +0000

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