O MITO E A FARSA Golpe da mídia? Por Clóvis Luz em - TopicsExpress



          

O MITO E A FARSA Golpe da mídia? Por Clóvis Luz em 18/12/2012 Como leitor, creio que a essência do jornalismo é informar, prestar contas à sociedade, aos leitores, pois aquilo que sua função de fiel portador dos fatos exige é de que seja compartilhado com seu público-alvo. A janela não pode ser culpada por revelar a paisagem, já asseverara há poucos meses certo jornalista ao responder à reclamação de uma autoridade pública pelo fato de os fatos desagradáveis e as tragédias ocuparem mais espaço nos noticiários em comparação às boas notícias. E quando alguém fala em “mídia golpista”, o que vem de imediato é a sensação de que, sendo verdadeira sua existência, parte dos jornalistas deste país de forma deliberada “monta” um cenário artificial e insustentável, para enganar, ou, no mínimo, influenciar de modo desonesto o juízo das pessoas a partir de versões mentirosas, superfaturadas e distorcidas, para atingir reputações e/ou se vingar de interesses contrariados pelas vítimas da tentativa de golpe. Faltaria tempo para abordar aqui o conflito de interesses que existe, inegavelmente, nos meandros do jornalismo quando se pensa em “isenção”, “imparcialidade”, “fidelidade aos fatos” etc., em face dos contratos comerciais de propaganda, os anúncios oficiais pagos, as verbas publicitárias que, legal e constitucionalmente, entram nos cofres das empresas jornalísticas e de mídia. O que é racionalmente inaceitável, nesse conflituoso processo, é que a inteligência das pessoas seja colocada em xeque quando situações de risco tendam a desprezar o trato objetivo dos fatos que são de interesse absoluto da opinião pública para se submeterem a valores corporativos, comerciais ou mesmo ideológicos. O fim da democracia liberal Qual desses elementos justifica a falta de respeito aos leitores brasileiros vinda de certos setores da imprensa ao reverberar a fala dos envolvidos no julgamento do mensalão, na Operação Porto Seguro, e agora nas declarações de Marcos Valério acusando o ex-presidente Lula? O PT adotou a tese do golpe e da conspiração contra o seu principal nome como resposta oficial às acusações. Raciocinemos, então, sob a ótica de um petista. A realidade sócio-histórica do país é matéria-prima para ação política dos governantes. Para os petistas, o Brasil foi governado pela direita desde o seu descobrimento até a eleição de Lula. Esses 500 anos de liberalismo convergiram, segundo a lógica petista, para uma urgente reforma social sob as premissas marxistas de igualdade e justiça social. E se nos dias atuais a lógica do liberalismo impõe ao governo a condição de dar ao povo menos do que pode, e à oposição, a tarefa de cobrar do governo além do que é possível, o dia em que o governo atender as demandas sociais de modo que não restem decepções com promessas não cumpridas e o consequente desejo de mudanças, a oposição perderá seu sentido e a democracia liberal chegará ao fim. E o marco histórico para o início do fim? A eleição de Lula. Golpe de vista O PT não estava preparado, todavia, para conviver com a práxis política, que, não sei se causa ou consequência, encaminhou o partido à mesma corrupção que tanto condenou em sua histórica condição de oposição e única opção viável à alternância de poder. A maximização de alguns benefícios, como a transferência de renda, a partir de bolsas, herdados do governo anterior, os quais possibilitaram a superficial alteração na base da pirâmide social, tirando de súbito milhões de pessoas da linha da miséria, elevou a figura de Lula a um patamar mítico, condição em que até ele próprio aparenta se sentir acima de quaisquer suspeitas de corrupção ou desvio ético. A partir do mensalão, paulatinamente essa figura mítica aproxima-se do patamar em que é possível admitir que ninguém é invulnerável às tentações do poder. E que tantas vezes esse poder implica em complacência com o erro, omissão diante da ilegalidade, e compulsão por transferir a terceiros a culpa pessoal. Tudo isso está presente no comportamento de Lula. E seus mais fervorosos admiradores relutam em aceitar o fato de que o ex-presidente precisa prestar contas ao povo brasileiro diante de tão graves acusações. A mídia que revela os fatos não é golpista. Golpe é tergiversar contra a verdade dos fatos, negando-se a dar explicações convincentes que os neguem. Aliás, para quem ama tanto o futebol, Lula corre o risco de tomar um gol contra sua própria trajetória política, caso decida continuar soberbamente confiante nesse insustentável golpe de vista!
Posted on: Thu, 04 Jul 2013 21:38:26 +0000

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