O PRÉ-SAL, O GOLFO DO MÉXICO E O OVO NÃO GALADO. Luiz Ferreira - TopicsExpress



          

O PRÉ-SAL, O GOLFO DO MÉXICO E O OVO NÃO GALADO. Luiz Ferreira da Silva (luizferreira1937@gmail) Nunca se deve crer em tudo sem antes pensar, analisar e refletir. Buscar sempre evidências para se ter uma “opinião correta” até que o tempo se encarregue de mostrar a verdade. O pré-sal é o novo mote salvador do Governo Lula. Primeiro, contornaria a crise do gás e, em segundo lugar, a sua candidata decolaria. Seria isso? Perguntar não ofende. Estoura a crise boliviana e o que fizeram? Imediatamente redescobriram o poço Tupy, que fora mapeado anos atrás, mas que os senões não animavam a Petrobrás. Mesmo assim, agora foi elevado à categoria top e novos poços foram descobertos e passamos a ser os maiorais do petróleo, estufando o peito do nosso presidente, elevado à categoria de um sheik. Em 14 de abril, realizou-se um grande seminário em Maceió, deitando-se falação sobre a redenção do Nordeste e da pobre Alagoas. Será mesmo? Não importa se a realidade parece ser outra. Não se tem certeza da qualidade do óleo; não se sabe como seria transportado (mais de 300 km); não há quantificação confiável; não se tem a tecnologia compatível àquela profundidade; não se teriam plataformas suficientes para extração; não se sabe os custos de produção, há dúvidas quanto à economicidade; não há mão-de-obra especializada. Enfim, escuro como a cor do petróleo. Mas já estão brigando e faturando pelo ovo ainda em formação! Como agravante, há outra limitação que pode inviabilizar o pré-sal - a nova concepção energética centrada no uso de outras fontes limpas, a exemplo da agroenergia. Há uma consciência universal a respeito. Então, por esse lado, o Brasil estaria na contra mão da história, enquanto outros países avançariam neste objetivo, deixando-nos a comer moscas. Agora mesmo houve o desastre da plataforma do Golfo do México com danos irreparáveis à natureza, mesmo com toda tecnologia dos Estados Unidos que, a todo custo, tenta reduzir o impacto ambiental de grande monta. Imaginemos algo parecido em torres ainda mais gigantescas bombeando petróleo lá do pré-sal, aqui na nossa costa, sem uma infraestrutura consentânea à magnitude dos riscos! E, como se sabe, o Brasil não possui um plano nacional de contingência para o caso de um acontecimento dessa natureza, esboçado há 10 anos e parado desde 2008. Fala-se em 600 bilhões de dólares para extrair o petróleo do pré-sal. Pensemos nessa quantia aplicada na agricultura para a produção de álcool, óleo e alimentos (também é energia). Milhões de hectares de dendê, de coco-da-bahia, de mandioca, de sorgo, de mamona, de girassol, de soja, de algodão, de feijão, de milho, de cana, de maniçoba, de catolé, de babaçu. Campos verdejantes jogando oxigênio no ar, seqüestrando carbono; empregando milhões de trabalhadores, evitando o êxodo rural; ocupando terras desmatadas e degradadas; implantando indústrias de óleos e de rações; produzindo combustível para vários fins. Ademais, três ganhos fantásticos: (1) manter o homem rural no seu meio, facultando-lhe condições dignas de vida e (2) reduzir a poluição (menos CO2), que é o grande problema do novo milênio e (3) prevenir-se de desastres ecológicos, a exemplo da plataforma petrolífera referida. Vamos até acreditar que o Pré-sal seja um ovo já pronto e não ainda nas entranhas da galinha, e que venha distribuir benefícios para todos os brasileiros, da mesma forma que ela faz com seu humilde produto, gerador de vida. Assim devemos pensar, não advogando o quanto pior melhor. No entanto, é bom ficar de olho, pois técnica não se mistura com política! (Maceió, 16 de abril de 2010). PS (17/08/2013): Muita propaganda enganosa do Governo em toda a mídia sobre o petróleo do Pré-Sal. A realidade é outra. O Petróleo está atingindo o pico da exploração e, com a entrada de outras fontes energéticas (xisto dos Estados Unidos/novas tecnologias, principalmente), a tendência é baixar de importância e cair o preço. Há quem prognostique que, assim como a idade da pedra não se acabou com a falta dela, a era do petróleo poderá se extinguir com muito petróleo por debaixo da terra.
Posted on: Sat, 17 Aug 2013 19:06:51 +0000

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