O PT na visão do falecido Senador Lauro Campos, do DF, expulso do - TopicsExpress



          

O PT na visão do falecido Senador Lauro Campos, do DF, expulso do partido pela "...ditadura pelega e intelectualóide que se instaurou no PT...", veja a carta: "Brasília, 15 de abril de 2001 Exmo. Sr. Deputado José Dirceu Presidente do Partido dos Trabalhadores Com sofrimentos e decepções crescentes, padecidos por mais de vinte anos de militância no Partido dos Trabalhadores, venho, pela presente, declarar que aceito a expulsão que V.Sª e o presidente “de honra” (sic) do PT fizeram recair sobre minha modesta pessoa. Esquadrinhando a memória, concluí que a intervenção executada pela segunda vez no PT – DF, pela cúpula nacional - por meio das declarações de Luis Ignácio em matéria do dia 12 no Correio Braziliense - e que teve por objetivo coarctar o processo de livre escolha dos candidatos aos cargos majoritários, evidencia que a ditadura pelega e intelectualóide que se instaurou no PT venceu arrasadoramente. “Aos vencedores, as batatas”, repito, machadianamente. Reconheço que a crise completa do capitalismo desfoca, confunde e “coloca o mundo de cabeça para baixo”, na conhecida e feliz determinação de Marx, aquele que foi expulso das estantes e da prática petistas. A crise do capital revela a natureza oculta, latente e real do sistema, como ocorre quando o chão lamacento e acomodado de um lago tranqüilo e límpido é revolvido pela agitação externa. Mário Covas disse que o “PSDB é, hoje, o anti-PSDB”. O PT, desejando vencer ou vencer, sequioso por se tornar confiável às “elites bandidas” (Rubem Ricúpero), confiável aos credores internacionais, aos latifundiários, aos militares e aos banqueiros caboclos sobreviventes, proerizados, adota novas e amareladas bandeiras, plagiadas do PSDB ou empunhadas pelo PFL. Apóia, por um lado, o salário mísero de 180 reais por mês, acinte aos trabalhadores da base aos quais o PT cupulista e elitizado adere com paixão traiçoeira e acrítica. Por outro lado, recebe dinheiro das empreiteiras, vendendo o silêncio e a complacência para com os assaltantes do erário, comprometendo-se implicitamente com a não apuração das maracutaias e tranquibérnias. O PT, infelizmente, levou a luta dos trabalhadores para os tapetes do Congresso, campo em que sempre vencem os ácaros e o mofo. O PT é obrigado a adotar uma dupla e falsa ética ao desconhecer as diferenças entre a moral do capital e a ética dos trabalhadores. A dualidade que divide o Partido é a de uma moralidade esotérica, intramuros, de uso interno e limitado, e uma moral exotérica, com a qual se apresenta à imprensa e que o obriga a pedir CPIs e defender uma certa assepsia administrativa e política, cada vez mais rala na prática. O Partido dos Trabalhadores, ao se neoliberalizar, adotou o enxugamento e a desestruturação: a partir de 1988 desmanchou sua estrutura democrática e arejada, baseada em núcleos, comitês e em ligação com os sindicatos – embrião dos sovietes democráticos e da socialização do exercício do poder político. A despetização do Partido e o medo da proximidade com a CUT enfraqueceram o movimento e a organização dos trabalhadores, no momento em que todas as forças da crise e da dita modernização se abatiam sobre a classe espoliada. (...) Em vez de criticar a política do governo federal, o PT acrítico freqüentava o Alvorada na figura do dócil Cristovam Buarque, que, até a última hora, esperou o apoio de FHC à sua recandidatura a governador do DF. Quando o dito PT da bolsa-escola e dos vales compensatórios governava o DF, pela primeira vez na história política do Distrito Federal Lula deixou de ser o mais votado na Capital, para amargar um último lugar, menos votado do que Ciro Gomes. Minha expulsão do PT começou com as desgovernanças do neoliberal Cristovam Buarque, contra as quais protestei em desgraça. Sei que fui expulso pelo que fiz e defendi a favor dos trabalhadores, dos aposentados e dos marginalizados, contra os interesses eleitoreiros de um partido que deseja tornar-se confiável às classes e forças burguesas perdidas e ainda bempagas. É com orgulho de quem tem a consciência do dever cumprido que me apresentei como pré-candidato ao sacrifício de uma disputa desigual, pobre, sem acesso à mídia, luta que se travará no campo de batalha desacreditado pela derrota recente de Cristovam Buarque e pela benevolência de seu governo neoliberal, preocupado em tornar-se confiável e aliar-se a FHC, adversário de Lula. A este partido menor devo minha expulsão, que recebo de pé. Lauro Campos Senador da República"
Posted on: Tue, 09 Jul 2013 18:52:33 +0000

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