O Portal dos Jornalistas publicou um artigo interessante sobre o ultrapassaralho da Abril após a morte do Roberto Civita e a transição para seu filho Victor Neto. Me chamou mais a atenção, porém, o seguinte: Sobre a primeira semana de Titti na função, Paulo Nogueira, que atuou por muitos anos na Abril, inclusive em posições de direção, diz em seu blog Diário do Centro do Mundo (migre.me/eXdXx) ter ficado surpreso com a capa da primeira edição de Veja sob a nova gestão: “Era de esperar que sob Titti, mais jovem, na casa dos 40, a revista se tornasse mais arejada e menos raivosa, condições essenciais para que se faça bom jornalismo. O primeiro sinal é ruim. A revista que está nas bancas parece ter 150 anos de idade, e tomada dos preconceitos da senectude. Você vai ao site e vê Reinaldo Azevedo pedir cadeia para os jovens do Movimento Passe Livre. Não há por onde escapar. Considerada a dimensão da repulsa à linha da revista, abrir a janela é urgente – caso se entenda que a receita que vinha sendo seguida não traz bons resultados. Os italianos têm a palavra perfeita para isso: aggiornamento. Modernização. Me chamou a atenção, ao escrever sobre a morte de RC, o grau de ódio em tantos manifestantes. Permanecendo as coisas como estão, Titi Civita logo atrairá para si a herança da rejeição que marcou os últimos anos de seu pai”. Meu comentário. Vou além e digo que o horror de linguagem e de ideias que a Veja tem apresentado ao longo da última década e meia contaminou com a "velhice mental" as outras grandes revistas do grupo - e o público sente isso, perde sua identidade com os produtos e vai embora sem pensar duas vezes. A Veja já perdeu apoio do mercado e ficou bem fininha: ficaram só as propagandas de carros, bancos e do governo federal. Nem vou comentar os números do IVC. Como diz o Paulo, seria preciso aproveitar o momento crítico e abrir a mente, o que provavelmente implicaria botar na rua sem dó figuras intelectualmente irresponsáveis, como o citado Reinaldo, e também expulsar os vetustos membros do conselho editorial. Meia dúzia de velhotes está fazendo a revista que eles mesmos querem ler, não uma revista para o público geral ler. Dar quatro capas sobre o papa católico em um trimestre exemplifica bem o tom do viés. Em vez de só pensar em cortar postos, a editora precisava pensar em trazer cabeças que pensem dentro do século 21. Além disso, é preciso reescrever de ponta a ponta o manual de redação, pois a norma atual de texto promove um estilo sufocante, agressivo e desnecessariamente arrogante. Em resumo, as ideias estão erradas, as pautas erradas e a linguagem errada. Por isso vende mal; não somente por vicissitudes do mercado. A seguir do jeito que está, cada vez mais a Veja se tornará um panfleto reacionário refugiado entre o jornal do bairro e a Caras nas salas de espera dos dentistas de Moema e Higienópolis. Deplorável destino para uma publicação que nos anos 90 se apresentava como o veículo indispensável que dava a palavra final sobre os grandes assuntos nacionais. Se a Veja cair mais, a Abril inteira desmorona junto. via Mario Vázquez Amaya
Posted on: Tue, 11 Jun 2013 14:16:08 +0000