O QUE SÃO MOVIMENTOS SOCIAIS? A cientista política Andréia - TopicsExpress



          

O QUE SÃO MOVIMENTOS SOCIAIS? A cientista política Andréia Galvão responde... "Este artigo trata da contribuição do marxismo para a análise dos movimentos sociais, com o objetivo de destacar os elementos que, a nosso ver, permitem diferenciar uma análise inspirada nessa perspectiva teórica das demais. Para isso, partiremos de duas hipóteses. A primeira hipótese é a de que, a despeito do interesse do marxismo pelo estudo do movimento operário, não há uma teoria marxista dos movimentos sociais plenamente desenvolvida e articulada. Isso porque as contribuições dos autores vinculados ao marxismo, sobretudo os clássicos, priorizaram a discussão das formas partido e sindicato, bem como a relação entre ambas. Nesse sentido, o movimento operário era o movimento social por excelência, de modo que a noção de movimento social estava vinculada à condição de classe operária e à luta entre capital e trabalho. Essa perspectiva foi desafiada não apenas pela eclosão dos chamados “novos movimentos sociais” nos anos 1960, mas também pelas teorias elaboradas para explicá-los. As perspectivas teóricas que se constituíram e que se tornaram dominantes no “campo”, sobretudo nos anos 1980, foram forjadas em oposição ao marxismo, buscando negar a relevância da dimensão de classe e a centralidade da luta de classes: quer seja a teoria dos novos movimentos sociais, da mobilização de recursos, da mobilização política (esta em menor medida) e do reconhecimento. De modo geral, para essas perspectivas, a mobilização se produz a partir de fatores societais e exprime objetivos culturais, pós-materialistas (como valores, identidades, reconhecimento), de modo que não seria possível (nem faria sentido) relacioná-la ao pertencimento de classe (...) A relação entre classes e movimentos sociais. Para discutir a relação entre classes e movimentos sociais, é preciso esclarecer de que maneira utilizamos o conceito de classe social e luta de classes, mesmo que só possamos fazê-lo de uma maneira esquemática no espaço deste artigo. Em primeiro lugar, embora insistir nesse aspecto possa parecer um lugar-comum, descartamos os conceitos de classe que se circunscrevem à renda e/ou dimensão ocupacional, pela razão evidente de que esses conceitos se situam fora do marxismo. Em segundo lugar, as classes como força social em ação não podem ser consideradas como meros reflexos da posição na estrutura econômica: o economicismo anula a política ao derivar o comportamento político da situação objetiva de classe. Ao recusar uma relação mecânica entre posiçãono processo produtivo e posicionamentode classe, não estamos descartando a importância de se ressaltar as relações existentes entre ambas. Ou seja, se por um lado não é possível extrair automaticamente o comportamento político da localização na estrutura produtiva, por outro lado esta é importante para compreender a possibilidade de uma ação de classe. Não se trata, porém, de um determinismo unilateral, mas de uma multideterminação, tal como concebe Poulantzas (1978). Para esse autor, o conceito de classe se define simultaneamente no nível econômico, político e ideológico: “as classes sociais são conjuntos de agentes sociais determinados principalmente, mas não exclusivamente, por seu lugar no processo de produção, isto é, na esfera econômica” (Poulantzas, 1978, p.13).” Ler o artigo na íntegra em: ifch.unicamp.br/criticamarxista/arquivos_biblioteca/artigo235artigo5.pdf
Posted on: Tue, 10 Sep 2013 14:54:52 +0000

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