O SANDINISMO É APENAS UM RETRATO NA PAREDE Houve um tempo, lá - TopicsExpress



          

O SANDINISMO É APENAS UM RETRATO NA PAREDE Houve um tempo, lá no final dos anos 1970, que eu acompanhava, com avidez, o que ocorria na América Central. Mais particularmente, em El Salvador e Nicarágua. Torcia pelos sandinistas e pela Frente Farabundo. Os sandinistas chegaram ao poder, após derrotarem militarmente o ditador Anastácio Somoza. Foi um tempo de esperança e de muita torcida. Os compas enfrentavam dificuldades mil. E a oposição sem tréguas dos "contras", financiados, como se soube depois, com coisitas bem ilegais e que envolviam até a guerra Irã-Iraque. Coisas boas e coisas terríveis ocorriam no governo sandinista. Nós, da esquerda de então, relevávamos as segundas. Afinal, pensávamos, os companheiros estão isolados e enfrentando o imperialismo. Os sandinistas tiveram a coragem de chamar eleições. E aí perderam. Depois, foi debandada. E mostrar as feridas e divisões. Brigas de poder. Mais de uma década depois, recauchutados, moderados e sem muitos dos antigos companheiros, os sandinistas voltaram ao governo através do Daniel Ortega, que havia sido presidente antes. Surfando na onda bolivariana, Ortega se revela um personagem grotesco. E a sua esposa, a Companera Rosário, encarna o machismo e a manipulação religiosa mais grotesca. Os sandinistas de hoje andam de braços dados com o Bispo Obando (inimigo fidagal do sandinismo de ontem) e com a Igreja Católica. Homofóbicos e anti-feministas, os sandinistas hoje são um retrato pálido daquilo que um dia foram. E nós, os que cultivamos as suas histórias de lutas, sentimos vergonha daquilo no que eles se transformaram. A sua história seria melhor preservada se o Ortega jamais tivesse sido eleito presidente.
Posted on: Sun, 04 Aug 2013 23:44:37 +0000

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