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O TAQUARYENSE, ANO 125, N° 25, 06/08/2011, p.2 FALANDO DE HISTÓRIA: Tradição religiosa brasileira André Vanderlei da Silva* Twitter / prof_avanderlei andrevanderlei@gmail O Brasil é conhecido hoje ainda, como um país essencialmente cristão. Porém, a multiplicidade cultural do povo brasileiro é refletida de diversas formas, entre elas, na religiosidade. O certo é que, a herança das relações de poder coloniais, fixaram o catolicismo como “a religião do Brasil” até bem pouco tempo. Neste ínterim, o estado gaúcho destaca-se no aspecto “abertura religiosa”, no cenário cultural brasileiro, conforme o historiador Martin Dreher. O Cristianismo no Rio Grande do Sul nasceu, segundo o autor, a partir do trabalho missionário e “evangelístico” dos padres da Companhia de Jesus, submissos ao padroado da coroa Castellana, que vieram “catequizar” e “civilizar” os nativos do sul do Brasil. Somando-se com os ensinamentos desses “jesuítas”, vários costumes e devoções lusitanas “desceram” juntamente com os tropeiros e caçadores de indígenas vindos de São Paulo. Mais tarde houve participação açoriana, que trouxe na bagagem toda a sua religiosidade e práticas de uma forte cultura cristã, compondo com os resquícios da fé indígena e africana que por aqui se estabeleceram, e foram construindo uma imagem de cristianismo brasileiro e, mais precisamente, gaúcho. A partir da independência do Brasil, como herança do Império Português, o catolicismo permaneceu como religião oficial do estado. Esta realidade começou a surtir problemas a partir de 1824 com a primeira leva de imigração alemã. Dos estados germânicos vieram imigrantes católicos e evangélicos luteranos. De acordo com a constituição, outras religiões eram somente “permitidas”, em cultos particulares. A questão da cidadania dos não católicos também era polêmica, pois não havia o registro civil de nascimento, o que valia era o sacramento católico do batismo. Também o casamento reconhecido pelo estado era o ministrado pela Igreja Católica, o mesmo acontecendo com os ofícios fúnebres. No entanto, com a imigração católica italiana a questão religiosa também não foi tranqüila. O catolicismo, até então praticado aqui, era festeiro, cheio de devoções e práticas religiosas herdadas dos portugueses, características muito distantes do catolicismo romano, tanto mais moralista e “sisudo”, parecia outra religião. Um choque cultural religioso de difícil absorção. Aos poucos, passou a organizar-se no Rio Grande do Sul um novo cristianismo, tanto católico como evangélico, reorganizados pelos próprios colonos, de forma rudimentar, até surgir o assessoramento das igrejas européias no quarto final do século XIX. Com o advento da República em 1889, foi promulgada nova constituição em 1891, na qual ficou estabelecido o estado laico, sem religião oficial, e a liberdade de culto. Definitivamente estavam separados Igreja e Estado, e o catolicismo brasileiro distanciou-se da antiga tutela do padroado para reaproximar-se de Roma. *Historiador REFERÊNCIAS: DREHER, Martin N. As religiões. In: PICCOLO, Helga; PADOIN, Maria Helena (orgs.). Império. Passo Fundo: Méritos, 2006, p. 321-33
Posted on: Mon, 05 Aug 2013 18:26:25 +0000

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