“O demônio se espreita no quarto ao lado” Era noite, quase - TopicsExpress



          

“O demônio se espreita no quarto ao lado” Era noite, quase dez. No quarto do meio havia uma bíblia aberta no livro de Primeiro Coríntios. Ao lado um bloco de notas e uma caneta que lhe fazia companhia. Elizangela estava ajoelhada ao pé da cama, com os cotovelos apoiados no colchão da cama de baixo do beliche e as mãos fortemente apertadas como quem aperta uma pedra. Ela orava, pedia proteção a sua família e amigos, agradecia e acabou depois do amém. Ela foi até a bíblia e as outras coisa que estavam no chão, colocou tudo calmamente dentro de uma das gavetas do armário ao fundo do quarto e depois retornou a cama, deitando seu corpo por sobre ela. Não havia mais ninguém em casa além dela, estava tarde e mesmo assim Walter e Vagner ainda não chegaram mesmo depois de seus horários de trabalho, sua irmã, Elizete, saira a pouco com o namorado e seu irmão pequeno, ainda estava no pequeno bar que sua mãe tinha, e ainda tinha seu pai, que esse ela poderia encontrar em algum assento ou mesa de bar nas proximidades do bairro, provavelmente bêbado a essa hora. Ela matinha os olhos fechados com o corpo esticado, como uma estatua. Apesar da calmaria, apesar da oração, sentia-se cansada e preocupada, o dia havia sido difícil primeiramente acordando cedo para ir para o curso de inglês que fazia no bairro ao lado e logo após voltando para o colégio municipal para estudar, essas eram algumas de suas atividades semanais conjunto dos cultos a noite em uma igreja batista próxima a sua casa e as aulas de dança que a igreja proporcionava nas quintas e sábados. Mas sua preocupação era maior que seu ligeiro cansaço, viera desde muito tempo atrás, com um caderno diário que ela encontrara dois meses antes. Ela estava arrumando a casa, já havia feito metade do serviço que organizava fazer quando na sala, arrumando os livros na prateleira dos livros do seu irmão encontrou um caderno, um pequeno caderno que parecia surrado e amassado, de poucas paginas, menos de cem provavelmente, e sem muita expressão m sua capa e figura ilustrativa, poderia passar breve e facilmente sem chamar a atenção de qualquer um, mas o instinto super apurado dela lhe dizia que aquele não era um caderno comum. Olhou para todos os lados e tentou ouvir algum ruído que denunciasse alguém vindo. Não ouviu nada. Pegou o caderno e levou ate o quarto. Guardou-o debaixo de seu colchão e voltou a suas atividades. Quando finalmente pegou o caderno para ver o que tinha nele já havia passado quase duas semanas. Ela o pegou de debaixo do seu colchão, havia se esquecido da existência dele durante esse tempo todo mas procurava algo novo para ler. Apesar de apenas treze anos, ela adorava ler, parecia que adquirira esse habito do seu irmão mais velho, Walter, mas na verdade passou a gostar de ler sozinha, desde quando se interessou em conhecer as historias bíblicas e depois passou a gostar dos romances e dai por diante até os didáticos e os de reflexão. Mesmo antes de abri-lo imaginava que aquele caderno era do seu irmão Walter, ela conhecia o costume dele de escrever poesias e textos que ela admirava, pegava muito deles nos locais em que ele esquecia e parecia que nunca fizera importância para ele o fato de eles sumir, estavam todos em uma de suas gavetas. Por esse fato ela correra atrás dessa opção de ler algo novo, algo que ela iria gostar de ler e escrito por alguém do quarto ao lado. Quando abriu o caderno deparou-se com as letras miúdas e certinhas do seu irmão, era mesmo dele e vindo de tal irmão vislumbrado logo se entusiasmou para lê-lo. Começou a leitura e percebeu que era um diário, com forma poética e muito bem estruturado. Não era o que ela realmente procurava, pensava em um romance épico, uma aventura medieval com cavaleiros templários e anjos rebeldes, bem ao estilo de escrita dele e leitura dela, mas por inicio parecia que iria agradar. O inicio da fala dele era melancólico e entristecido, lembrava de alguma coisa referente a sua judiação a si próprio, depois passou a falar sobre estar tomando remédios para dormir e algumas de suas atividades com seus amigos na rua, incluindo uma de suas aventuras adentrando o mundo das drogas e brigas no colégio. Ela começou a ler, na parte em que o diário falava sobre sua experiência com maconha ela sentiu um aperto no coração, não daria para acreditava pelo fato de vê-lo como um ídolo venerável de todas as índoles e sabedoria, mas conhecia o lado agressivo dele por parte de brigas com o padrasto. Sobre as coisas de pensamentos, ela tinha uma leve passagem quanto ao que ele escrevia em seus poemas, criando “ele” em terceira pessoa sem se dizer, como um segredo que agente conta, mas não conta ao mesmo tempo porque alguém lhe contou mas não lhe pediu para guardar.As aventuras na rua lhe deu em mente que aquele diário poderia ser velho, pois ele já não ficava tanto tempo na rua a noite desde quando começou a trabalhar, confirmou isso quase vinte paginas depois quando encontrou um poema datado de dois anos antes. Hoje, deitada a cama, como uma imagem num sarcófago, ela sentia que sua família estava em decadência, mesmo que as vezes tivesse a imprensão de que as coisas melhoraram muito de algum tempo para cá. Lembrou da época em que sua mãe morava com eles e seu pai era sempre agressivo e estúpido com ela e seus irmãos, sua mãe conhecera outro homem com qual fora morar, mas os problemas continuaram, desta vez com sua irmã e seu pai e sempre Walter intercedia acabando em uma briga mais grave ainda. Essa época parecia ter passado a tempo, fora o que ela pensava, mas na verdade estava ali, dos dois lados, no quarto dos meninos e no quarto de seu pai. Sentiu-se decepcionada, por impulso humano sentiu-se injustiçada por Deus, mas logo desvairou isso da mente. Lembrou das mensagens bíblicas de aviso, era o inimigo testando sua fé. Mas continuava triste e, além de tudo, fraca, acreditava que nada podia fazer. Teve uma leve lembrança dos sorrisos do Walter, quando ele a via vestindo roupa de dança, ou quando a via acordar com o cabelo bagunçado, mas seria sincero aquele sorriso? Será que a esperança ainda existia nele como no diário ele dizia não existir?Nela a esperança tinha que existir, mas naquela hora a esperança era fraca, como o sentimento dela. Segunda vez que o inimigo testava sua fé. Minutos depois Walter chegou com seu irmão caçula. Provavelmente ele fora buscar o mesmo no bar da mãe. Sentiu-se intrusa por ler algo intimo dele, ao mesmo tempo em que preferira ler pois poderia ser somente essa a forma de conhecer melhor o irmão, já que ele era tão reservado. Outros minutos depois se passaram e quem chegou fora seu pai, cambaleando de um lado para o outro, chegando a bater violentamente o próprio corpo contra a geladeira na cozinha e depois na parede do corredor a frente de seu quarto. Ele aparecera na porta que estava semiaberta e ela fechou os olhos e fingiu estar dormindo, quando ele saiu, ela os abriu e desta vez quem aparecera foi Walter olhando para o final do corredor, na direção da porta do quarto do pai dela. Ela ficou se perguntando o que ele estaria pensando naquele momento. Lembrou do diário, ele também falava de ódio, de muito ódio do pai dela, padrasto dele. Brigas, drogas, ódio. --As coisas não estão melhorando Deus!”—exclamou em pensamento. Era a terceira vez que o inimigo testava sua fé.
Posted on: Sun, 17 Nov 2013 02:12:52 +0000

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