O dia seguinte às manifestações Passeata dos cem mil de 1968. - TopicsExpress



          

O dia seguinte às manifestações Passeata dos cem mil de 1968. Movimento das Diretas Já. Impeachment do presidente Collor. Em diversos momentos históricos do país, movimentos sociais, de modo espontâneo como vemos hoje ou através da organização política, foram às ruas para reivindicar demandas sociais que não são atendidas pelo establishment vigente. Apesar dos avanços econômicos recentes, a classe política brasileira pouco ou nada fez em prol das pautas sociais nos últimos trinta anos de redemocratização. O fosso continua existindo, e em alguns casos, como na saúde e na segurança, é cada vez mais profundo. A expectativa gerada com a ascensão do primeiro governo de um partido de esquerda no país, que concretizasse a promoção da tão almejada justiça social, teve seu ponto culminante de frustração generalizada com a cena dantesca do abraço de Lula em Maluf, na costura do acordo político para a prefeitura de São Paulo, ano passado. O PT vendeu sua alma ao diabo, tal como fez Fausto em seu pacto sinistro. A superveniência dos conchavos políticos e do favorecimento aos grandes grupos econômicos, em detrimento à necessidade maior da busca do bem comum e o cumprimento imperativo da Constituição Federal acima do desejo minoritário dos donos do poder que insistem em ver a lei maior como instrumento que atenda somente aos seus interesses, fez que com crescesse consciente e inconscientemente nos corações e mentes da grande massa de jovens usuária das redes sociais - que acima de tudo são genuínos cidadãos brasileiros – uma resposta indignada aos poderes constituídos, ao tomarem as ruas do país em protestos como talvez nunca imaginássemos ver. O que começou como um movimento juvenil pela redução das tarifas de passagem de ônibus tomou um vulto gigantesco, não podendo essa voz estridente das ruas se calar daqui para frente, ou ficar na história como um movimento fragmentado que protagonizou o maior espetáculo de manifestação democrática do século XXI até agora no mundo. Infelizmente, movimentos sociais como o que vivenciamos resultam em perdas e danos, alguns lógicos e outros ilógicos. Nesse caso, a citar-se a violência desmedida e o vandalismo de grupos minoritários, criminosos e facções ideologicamente ligadas a movimentos de extrema direita infiltrados, e a repressão autoritária, violenta e injustificada por parte do Estado, quando coíbe as passeatas pacíficas com gás lacrimogênio e balas de borracha. Precisamos aproveitar o bonde histórico para fiscalizar, corrigir e concertar enquanto sociedade civil organizada, reunindo movimentos sociais e de trabalhadores, uma grande agenda para o país, cuja pauta seja a seguinte: como avançaremos daqui para frente para cumprirmos literalmente o que manda a Carta Magna, que fala abstratamente de um país gregário, igualitário, com independência entre os poderes e as instituições, com justa distribuição de renda e igualdade de oportunidades para todos, na busca pela justiça social. O pronunciamento da presidente Dilma de ontem foi uma tímida sinalização de melhorias ante a convulsão social gerada, parecendo ainda um tanto distante da realidade, quando diz que não houve a disponibilização de recursos públicos da Copa. O mesmo BNDES que fez empréstimos bilionários para os estádios da Copa poderia fazê-lo para a construção de hospitais, escolas, universidades e presídios. O projeto de lei dos royaltties do petróleo, a serem destinados exclusivamente para a educação, como dito pela presidente, é pauta obrigatória de debate no Congresso Nacional. Mas o ceticismo ainda impera, vez que nosso país é dominado pelos grandes grupos econômicos aliados à classe política dominante, contrários a qualquer iniciativa que privilegie as camadas menos favorecidas da população. Logo, nesse momento de insatisfação social, não cabe apenas à presidente estabelecer essa grande agenda que urge ser debatida para mudar o Brasil, tampouco cabe somente aos poderes constituídos fazê-lo; mas sim, cabe à sociedade civil organizada e aos movimentos sociais organizados que representam genuinamente a classe trabalhadora e as minorias menos favorecidas debater o dia seguinte, e por consequência o que devemos fazer para avançar. Não esqueçamos nessa grande orquestração que deve ser feita para debater os rumos que o país deve tomar após os protestos dos servidores públicos, que a cada dia têm os seus direitos suprimidos, da classe média brasileira que paga altíssimos tributos - os maiores do mundo, diga-se, sem a devida contrapartida. Cabe a todos discutirmos uma ampla reforma das leis que procrastinam processos judiciais e decisões, cabe discutirmos as instituições como hoje elas existem e funcionam, a verdadeira via crucis que existe para os cidadãos com a burocracia de Estado e com a inoperância dos serviços. Cabe a todos debatermos os rumos da educação e da segurança cada vez mais periclitantes. Enfim, cabe a você, cabe a mim e cabe a nós a discussão acerca do dia seguinte aos protestos para que decidamos como avançar para tornar o Brasil de fato e de direito um país mais justo, desenvolvido e solidário. Fabiano Marranghello Zalazar Diretor do Sindjus
Posted on: Sat, 22 Jun 2013 19:30:38 +0000

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