O jornal “Washington Post” revelou que o FBI e a Agência de - TopicsExpress



          

O jornal “Washington Post” revelou que o FBI e a Agência de Segurança Nacional norte-americana mantêm desde 2007 um programa para monitorar as ações de usuários nos principais serviços da internet: Google, AOL, Facebook, Skype, Yahoo, Microsoft, Dropbox e por aí vai… De acordo com o próprio governo americano, as duas agências teriam acesso direto aos servidores dessas empresas para capturarem áudio, vídeo, e-mails, fotografias, documentos e registros de conexão que ajudem os analistas de antiterrorismo acompanhar os movimentos e interações dos cidadãos estrangeiros que supostamente representem uma ameaça para os EUA. Google e Facebook negaram veementemente o acesso e até o fornecimento de metadados para as autoridades de defesa norte-americanas. Mas o governo americano _ e o próprio presidente Obama _ não só confirmaram a existência do programa, quanto defenderam o monitoramento da nossa vida digital, para a nossa própria segurança. Não há necessidade de preocupação, advoga o chefe da NSA, James Clapper. Tudo foi feito dentro das leis e com o conhecimento do congresso. O que significa que, se ao coletar dados de estrangeiros e suspeitos de terrorismo acontecer da NSA coletar zebibytes de informações sobre os cidadãos americanos que vivem nos Estados Unidos e não são terroristas – porque não há nenhuma maneira de evitar a coleta de informações, uma vez que podemos, sem saber, nos relacionarmos com estrangeiros e/ou suspeitos – o governo promete não fazer nada de ruim com base nesses dados. Sente-se melhor agora? Eu não. Me sinto tão desconfortável tanto quando, em pleno governo George Walker Bush, meses após o 11 de setembro, percebia claramente o grampo durante as ligações feitas para a minha irmã, bolsistas visitante do National Institutes of Health (NIH), em Washington , na área de imunologia. Durante os quase quatro anos que ela ficou lá fomos nos acostumando com os ruídos na linha e o aumento abrupto do delay nas comunicações por VoIP. E é aí que mora o perigo: na resignação. É a mesma por trás da fala de Obama: “Não se pode ter 100% de privacidade e 100% de segurança”. E, em nome dela, assimilamos os controles e os limites cada vez mais tênues do que é possível e do que é impossível fazer. Bem-vindo à sociedade do controle, de Gilles Deleuze, um passo à frente da sociedade da disciplina vista por Foucault. Uma vez, em um debate sobre proteção de dados pessoais, ouvi de Gustavo Gindre, do Coletivo Intervozes, hoje na Ancine, a definição mais clara da diferença entre elas: “A sociedade da disciplina é a dos guardas e a das multas. A do controle é a do quebra-mola”, disse. A disciplina é imposta. O controle a gente assimila. É fácil de entender o desconforto de Google e Facebook com o vazamento do Prism. O episódio desnuda questões mais sensíveis que a suposta colaboração das empresas com o governo. Temos uma prevenção muito grande contra o estado totalitário, e devemos ter e é justificável que a tenhamos, mas temos poucos anticorpos sociais para esse mesmo papel totalitário quando ele é exercido pelas empresas. A base do negócio de cada uma delas é o controle e o consumo das nossas informações, dos nossos dados. As formas como essas informações são usadas são bastante preocupantes. Uma seguradora pode, através do conhecimento do perfil de consumo de um cliente, definir o risco potencial de risco de vida para definir preços para um mesmo perfil de idade, etc. E este é um exemplo dali da pontinha visível do iceberg.
Posted on: Sat, 22 Jun 2013 15:39:22 +0000

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