O menu cearense - O énfant térrible do Ceará, Cid de Cirrô, - TopicsExpress



          

O menu cearense - O énfant térrible do Ceará, Cid de Cirrô, aprontou mais uma avec l’argent do distinto público, ora amargando uma seca histórica no semiárido, região que representa a maior parte do estado. Trata-se do pantagruélico menu à disposição do gourmet bon-vivant sur-mer, cuja despensa dispensa adjetivos, mas não licitação dos buffets. E – uh la lá – venceu o melhor da culinária francesa, superbe! Surpreendido pela atitude covarde da oposição, que apelidara a concorrência perfeitamente legal de farra do caviar, revelando toda a ignorância do denunciante, o globe trotter que ocupa o Palácio da Abolição aboliu os nomes em francês, russo, italiano e inglês do cardápio oficial, medida imediatamente aplaudida por Aldo Rebelo, ministro adepto desse esporte. Se o duque de Sobral não perdeu o apetite com aquele que não sabe que o caviar nada mais é que ovas de esturjão, o nobre teve de se defender, ao provar, com a inestimável ajuda do Ministério da Pesca, que a iguaria supostamente francesa era, na verdade, um peixe proveniente das lutas nas corredeiras geladas da Rússia e Sibéria. Restava provado que o kaluga, sua espécie predileta, era um pescado de origem bolchevique, quadro comprometido com as causas sociais do campesinato, que prefere dar a vara a se entregar em pleno defeso. Os mais jovens talvez não saibam, e o berço de Cid nem havia sido preparado, mas no início dos anos 1960 o Ceará se envolveu em um incidente internacional que, por pouco, não se tornou uma guerra, como o próprio nome anuncia – guerra da lagosta. O impasse entre pesqueiros franceses e autoridades brasileiras geraria muita negociação entre o Itamaraty e a chancelaria do Palais du Champs Elysees, razão pela qual talvez o estrategista tenha optado pelo voile au vin e o boef bourguignon em suas baixelas domésticas. Até ontem servidos obrigatoriamente em bandejas de prata, os escargots, os crevettes e as coquiles Saint-Jacques estão com os dias contados. Guilhotina neles. A partir de hoje, por decreto, só nome em português – azar do insubstituível croissant, que ainda não tem tradução. Apenas para inglês ver que o francês foi embora do menu, junto aos camarões e às ostras voltarão a buchada de bode e o baião de dois. Já falando em baião de todos, Gonzagão, o saudoso rei do baião, já dizia em relação aos crevettes sautées… no Ceará não tem disso não, não tem disso não.
Posted on: Wed, 21 Aug 2013 00:20:06 +0000

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