O nosso mais difícil trabalho Estamos vivendo um período de economia muito favorável, tanto que cantamos aos quatro cantos que temos o 6º Produto Interno Bruto (PIB) do mundo, tendo superado países com tradições comerciais, industriais e financeiras mais longevas e sólidas, e tudo isso é verdade. Para quem como esses autores viveram o período da década perdida (1982-1991), ou os difíceis anos finais da Ditadura Militar, ou ainda, os anos seguintes a 1º Crise Mundial do Petróleo (1973), parece tudo inacreditável, por outro lado, sabemos que os problemas estruturais do Brasil estão longe de uma solução. Embora a 6ª economia do mundo, com números pujantes, tal qual uma reserva externa de US$ 350 bilhões, a balança comercial próxima aos US$ 400 bilhões e o investimento exterior direto da ordem de US$ 50 bilhões, não conseguimos melhorar a distribuição de renda. Não digo que não avançamos, mas em 195 países do mundo temos a 10ª pior concentração, ou seja, amargamos o 185º lugar, tanto que em 30 anos, a diferença entre o que possuíam os mais ricos comparados com os mais pobres que era de 30:1 passou a 60:1, ou seja, dobrou! Por mais que o governo brasileiro tente mudanças ele tem que enfrentar o poder de um conservadorismo imenso, calcado na mídia, ou nos interesses de quem representa essa ala. Batalha difícil. Com o 2º espaço agriculturável do mundo, estamos longe de ser produtivos, dispomos de 500 milhões de hectares e produzimos cerca de 180 milhões toneladas de grãos, enquanto os EUA dispõem de 200 milhões de hectares e produz 450 milhões de toneladas, ou seja, subutilizamos uma de nossas grandes riquezas, o solo. Para resolver esse jogo de desperdício, a elite joga a culpa no governo, ora criticando os juros, ora criticando a mão de obra, ora a infraestrutura, mas jamais assume seu lado incompetente, ultrapassado e concentrador. E pasmem, estamos falando de uma atividade que representa 23% de nosso PIB, emprega 22% da PEA (População Economicamente Ativa) e significa 40% de nossas exportações (US$ 80 bilhões). Bem, mas voltando ao tema do artigo, infelizmente 1% de nossos proprietários de terras (cerca de 60.000 fazendeiros) detém 400 milhões de hectares, ou seja, um espaço maior que o 7º maior país do mundo, a Índia, que nesse espaço sustenta 1 bilhão 250 milhões de pessoas, enquanto nós importamos alimentos! Tais números tornam o Brasil o 194º maior concentrador de terras do mundo. Que loucura! E a culpa é só do governo? No próximo artigo continuaremos analisando outros setores sociais, tais como a educação e a saúde, demonstrando que ser a 6º economia do mundo, está longe de resolver nossos problemas sociais. Até lá.
Posted on: Tue, 03 Sep 2013 10:13:19 +0000
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