O pão amargo da ditadura Façam como eu: não desliguem a TEVEÊME, não desliguem a STV, não desliguem a TVMIRAMAR, comprem o “Notícias”, sem nunca deixarem intoxicar com a mentira que somos tentados a ingerir, pelo pão amargo da mentira, da ditadura. Não desliguem. E não façam o “zapping” sempre que o Salazar e os seus G40 aparecerem com a mentira do tamanho das suas bocas, com a mentira da largura desdentada. Há um bom motivo para continuarem ligados, porque como nacionais não podemos ficar desligados. Façam como eu: transformem-nos numa comédia, riam-se dessa gente que perdeu escrúpulo enganando a si mesma. Chamem os vossos filhos e mostrem os rostos sem pudor dos G40 que enchem as nossas televisões. Digam aos vossos filhos que não sejam como estes homens, que de homens só têm a cópia que os tornam marionetes, a barba aparada, a cabeça aparada para disfarçar a calvície. Façam como eu: não desliguem a rádio. Não guerreiem por nada. Na hora nobre, se virdes estes rostos faz de conta que as moscas tomaram os canais. Faz de conta que há uma peste. E mantenham as televisões ligadas. Não se amarguem e tomai um frasco de insecticida e desenfestai a poluição, mostrando aos vossos filhos que é isso que não poderão ser no futuro, que abdiquem de serem vermes, abdiquem de manchar o bom nome da família pelo pão amargo da mentira. Façam como eu, chamai as mamanas, os empregados domésticos e ponha-os sentados na sala-de-estar e enquanto a rádio, as televisões, os jornais circulam com o rosto ou a letra destes sequazes, destes sinistros censores e oportunistas do estômago, digam que a ética não é como ela parece, mas o que levamos por dentro, não é a parcialidade com que querem mostram um país atrelado no pão amargo da mentira que recusamos digerir. Façam como eu, não vociferem. Mostrem aos vossos filhos e digam um a um quem são aqueles nossos irmãos vende-pátria alucinados com um passado que não conhecem, com um presente distorcido que tentam interpretar à força de soda que recebem, dinheiro sujo que dão de comer às suas famílias, tão servis e tão funestos. O pão amargo que é mais amargo que a pobre comida, ainda assim doce, que é fruto do suor dos vossos rostos, mesmo puxando o lustro, mesmo vendendo no Dumba-Nengue. E sabeis que mesmo que não sejais doctores, a paixão pelo trabalho limpo têm maior dignidade do que o pão amargo da mentira. Façam como eu, levai os jornais e mostrai-os aos vossos alunos, nas escolas primárias e secundárias, e mostrai o exemplo do servilismo e de golpes baixos. Mostrai o exemplo da cobardia, do javardismo. Mostrai os vossos alunos e estudantes, que um académico íntegro e leal não é aquele que usa o colete do regime para escamotear a verdade. Mostrai o exemplo do piorio destes homens que não cresceram por dentro, para não se deixarem manipular como objectos, como marionetas da nossa infância. Façam como eu. Reproduzam as imagens destes homens e multiplicai a distribuição, e sempre, acompanhada com uma nota de rodapé: perdoai porque eles não sabem o que fazem. Pois são os nossos irmãos, os nossos filhos pródigos, esses que tem ousado a darem-nos de comer o pão amargo da mentira. Façam como eu. Brindai ao pão amargo da mentira. A verdade nunca será encoberta pelos chapéus que encobrem a calvície. O vento há milhares de anos luz jamais foi detida pela vontade humana. É vão o esforço humano de cobrir a verdade com a peneira da sua ilusão. Multiplicai as conexões e sempre a sorrir, deste país que se tornou uma comédia de rirmos e rirmos, sem sabermos como nos segurarmos no sofás, com as TVÊS ligadas. Não tenhais inveja dos carros em que eles vão. Somos mais felizes na nossa pobreza do que no pão da mentira. Felizes na possibilidade de dizermos não, mesmo custando, mas a liberdade, ela, sabe doce como o amor humano que desenhamos para as nossas crianças no futuro. Digam aos vossos filhos que eles têm camas de reis e móveis alçados e não dormem melhor sono que o nosso. (Adelino Timóteo)
Posted on: Sat, 05 Oct 2013 11:01:50 +0000
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