O que faz um vinho ser excepcional Um vinho excepcional não se - TopicsExpress



          

O que faz um vinho ser excepcional Um vinho excepcional não se faz apenas com uma boa cepa. É preciso ir mais fundo. Um vinho excepcional começa no terroir. O terroir é o conjunto de 1) condições climáticas (idealmente muito quente durante o dia e muio frio a noite) + 2) solo (de preferência, pobre e pedregoso) + 3) acesso à água (o mínimo possível) e 4) adaptação da uva a estas condições do terroir (quanto mais difícil for a adaptação melhor). Vinhos excepcionais somente são feitos em condições extremamente adversas para a uva. Um solo muito compacto e/ou fértil torna a uva "preguiçosa" na busca por nutrientes e, assim, a uva torna-se insípida. Muita água, torna a uva...aguada. Sem uma variação de temperatura entre calor e frio grande, o amadurecimento da uva é muito rápido e ela não retém os açúcares e outros nutrientes naturais da fruta. E, finalmente a uva, tem de se adaptar ao ambiente hostil, isto é, ela tem de reagir a ele não apenas para sobreviver mas, principalmente, para manter a cepa. E para manter a cepa precisa dar frutos adaptados ao ambiente hostil. No Brasil, o melhor terroir para vinhos está no sertão nordestino, não no Sul, onde temos muita água, pouca variação de temperatura e solos férteis. Resultado: nosso vinho é ruim, exceto para espumante, que é um vinho que necessita de uvas ruins para dar o resultado. Nosso espumante tem todas as qualidades do francês, à exceção de uma certa insipidez. Se algum dia produzirmos vinho excepcionais, será no sertão. Um exemplo disso é a uva Malbec produzida nos Andes argentinos. A água é escassa, o solo é ruim, a altitude é grande e variação de temperatura é enorme. A uva "pensa" que vai morrer, então ela aprofunda as suas raízes no solo e vai buscar nutrientes em condições exíguas. Como ela precisa sobreviver, e sabe que o nutriente irá faltar em algum momento, ela retém estes nutrientes duramente conquistados no bulbo e torna um uva repleta de sabores e sensações, em alguns casos tão diversos que nem parecem ser da mesma plantação. É por este motivo que, quando um degustador treinado experimenta um vinho excepcional, procedente de um terroir como este, ele imediatamente identifica uma variedade de cheiros, sabores e sensações gustativas diversas e ricas. E, à medida que o vinho oxida na taça, isto é, começa a morrer, esta variedade e amplitude aumentam ainda mais, tornando a experiência daquela garrafa às vezes inesquecível. Os franceses, corretamente, dizem que bebemos sempre uma garrafa, jamais um vinho, mesmo que seja da mesma safra, do mesmo produtor, do mesmo lote. E, depois que a uva enfrentou um terroir adverso, um bom vinho precisa amadurecer, por maior ou menor tempo, dependendo da cepa e do terroir, para atingir seu momento ótimo. Há vinhos de demoram décadas, dez ou mais, para chegar a este momento.Outro são mais rápidos. Com a tecnologia moderna, é possível corrigir alguns dos defeitos do terroir, padronizando o vinho, tornando-os todos semelhantes. É a razão de ser de alguns vinhos australianos (Yellow Tail) e italianos (Santa Cristina). Porém, um bebedor de vinho experiente irá identificar, no momento em que abrir a garrafa, que se trata de um legítimo fake e não de um vinho que é único porque tem uma história para contar.
Posted on: Wed, 07 Aug 2013 16:42:34 +0000

Trending Topics



Recently Viewed Topics




© 2015