O regresso: a volta dos que não foram ou ida de quem já partiu? No dia que tu chegares e gritares meu nome como de costume, e não ouvires resposta, nenhum ruído de porta, nem do ventilador o ronco; quando na nossa casa entrares e nela somente achares o abajur colorido aceso, talvez te assuste esse silêncio, talvez disso tenhas medo. Talvez tenha sido simples engano, erraste somente meu nome, a distância tem seu preço, ou tenha havido simples mudança para um novo endereço. Talvez te assuste essa dúvida, talvez disso tenhas medo. Quando em tudo procurares e a todos perguntares sobre o meu paradeiro. Quando desceres a rua seguindo estrada a fora perguntando a qualquer um se me viu, se fui embora, e de nenhum houver resposta. Talvez desistas da procura, Talvez a procura seja vã. Talvez já não haja mais casa, Talvez não haja mais nada, Além de nossas memórias. Sabe aquela padaria Aquela da esquina Perto de uma escola Ou seria uma oficina? Sabe? Sabe?! ............................................................................... Então, tente lembrar daquele mercado onde costumávamos comprar sabão, café, rodo, pano, ovos, doces, queijo, e outras especiarias. E se ainda assim todo esforço for em vão. Então lembras ao menos meu nome. Assim, quando bateres minha porta só precisarás dizer: amor, voltei! E eu gritando do quarto, direi: vida, voltaste! Quanta ternura, quanta saudade! Vem, entra, não limpa os pés, deixa as areias dos teus sapatos, não desfaz nada em ti, não enxugues esse suor. Deixa-me banhar-te com as lágrimas de meus mares de água doce salgada de ilusão, Vem, fecha a porta e entra na nossa casa, vem tomar café com pão. Saulo dos Anjos.
Posted on: Sun, 24 Nov 2013 00:07:22 +0000
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