O texto é um pouco longo e de propósito, pois assim só quem se dispuser a ler e a refletir cada linha poderá opinar a respeito. Ouso dar um conselho. Lutar pela defesa dos animais é algo muito bom e necessário, algo digno. Eu gosto muito de animais. Mas, antes, é preciso separar as coisas: maus-tratos, crimes, caçadas ilegais, de um lado, e touradas, "encierros" (Pamplona), rodeios, caçadas legais, etc., de outro. Você pode até não gostar das coisas do segundo bloco, mas não pode, em boa-fé, colocar no mesmo rol das coisas do primeiro bloco. O primeiro bloco é vil e criminoso; o segundo Bloco é idôneo, legal e pode, no máximo, ter o gosto contestado. Eu sei que alguém muito apaixonado por animais vê tudo com os mesmos olhos, mas NÃO são coisas afins. No primeiro bloco há o mal; no segundo, há elementos culturais, esportivos, econômicos, uma gama sortida de interesses absolutamente lícitos e legítimos. Claro, é perfeitamente possível criticar isso tudo e até lutar pelo fim de cada uma dessas coisas (embora existam causas melhores e mais necessárias a serem abraçadas), mas não se pode colocar tudo no mesmo balaio. Outra coisa, se alguém tem fé não pode dizer, por exemplo, que numa tourada torce para o touro, contra o toureiro. Isso é algo que um ateu pode falar, não um judeu, cristão, muçulmano. Falo isso e com convicção porque o toureiro é um homem, portanto, imagem e semelhança de Deus, tem mulher e filhos, amigos, e costuma ser um bom-sujeito, apesar de fazer algo que muita gente não gosta. Dentro do contexto judaico-cristão, o homem está acima até dos anjos na escala de amor de Deus, razão pela qual é teologicamente errado, senão pecaminoso, colocar o animal acima do homem. O touro é lindo, mas é apenas um animal. Insisto e espero ser compreendido: colocar o animal na frente do homem é um grave erro e inversão de valores. Vejam os amigos que não falo de assassinos, latrocidas, criminosos hediondos que se depreciam de tal forma que se colocam, em dignidade, abaixo dos animais. Também não falo dos sujeitos malvados que maltratam odiosamente animais indefesos. Falo daqueles que praticam atividades lícitas, moralmente defensáveis e inseridas em contextos culturais. O fato de alguém não gostar disso tudo ou não entender os arquétipos de uma dada atividade, não lhe dá o direito de satanizar quem as aprecia ou as pratica. Acaso 70% da população espanhola é ruim porque aprecia touradas? Por acaso os japoneses são maus porque caçam (pescam) baleias? Cerca de 80% da população do interior do Brasil não presta porque gosta alucinadamente de rodeios? Volto a insistir, é perfeitamente lícito se opor a isso tudo, mas não ofender as pessoas que gostam ou tratá-las como criminosos ou inimigos em guerra. Se a pessoa ostentar alguma bandeira de fé, a situação é ainda pior, pois touro algum abatido na arena justifica um ódio difuso, inexplicável, por alguém que não se conhece e que estampa o selo do binômio imagem e semelhança de Deus. O gênio criador de Deus habita a natureza, mas sua imagem e sua semelhança, esta mesmo que deformada pelo pecado, habitam somente o homem, a pérola de toda a criação. A menos que a pessoa seja paganista e idólatra, a religiosidade não combina pelo desprezo ao homem (sobretudo imotivado ou motivado por uma causa não exatamente tida como justa e absoluta). Por fim, acredito que só pode brigar por tudo isso, com as devidas e justas ressalvas, quem não ingere nenhum tipo de carne, pois do contrário será algo próximo a hipocrisia inconsciente. Esclareço: gosto dos animais e repudio maus-tratos, ataques indevidos, cupidez, etc., mas não deixarei de comer carnes e nem de gostar de touradas e “encierros”. Não gosto, mas respeito os rodeios, até porque geram muitos empregos e giram riquezas. Igualmente, não me oponho às caçadas controladas e supervisionadas e não participarei de programa alguma sobre salve as baleias, até porque hoje sua caça é mais do que controlada e esquadrinhada por lei.
Posted on: Mon, 08 Jul 2013 19:28:29 +0000
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