OS NOVOS CRITÉRIOS DO ENSINO DIGITAL Alguns anos atrás, - TopicsExpress



          

OS NOVOS CRITÉRIOS DO ENSINO DIGITAL Alguns anos atrás, quando os especialistas começaram a estudar o impacto dos meios digitais na educação, a expectativa era a de que a sala de aula do futuro lembraria muito um filme de ficção científica. Telas de alta resolução substituiriam o quadro negro, e no lugar dos cadernos os alunos usariam computadores portáteis. Alguns previam que os alunos digitariam diretamente na superfície de suas carteiras escolares, que contariam com teclados projetados e sensíveis ao toque. Parte desses dispositivos passou a ocupar espaço nas escolas, como as lousas digitais, mas a opinião de educadores e fornecedores de tecnologia especializada, hoje, é muito diferente. Em vez de pacotes fechados para automatizar a sala de aula, eles recomendam a criação de sistemas sob medida para atender às necessidades pedagógicas de cada escola. A posição é que a parafernália tecnológica pode ser útil, mas não tem vida autônoma. É o velho e bom conteúdo que define a tecnologia, e não o contrário. A tecnologia não vai melhorar a qualidade do ensino; ela ajuda na melhoria de processos. Qualidade é outra coisa, diz Ricardo Santos, gerente regional da área de educação da Cisco, fabricante americana de equipamentos de rede, para o Brasil e a América Latina. Santos compara o aparato tecnológico recente com a evolução da caneta. Os modelos tinteiro perderam espaço no dia a dia porque exigiam cuidados especiais. Foram substituídos pelas esferográficas, muito mais fáceis de usar. Mas isso não significa que as pessoas passaram a aprender mais com essa transição, compara o executivo. Com a explosão de vendas dos dispositivos móveis - como tablets e smartphones - a sala de aula também passou a compartilhar o papel de centro de aprendizado por excelência com outros locais, como a própria casa do usuário. Hoje, professores de idiomas, entre outras disciplinas, marcam aulas com seus alunos em espaços abertos como parques e cafeterias, onde podem ensinar com base em ações do cotidiano, sem perder de vista os recursos didáticos, acessíveis por meio de equipamentos móveis. O educador tem de usar tudo como espaço de desenvolvimento, afirma Santos, da Cisco. Grupos de ensino de porte maior, ou destinados a uma fatia da população que pode pagar mais, têm investido para criar divisões internas de educação digital que se assemelham aos departamentos de tecnologia das empresas. A atribuição desses grupos não é só comprar tecnologia, mas adaptar os recursos disponíveis à proposta pedagógica da escola. Em tese, se poderia criar um fosso digital entre os grupos que podem investir em tecnologia e os que não têm recursos suficientes para isso. Esse potencial descompasso, no entanto, está sendo alvo de várias iniciativas. Como ocorreu no ambiente empresarial, onde surgiram iniciativas de software livre - que pode ser copiado e usado sem pagamento de royalties - existem ações de desenvolvimento de conteúdo educacional digital, cujo uso também é gratuito. São os chamados recursos educacionais abertos, diz Gabriela Dias, especialista na área de educação. Em inglês, eles são conhecidos como Open Educational Resources ou OER. Uma das iniciativas de OER mais importantes vem do Massachusetts Institute of Technology (MIT), uma das mais respeitadas instituições de ensino superior dos Estados Unidos. Chamado de OpenCourseWare, o sistema foi anunciado em 2002 e oferece mais de 2 mil cursos gratuitos. A área educacional tem atraído as próprias companhias de tecnologia. A Apple oferece o iTunes U, uma espécie de universidade digital, que pode ser acessada por meio um aplicativo. Uma vez conectado, o usuário tem acesso a cursos com apostilas, questionários, vídeos, música etc. Outra iniciativa é da Samsung, que criou o Learning Hub. Em ambas, há conteúdo gratuito e pago. Para muitas empresas de tecnologia, a educação representa uma frente de negócios pouco explorada, que ganha força à medida que mais escolas - incluindo as redes públicas - passam a equipar seus alunos com dispositivos móveis. Mas os recursos de tecnologia e a preparação dos alunos não são os únicos requisitos para a educação avançar na era digital. É preciso também preocupar-se com a formação dos professores, afirma Gabriela Dias. No Brasil, algumas universidades têm trabalhado fortemente para entender o fenômeno digital e convertê-lo em ferramentas de ensino, mas esse conhecimento ainda está muito preso ao mundo acadêmico, sem a interação necessária com as escolas, diz a especialista. Uma das maneiras de disseminar o conhecimento, no entanto, é usar a própria tecnologia. A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo conseguiu atender 5,3 mil escolas e 230 mil professores por meio de um sistema de treinamento a distância, um número que seria impossível de atingir pelo meio tradicional no mesmo espaço de tempo, afirma Santos, da Cisco. Fonte: Valor
Posted on: Tue, 19 Nov 2013 20:11:59 +0000

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