Obras da copa, Estádio Beira Rio No ano de 1956 o Sport Club - TopicsExpress



          

Obras da copa, Estádio Beira Rio No ano de 1956 o Sport Club Internacional recebeu da prefeitura de Porto Alegre um terreno para a construção do seu novo estádio. O terreno estava localizado dentro do lago Guaíba. O governo municipal tinha interesse em expandir o território da cidade, para o desenvolvimento desta e nas margens do lago focavam-se esse desenvolvimento. Para erguer um estádio, literalmente, dentro da água, foi necessário alterar drasticamente a paisagem. Um aterro, avançando adentro do Guaíba foi formado. As modificações na paisagem foram claras e a re-significação deste espaço foi inevitável. Inicialmente o lugar era uma espécie de balneário, no qual as pessoas passeavam com suas família, com a finalidade de obter lazer. Depois da construção do aterro percebemos uma época de transição, na qual o estádio é o objeto central do local e através dele o local se transforma num complexo esportivo, porém as famílias ainda frequentam as margens do lago.Por fim, enxergamos uma variedade de funções se estendendo em torno do estádio e também o crescimento do aterro. Onde antes era água, atualmente temos um parque de diversão, uma grande avenida e uma praça pública, além de variadas instalações ligadas ao estádio. Assim as margens do lago, foram se distanciando do estádio, devido a construções do ser humano. A análise mostra a densa alteração da paisagem, a re-significação do espaço em diverso intervalo de tempo, a relação do ser humano com o espaço, como ser ativo na criação de suas paisagens. A sensibilidade da observação pode ter sido afetada pela familiaridade que todos temos com o local, pois é parte integrante fixa do imaginário da cidade. O estranhamento em ver as fotos de um passado nem tão distante, é grande, contudo nos permite uma ampliação de horizontes para avaliar a relação da sociedade com o seu meio. A exemplo da copa na Argentina em 1978 e do período de ditadura militar no Brasil, a copa do mundo de 2014 e suas obras também atingirá os estádios brasileiros e com grandes quantias de dinheiro público, inclusive se construirão estádios a clubes particulares, como é o caso do Corinthians, clube de São Paulo, que receberá uma arena, com grandes " investimentos financeiros " do governo federal. Quando do anúncio do megaevento a ser realizado no país, foi uma grande corrida dos clubes e cidades, para se adequarem as normas da FIFA, Federação Internacional de Futebol, alguns grandes clubes, como o São Paulo, se ausentaram dessa corrida, pois concluíram que, para um país como o Brasil, com grandes campeonatos, que realizam grandes jogos em vários períodos do ano, inclusive em competições internacionais com aval da própria FIFA, como a libertadores da América, havia exigências demais, que não cabiam nos orçamentos do futebol. O Sport Club Internacional lançou na mídia ainda em 2006 um projeto de reforma do seu estádio, em 2007 com a confirmação do mundial no país esse projeto começou a andar, ganhar vida nos meios burocráticos. Concomitante a isso temos mais algumas questões, a reforma do Beira Rio dependia da venda do terreno no qual se localizava o antigo estádio, o Eucaliptos, a venda era essencial para garantir recursos para a reforma. Também nessa época um outro clube de futebol de Porto Alegre encaminhava a construção de um novo estádio na zona norte e esse processo dependia também, da venda do estádio atual, o Olímpico, no bairro Azenha. Essas questões são importantes salientar, pois por volta de 2008 acontecia na cidade importantes debates sobre o que a iniciativa privada iria construir nos terrenos que negociará com os dois clubes. Em 2008 os vereadores Paulo Muzell e Ilza do Canto, da bancada do PT na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, produziram uma análise referentes a alguns projetos enviados pela prefeitura, dia 3 de novembro, o assunto eram definição de regimes urbanísticos para as áreas do antigo Estádio Eucaliptos, do Internacional (Estádio, Parque Gigante, Parque Marinha, Estacionamento e entornos) e do Estádio Olímplico, no bairro Azenha e futura Arena do Grêmio, no bairro Humaitá. A análise, mostra enormes impactos ambientais e de vizinhança. Segue um resumo do documento: “Em todos os projetos há mudanças no regime urbanístico ampliando a densificação, os índices de aproveitamento, a altura, diversificando o zoneamento de uso e autorizando a transferência de potencial construtivo entre subunidades. Na área do Estádio Eucaliptos o uso proposto é residencial mas o aumento de índice proposto (até 3, com taxa de ocupação máxima) trará significativo aumento na volumetria da área construída (mais de 60 mil m² exceto áreas não computáveis) e na densidade populacional. Perguntamos: que conseqüências e impactos terão sobre a vizinhança? Nas áreas do Beira Rio está sendo proposto um zoneamento de uso com atividade Mista 3, extremamente permissiva, absolutamente incompatível com sua localização, permitindo-se até indústrias de 1400m². Na beira do Guaíba, no espaço do Parque Gigante, área especial de interesse cultural, o projeto amplia o zoneamento de uso para atividade Mista 3, permitindo construções de até 3 andares com taxa de ocupação de 66,6%, muito alta para a região. Junto ao estádio Beira Rio, pouco mais de 100 metros do Guaíba, permite-se construções de até 14 pavimentos. E na área do atual posto de gasolina, permite-se construir até 17 pavimentos (52 m), altura máxima permitida pelo Plano Diretor, também com taxa de ocupação máxima. No projeto do Grêmio as duas áreas passam a ter densidades, alturas e volumetrias exageradas, inclusive acima do estabelecido pelo Plano Diretor. Na Azenha, nos 8,3 ha do estádio Olímpico permite-se alturas absurdas de até 72m (24 pavimentos), zoneamento com atividade Mista 3, extremamente permissivo, índices de aproveitamento máximo, idem à taxa de ocupação.Teremos vários espigões e grande adensamento na área. Vale repetir a mesma indagação anterior sobre a averiguação dos impactos ambientais e de vizinhança. Também no bairro Humaitá, futura Arena do Grêmio, permite-se alturas de até 70m (23 pavimentos), zoneamento de uso com atividade Mista 3, taxa de ocupação e índice de aproveitamento máximos, praticamente a repetição do regime urbanístico proposto para a área do Olímpico.Todos os empreendimentos, do Inter e do Grêmio, terão enormes impactos ambientais e de vizinhança e os projetos privilegiam o capital especulativo, ampliando o uso das áreas e possibilitando as negociações de índices entre as unidades dos empreendimentos”. Acima temos o exemplo de um raro e real debate, que tivemos sobre as obras com alguma preocupação com as questões sociais e ambientais da cidade, com muita facilidade nesse mesmo ano, todos os clubes tiveram sues projetos votados favoravelmente para que se tivesse as obras, da maneira como o capital financeiro achasse mais conveniente. Em 2011 o SCI, Sport Club Internacional, decidiu começar as obras no estádio, detalhe importante é que nenhuma empreiteira estava envolvida na obra, esse fator causou uma estranha polêmica, já que o estádio foi interditado pelo ministério público e as obras paradas no mesmo ano. Em 2012 as obras foram retomadas, com uma grande empreiteira a frente dos negócios. Abaixo, um trecho de uma reportagem do Sul21, na época. No caso da assinatura com a Andrade Gutierrez, a obra parou em junho de 2011. O contrato só foi firmado em março de 2012, após a empreiteira ser pressionada pela presidenta Dilma Rousseff, quando quem deveria ter posto a construtora “contra a parede” era o Inter. Todas as obras de estádios estão gerando ótimos negócios as empreiteiras, coincidentemente, as mesmas que são grandes doadoras de campanhas eleitorais, cabe até uma análise mais elaborada das negociatas que aconteceram durante esses processos da copa e governo, em um momento mais oportuno. Mas em uma rápida análise temos o dado de que o contrato da AG, Andrade Gutierrez, permitirá a construtora explorar por 20 anos áreas comerciais do clube SCI,como camarotes, cadeiras vips (5 mil lugares), um edifício-garagem, espaços comerciais, publicidade interna e direitos de nome etc. As construtoras tem o auxílio forte do BNDES, Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social, que financia até 75% das obras nos estádios, uma das causas principais apontadas para que o clube tivesse que assinar com uma empreiteira, foi uma pressão da FIFA que queria garantias financeiras do clube, em fim, garantias de que os clubes possam ou não saber administras o próprio patrimônio. As obras da copa tangem diversos problemas na cidade, desde a falta de dialogo e total falta de transparência nos assuntos que trarão enormes mudanças na cidade, como a construção de enormes arranhas céus, remoções de moradores e etc., parece que a cidade da orçamento participativo, de tanta participação popular, esqueceu o seu passado, marcada desde a repressão policial, como no episódio do Tatu, o mascote da copa, ao descaso com as famílias que terão que ser removidas de suas casas, a copa do mundo vem sendo um processo a serviço do lucro das grandes empreiteiras, projetos que deveriam, ao menos na primeira vista, trazer algum benefício para a cidade, como o metrô, já estão fora da lista dos " bens " que ficarão para a cidade quando a copa se for. Nas remoções, como no caso dos moradores da avenida tronco, se cria a necessidade da organização das pessoas, pelo movimento chave por chave, para que as pessoas possam ter a garantia de que sairão de suas casas e receberão novas casas para morar, sem tramitações como aluguel social, que não garante nada, para quem está saindo contra a vontade de dentro de sua casa em nome de um desenvolvimento que deixa muitas duvidas, sobre a quem beneficia. Os gastos com a Copa do Mundo no Brasil podem chegar aos 100 bilhões de reais . Dentro do projeto de obras para a Copa está prevista a remoção de 250 mil pessoas das suas casas (entre removidos e ameaçados de remoção). Os moradores não conhecem os projetos das obras. Não há diálogo, negociação e participação popular na elaboração destes projetos para a Copa do Mundo. Na hora de sair das suas casas os moradores ficam despreparados, sem tempo para realizar sua mudança de modo organizado. Os moradores também se queixam da ausência da cópia do contrato que assegura a posse de suas novas habitações. Para as pessoas que já deixaram as suas casas os problemas não se resolveram com a entrega de uma nova moradia: são removidas para lugares de difícil mobilidade, sem fácil acesso a transportes, sem escolas, sem postos de saúde, entre outros serviços essenciais. Para os atuais moradores das áreas previstas paras o projetos de obras para a Copa, o problema reside na incerteza: se vão ser realocados ou se vão receber algum tipo de indenização financeira. Até que o diálogo e a negociação sejam assegurados os despejos planejados devem parar. AS comunidades que habitam as áreas de interesse estão desafiando este projeto. Na rua ou dentro das suas próprias casas, tentam resistir e parar os projetos de obras, mas a violência policial tem sido a marca das remoções no Brasil. A Anistia Internacional reconheceu que a situação enfrentada pelos brasileiros removidos ou ameaçados de remoção pelo projeto de obras da Copa do Mundo é uma violação do direito humano à moradia. Voltando ao estádio Beira Rio, as obras entorno do complexo, avançam sobre as famílias que moram na ocupação 20 de novembro, as famílias do Movimento Nacional de Luta pela Moradia residem na área pública desde março de 2007, quando foram despejadas do prédio que ocupavam no centro da cidade. Nestes 4 anos as famílias restauraram o imóvel público que estava abandonado pela prefeitura e constituíram a Cooperativa 20 de Novembro, que gera renda para as famílias através do trabalho solidário. As famílias não tem nenhuma garantia de reassentamento. Ignorando a presença humana nos locais nos quais acontecem as obras, como se fossem espaços vazios, o governos crava as bases de um grande evento para grandes bolsos, de uma FIFA que lucra milhões e que chora por trabalho voluntário durante a copa, enquanto os trabalhadores que construíram esse evento ficam de fora dos jogos, desse que é um esporte extremamente popular no Brasil. O governo, as empreiteiras e a FIFA com os preços altíssimos dos ingressos não só selecionam o seu público alvo, como também garantem o lucro da copa, enchendo seus bolsos a custa do trabalho da população e também as custas do sentimento que a população desse país tem pelo esporte. Não medem esforços na exploração da população urbana, ignorando tudo o que já sofrem os trabalhadores no dia a dia, com os péssimos serviços públicos prestados, como o transporte coletivo. Não garantem nem que as remoções sejam de maneira organizada, ainda tentam tirar vantagem dessas pessoas e assim fica marcada, a exemplo de outros megaeventos que já aconteceram em países em desenvolvimento, a super faturação das obras, corrupção, descaso com a população e uma copa muito vantajosa para aqueles que costuma lucrar com o trabalho das classes menos favorecidas.
Posted on: Wed, 14 Aug 2013 06:07:11 +0000

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