Odeio boxe! Não tenho o menor interesse por esta prática que, - TopicsExpress



          

Odeio boxe! Não tenho o menor interesse por esta prática que, para mim, sequer é esportiva. Bem como odeio MMA, UFC e afins. Já estou cansado de ver gente se socando até o sangue por causa de dinheiro. Dentro ou fora dos ringues. Artes marciais eu até gosto bastante, mas como se coloca na narrativa de Menina de Ouro, logo no seu debute, O boxe é antinatural!. Nem é de causar espécie que uma prática tão vilipendiada por mim na vida real possa encher meus olhos de fascínio no cinema. Ficção é um terreno permeado por pulsões e gozar sob a adrenalina dos tiros de um faroeste não me torna necessariamente um simpatizante da violência perpetrada na conquista do Oeste estadunidense. Menina de Ouro, em outra vertente, por mais fácil que possa parecer, não é um filme simples. Outros que também carregam como mote o universo do boxe e que igualmente me conquistaram, usaram de outros artifícios. Seja Da Niro em Touro Indomável, o bonitinho O Poder de Um Jovem e a eterna saga de Rocky Balboa da qual nada posso falar por não ter assistido um episódio sequer, entrementes Stallone sempre tenha me parecido muito simpático no papel que ele próprio criou. Lembro-me que na minha infância havia também Franco Zefirelli fazendo muito guri e marmanjo esconder os olhos marejantes em O Campeão, brega até o último fio de cabelo em seu sentimentalismo, aliás, muito comum em supercílios rompidos, suor se mesclando às lágrimas, e carnes amassadas para o delírio da multidão. Menina de Ouro, aparentemente mais uma fábula do sonho americano, possui uma densidade diferente da matéria comum, colecionando um bando de fracassados e infelizes sob a mesma luz bruxuleante de trás para frente, para um lado e para o outro, giros infinitos como insetos hipnotizados em torno de um saco-de-pancadas, seja de areia, seja humano. O boxe é antinatural! E seus contornos em Menina de Ouro se sobrepõem aos esquemáticos mecanismos de triunfo, dor e vitória para lançar uma questão mais profunda: até quando é natural a própria vida? Menina de Ouro é uma obra sobre escolhas. Ponto final cravado bem fundo na espinha. E desta vez não há a possibilidade de exclamar aliviado: salvo pelo gongo! A lona nos espera a todos. Não há juiz neste ringue. Akira Riber Junoro
Posted on: Tue, 26 Nov 2013 18:22:12 +0000

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