Olheiras, olhos cansados, peso nos ombros. A boca esboça um bocejo, mas a pilha de livros logo ali ao fundo, lembra-lhe que ainda existe uma madrugada longa pela frente. Resolve ligar a televisão e, bem baixinho, ouve a música do HOUSE. Assim como ele, às três da manhã, tudo que você quer é solucionar um caso clínico, pra estampar na face que você é um Doutor de diagnósticos fantásticos. Pensando bem? Não! Ninguém quer ser tão patético por mais fantástico que seja. um longo caminho entre o Acadêmico e o Médico que não estava escrito no manual do calouro. Existe uma linha tênue entre a paixão, entre o teste vocacional e dia a dia da faculdade, dias sem noites, dias sem “sonos REMs”, digam-se de passagem. Já não tenho mais aquele sorriso amarelo no rosto para aquelas perguntinhas "e aí ta gostando do curso?" ou "qual especialidade você quer?". Ninguém é movido por paixão o tempo todo, quem sabe, talvez, por um copo de café canecas de cerveja? Medicina não é só amor, mas há de se entender o modo de se amar essa profissão, ou essa vida acadêmica. Privado de pensamentos, de raciocínio e de sentimentos, somos meros repetidores de verdades, fazedores de casos clínicos (que já foram feitos!), ouvintes de congressos (que não entendemos!), viajantes nesse caminho longo e árduo entre a casa do estudante, kitinete, apê e a universidade.
Posted on: Tue, 01 Oct 2013 07:30:28 +0000
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