Ontem, encontraram-se no palco Nuno Ramos, Zé Celso e MV - TopicsExpress



          

Ontem, encontraram-se no palco Nuno Ramos, Zé Celso e MV Bill. Algo me dizia que essa seria uma junção explosiva. Por mim, ambientaria a cena com extintores de incêndios e galões de gasolina. E estava certo. Bastou a primeira fala de cada, e assistir o quanto um encontrava no outro algo que não percebera estar procurando, era realmente lindo de se ver e ouvir. Zé sempre consegue o impossível. Transita entre a paixão pela vida e ânsia por mais viver como poucas pessoas que conheço. Conta sobre descoberta da palavra Oswaldiana em Rei da Vela, e o quanto tem-lhe sido transformadora, desde então. Para ele, a palavra é o corpo em dança, então é claro que ele se levanta e termina generosamente o nosso encontro fugindo da cadeira sobre o palco e dialogando aos centímetros dos ouvintes. MV Bill relata o quanto sua escola interrompida pela vida própria das favelas e suas urgências, foi resolvida pelos livros que lhe forneceram o conhecimento da palavra que, tornada instrumento, fez-se sua própria realidade, contra a crueza da Cidade de Deus, contra sua timidez massacrante frente aos outros. Foi aprendendo a dizer que conquistou seu caminho. E recitou uma de suas composições recentes. Feita agora, após o lançamento de Monstrão, seu novo cd. E nos calou, enquanto parecia ter resolvido a fala que tem nos engasgado nos últimos anos e que não sai. Mas sai, sim, pela voz desse artista absolutamente humano, sai como se fosse de todos nós. Nuno é algo mais impossível de ser descrito. Porque a potência de seus argumentos e clareza em compreender o presente tonam suas palavras explosões. Escancararam a necessidade por mais arte, por um artista que queira mais arte. Não estamos mais no mesmo tempo do público, diz, pensando a criação artística. Se ontem havia o não à arte como caminho, hoje todos a fazemos e tudo perde interesse, pois os tempos são outros e precisamos descobrir por onde transitar, quais serem nosso novos nãos. A palavra de Nuno, como bem sintetizou Manuel Costa Pinto, buscou-se matéria. E Nuno fez dessa matéria a transcriação mais sublime do pensar. Ao final, não apenas eu havia encontrado algo ali, mas também eles. Não foram meramente 3 palestras, mas reais encontros entre esses grandes artistas. No camarim, após a saída do público, tudo tinha dimensões maiores do que as previstas, mas não do que as sonhadas. Sonhos de futuros comuns, proximidades e desdobramentos. Quem sabe. O SESC abriu o palco a esses três gênios do nosso tempo. Agora é torcer para que o futuro e a realidade permita-lhes voar tão alto quanto os sonhos revelados durante o brinde das taças de vinho. Que venham mais. Algo ontem aconteceu. E talvez renasça em nossos convidados na forma de novos nascimentos. É seguir acreditando. Obrigado SESC por possibilitar o improvável, provando não existir mesmo o impossível. hj tem mais.... vamos em frente.
Posted on: Wed, 13 Nov 2013 15:50:12 +0000

Trending Topics



Recently Viewed Topics




© 2015