Opinião Turismo de saúde: expectativas realistas A - TopicsExpress



          

Opinião Turismo de saúde: expectativas realistas A internacionalização do sector da saúde é uma ambição legítima para um país que necessita de encontrar áreas de geração de riqueza Paulo Moreira Na minha condição de palestrante no próximo congresso mundial dedicado a este tema a decorrer nos EUA, e havendo em Portugal algum frenesim na matéria, deixo aqui alguns tópicos de reflexão. Não faço declarações políticas demagógicas nem escrevo para gerir falsas expectativas ou vender banha da cobra. A internacionalização do sector da saúde é uma ambição legítima para um país que necessita de encontrar áreas de geração de riqueza. Não é um sector em que Portugal seja, porém, muito competitivo. Dispomos de estruturas tecnológicas razoáveis, mas enfrentamos o risco de rápida desactualização como efeito dos cortes orçamentais aplicados às organizações de saúde do sector público e das dificuldades de financiamento das organizações de saúde privadas. Estranhamente, o sector social parece ausente do debate. Tenho denunciado a incompetência da actual equipa ministerial da Saúde (e sofrido discretas represálias). Neste âmbito da internacionalização, em que estou envolvido faz vários anos, as acções do actual ministro terão um profundo impacto negativo. Não havendo, actualmente, qualquer pensamento estratégico para o SNS, este arrisca ser mais um processo que nos poderá passar ao lado se não actuarmos com diligência, independência e noção do interesse nacional. É importante que os leitores deste jornal tenham noção de que a nossa maior vantagem competitiva reside na qualidade dos nossos recursos humanos, entre profissionais de saúde qualificados acima da média internacional, incluindo a enfermagem, algumas áreas de especialização médica, técnicos e farmacêuticos. Apenas por desconhecimento se argumenta que o preço é um aspecto competitivo. Em muitos procedimentos clínicos há preços bem mais competitivos na Europa. Alguns dos nossos concorrentes directos, como a Espanha e a Turquia, já estabelecerem processos de gerar equilíbrios, de preços e margens interessantes, em parcerias nacionais e regionais muito bem estruturadas. No recente seminário organizado de forma solícita pela Câmara do Comércio Luso-Francesa sobre o tema, destaco, pela positiva, a visão pragmática de Paulo Maló, um admirável empreendedor, qual Mourinho da saúde, que, sendo um dos mais impressionantes projectos mundiais no sector, das entidades nacionais parece receber sobretudo processos de intrigas e malfeitorias. Pela negativa destaco a alienação de responsáveis hospitalares em relação a expectativas e necessidades dos cidadãos internacionais que procuram serviços de saúde noutros países. As acções individuais de internacionalização de alguns hospitais arriscam ser um mero processo de tacteamento cego dos mercados da saúde com custos elevados e escusados. Este mercado tem de ser abordado em parcerias nacionais/regionais e intersectoriais. Por outro lado, o mais recente debate na comissão parlamentar da Saúde, a que assisti pelo Canal Parlamento, chocou-me pela pobreza das questões levantadas ao ministro. Observei deputados distribuídos entre um grupo de coniventes que aparentam estar completamente alheados dos temas sérios da gestão em saúde e um grupo dos que leram naquela manhã, à pressa, o clipping de imprensa dos três dias anteriores e fizeram as mesmas perguntas que os media tinham publicado. Esta constatação destrói qualquer expectativa sobre algum contributo sério daquele órgão nacional para fomentar políticas de saúde em áreas estratégicas como aquela que hoje designamos turismo de saúde, que depende de novas competências e expectativas realistas. Membro do Research Center da Medical Tourism Association, USA ionline.pt/iopiniao/turismo-saude-expectativas-realistas/pag/-1 Jornal i 2013.11.06
Posted on: Wed, 06 Nov 2013 13:11:32 +0000

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